Novo artigo do Prof. Faccin
“Quando as ideias do passado não se encaixam mais à
realidade presente, não adianta tentar mudar a
realidade, é preciso mudar as ideias, porque a realidade
é imutável”.
Por exemplo: a esquerda brasileira ainda não conseguiu
perceber que as suas ideias do passado não se encaixam
mais à realidade atual do Brasil. Aliás, não se encaixam
mais à realidade do mundo atual. Então, ao invés de ela
mudar a sua ideologia, ela tenta mudar a realidade do
Brasil. O que não é possível, porque a realidade do
Brasil de hoje é outra e é imutável.
De nada adianta o Governo continuar tentando mostrar na
propaganda televisiva que vivemos num país deslumbrante,
porque a realidade é oposta: é angustiante. Então, como
a mensagem não bate com a realidade, ela é inócua. Não
produz os resultados que o Governo almeja. Dessa forma,
ou eles mudam a sua visão de Brasil e a sua ideologia,
ou vão morrer abraçados à sua retórica.
Com as empresas não é diferente. De nada adianta elas
continuarem tentando fazer da mesma maneira o que sempre
fizeram, porque essa maneira antiga de fazer as coisas
não se encaixa mais à realidade do Brasil de hoje. É
inócua. Não vai produzir os resultados esperados.
E, da mesma maneira que o Governo está quebrando por não
mudar suas ideias, muitas empresas também poderão
quebrar se não mudarem suas ideias.
É preciso aceitar o fato de que o Brasil da década
passada não existe mais. Aliás, o mundo da década
passada não existe mais. O que temos hoje pela frente é
uma nova realidade. Um cenário bastante diverso daquele
e muito mais complexo para ser administrado, porque além
da crise econômica que é gravíssima, ainda temos a crise
política que está longe de ser resolvida.
O cenário é tão complexo que até a visão que se tem do
Brasil no exterior é desalentadora. Em 22 de julho
passado o Financial Times, influente jornal britânico de
negócios, afirmou em um dos seus editoriais que “O
Brasil virou um filme de terror sem fim” e sob o título
“A incompetência, a arrogância e a corrupção esmagaram a
magia brasileira”, no dia 17 de agosto afirmou numa
análise feita sobre o Brasil que “Se Dilma sair, outro
medíocre a substituirá”.
Texto no site do jornal New York Times de 22 de agosto,
referindo-se ao Presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
escreve: "os escândalos envolvendo uma figura
proeminente atrás das outras estão levando o Brasil para
a mais aguda crise política desde o restabelecimento da
democracia".
Diante desse novo cenário, quem quiser sobreviver
precisará abandonar as ideias e teorias do passado e
adotar novos comportamentos, mais adequados à realidade
presente.
As empresas precisam mudar suas ideias para se
reencaixar na nova realidade dos CUSTOS.
A inflação atual já está tocando nos dois dígitos (10%)
e são raras as empresas (aquelas que fazem tudo
certinho...) que conseguem ter um lucro líquido de 10%
sobre as vendas. Então, é o momento de rever a política
de preços para não comprometer a própria sobrevivência,
pois a inflação não deverá ceder nos próximos anos e
poderá devorar quem não souber manejá-la. E, a maioria
dos gestores pode não saber, porque o fenômeno da
inflação é novo para a maioria deles que começou a
empreender nos últimos vinte anos.
A inflação não deverá ceder, porque por lei o salário
mínimo deverá seguir aumentando sempre acima da inflação
nos próximos anos e isso levará toda a massa salarial a
subir acima da inflação, o que autoalimentará o processo
inflacionário numa espiral crescente.
Mas, não são apenas os aumentos salariais acima da
inflação que estão impactando extraordinariamente o
custo das empresas. O aumento abusivo dos impostos; a
desvalorização do real, que só nos últimos 12 meses
foram de 54,5% (de R$ 2,25 para R$ 3,48), acabou gerando
um aumento impensável do custo das matérias primas,
componentes e insumos produtivos importados; o aumento
do custo da energia elétrica que nos últimos sete (7)
meses foi de absurdos 74,66% (Uma conta residencial de
218 kWh que custava em dez’14 R$ 86,99, em jul’15 está
custando R$ 151,94); etc.
E, como se isso não bastasse, o Ministro da Economia,
Joaquim Levy, entendeu que deveria controlar a inflação
aumentando a taxa de juros para desestimular a “demanda”
e com isso forçar as empresas a não aumentarem os seus
preços. Ou seja, mais custos financeiros.
A miopia dos burocratas sobre a transferência de custos
para as empresas.
Infelizmente os burocratas brasileiros não conseguem
entender que uma empresa qualquer, e em qualquer lugar
do mundo, nada mais é que um centro agregador de custos
aos preços com uma margem de lucro. Dessa forma, se ela
não repassar os custos para os preços, num primeiro
momento acaba não tendo lucro, num segundo momento passa
a ter prejuízo e num terceiro momento quebra.
E, se as empresas quebrarem, acaba-se com os empregos,
acaba-se com a economia e se destrói a sociedade.
Voltaremos à era primitiva onde o indivíduo coletava ou
produzia o seu próprio alimento, ou a era da economia de
subsistência como o apregoam o MST e outros ditos
“movimentos sociais”. E, é mais ou menos por esse
caminho que os nossos governantes estão nos fazendo
trilhar.
Diferentemente do que pensa o Min. Levy, as empresas não
estão conseguindo repassar os aumentos de custos para os
preços e por isso estão em rota de colisão.
Além de estarem devendo R$ 1,1 trilhão em impostos,
segundo cálculo do Sindicato Nacional dos Procuradores
da Fazenda Nacional (Sinprofaz), dados da SERASA mostram
que em março deste ano das 7 milhões de empresas que
atuavam no País, 3,8 milhões (54,3%) estavam
inadimplentes, ou seja, negativadas com dívidas em
atraso há mais de 90 dias.
E, como se isso ainda fosse pouco, se for aprovada pelo
Congresso a Medida Provisória nº 675 que eleva a CSLL
dos bancos e seguradoras de 15% para 20% isso irá gerar
para essas entidades um aumento de custos tributários da
ordem de R$ 6 bilhões ao ano.
Agora, quem V. Excelência acha que vai pagar essa conta?
Os bancos? Só rindo. Eles vão transferir mais esse
pesado fardo para a sociedade.
Não é por outro motivo, senão pelo fato de que os bancos
conseguem transferir todo o custo para os consumidores
que, enquanto a indústria recuou mais de 6% no primeiro
semestre e o comércio registrou a maior queda nas vendas
desde 2003, o lucro dos bancos bateu recordes. Somados,
os ganhos dos quatro maiores bancos cresceram mais de
40% no primeiro semestre, na comparação com os primeiros
seis meses de 2014.
E, para completar, os Estados, que estão falidos ou
quase por gastarem mais do que arrecadam, querem elevar
o ICMS e o IPVA.
Min. Levy, ou o Governo corta custos ou vai quebrar o
país, porque a sociedade não tem mais como sustentar
essa farra com o dinheiro público. Se V. Excelência
quiser combater a inflação, precisará encontrar um meio
de reduzir o custo das empresas e não gerar mais custos
para elas. Do contrário vai haver uma quebradeira
generalizada.
As empresas precisam mudar suas ideias para se
reencaixar na nova realidade da QUEDA NAS VENDAS.
Se a inflação que estamos vivenciando hoje fosse de
demanda, como supõem a burocracia Planaltina, as
empresas estariam “trabalhando a todo vapor”. Mas, a
realidade que estamos vivenciando é bem oposta: as
empresas estão demitindo como nunca e ninguém está
comprando, seja porque está desempregado, seja porque
não tem dinheiro, porque está com medo de gastar, porque
tem medo do futuro ou porque não tem crédito.
De janeiro a julho deste ano foram fechados MEIO MILHÃO
de postos de trabalho (158.000 só em julho). E, segundo
estimativa do SPC e da CNDL, 56,5 milhões de pessoas
estão com o nome negativado em algum cadastro de
inadimplentes. Isso é mais que a população da Espanha e
quase igual à da Itália.
Chegamos ao ponto de as empresas distribuidoras de
energia elétrica estarem aceitando receber a conta de
luz no cartão de crédito em até 6 vezes sem acréscimo e
sem juros.
Finalmente Min. Levy, se a inflação fosse de demanda o
Brasil não estaria vivenciando essa absurda e
desnecessária recessão que está vivendo.
As empresas precisam mudar suas ideias para se
reencaixar na nova realidade da EXPANSÃO DA
CONCORRÊNCIA.
Com as facilidades hoje em dia para o surgimento da
concorrência e sua natural expansão, todos os produtos e
serviços de qualquer segmento (carros, computadores,
transporte aéreo, transporte de valores, de documentos,
hotéis, alarmes monitorados, vigilância orgânica, etc.)
estão se transformando em autênticas ‘commodities’.
Depois de um tempo de seu surgimento, qualquer produto
ou serviço é copiado fartamente e passa a estar
disponível em vários fornecedores ou prestadores de
serviço com uma qualidade tão boa ou tão ruim, como
qualquer outra e sem diferenças “tangíveis”
significativas entre eles e entre os diversos
fornecedores.
É o estágio mercadológico que estamos vivenciando hoje.
E nesse cenário, é natural que haja uma queda nos
preços, mais ainda em períodos recessivos como o atual.
Afinal, se não há diferenças “tangíveis” significativas
entre os produtos e serviços, obviamente, os clientes
vão procurar o mais barato.
Por falta de uma estratégia de marketing e de argumentos
convincentes de vendas dos valores “intangíveis”, as
empresas tradicionais não conseguem se livrar dessa
armadilha e não veem alternativas a não ser baixar os
preços. A questão é que baixar os preços sem antes fazer
uma reestruturação inteligente de custos e da própria
teoria do negócio, é prejuízo na certa.
As empresas precisam mudar suas ideias para poder
ENCARAR A NOVA REALIDADE econômica e mercadológica.
Como sabemos que o Governo não irá fazer o que precisa
ser feito e como ele irá continuar transferindo o ônus
da sua irresponsabilidade aos agentes econômicos, o
gestor empresarial que ficar imaginando que setembro
será melhor que agosto, ou que o próximo ano será melhor
que este, estará fazendo apenas um exercício de ficção e
de puro devaneio, porque a realidade imutável é que
teremos anos difíceis pela frente.
As empresas precisam mudar suas ideias para poder
ENFRENTAR O CICLO DA MUDANÇA.
Diante desse quadro, as empresas terão de enfrentar o
grande desafio de mudar a teoria e as ideias que deram
origem ao seu negócio para poderem se reencaixar a
essa nova realidade.
É senso comum que o ciclo de qualquer tipo de mudança é
composto por três fases distintas:
1. Desconstrução;
2. Estofo; e
3. Reconstrução.
Dependendo de quão profunda será a desconstrução, essa
fase poderá produzir perda e dor. A fase do estofo pode
ser angustiante, pois é um período estagnado aonde as
coisas não saem do lugar, não vão nem para frente e nem
para trás. Mas a fase da reconstrução é reconfortante,
pois nela começa-se a enxergar uma luz bem visível no
fim do túnel.
Igual, o tempo que demandará até que a empresa volte a
se organizar de uma forma mais adequada ao momento
presente dependerá de quão complexa precisará ser a
desconstrução e de quão decidida será a determinação de
promover a mudança.
É preciso ter em mente que ninguém consegue promover uma
mudança complexa como a que precisa ser feita “ficando
em cima do muro”. Ou parte para a mudança ou não parte.
Mas, para partir é preciso ter muita dureza mental,
determinação e dedicação para levar adiante a mudança
até o fim.
Mais: é preciso considerar também que o grande risco de
não se completar o ciclo geralmente está na fase do
estofo, onde a angústia de ver as coisas não andarem nem
para frente e nem para trás, leva muitos gestores a
desistirem do processo de mudança para tentar retornar
às ideias antigas.
E, aí poderá ser o fim, porque se o que fora
desconstruído até a fase do estofo não estava dando
certo, tentar reconstrui-lo dará menos certo ainda,
porque a reconstrução do que fora desconstruído será
apenas um remendo mal feito. Ou seja, não será nem uma
coisa e nem outra. É fracasso na certa.
As empresas precisam mudar suas ideias para poder
ENFRENTAR AS DIFICULDADES PARA MUDAR IDEIAS
Todos nós sabemos que “mudar ideias” não é uma
tarefa fácil. Aliás, é dificílima. Por isso, em muitos
casos a solução mais viável é mudar os portadores das
ideias. E, isso também pode gerar muita dor.
O cientista Howard Gardner, o descobridor das múltiplas
inteligências, afirma que mudar ideias não é uma tarefa
fácil. E de fato não é, porque as teorias e as crenças
aprendidas no passado são difíceis de mudar. Os seres
humanos costumam se arraigar muito a elas.
As histórias antigas adquirem raízes profundas nas
mentes humanas e por isso são muito difíceis de serem
extraídas e substituídas por outras. Elas resistem
bravamente às novas histórias.
Mudar é complicado, mais ainda quando há
“comprometimento emocional” com as teorias e ideias
passadas. Também é muito difícil mudar as mentes que se
“comprometeram publicamente” com uma causa ou com a
crença que abraçaram.
Veja, mesmo depois de todos os escândalos que veem
envolvendo o PT, o governo Lula e o governo Dilma, as
pessoas com um forte laço emocional com essa legenda,
têm grande dificuldade de reconhecer o fato e de se
afastar dela.
É comum vermos nas empresas algumas mentes que se
envolveram emocionalmente com certas ideias e até as
defenderam publica e, em muitos casos, ferrenhamente.
Depois fica difícil mudar. Questões de orgulho e
consistência as fazem abraçar a teoria, por mais
desacreditada que ela esteja no presente.
Ainda, pessoas que têm personalidade forte, absolutista
ou autoritária são muito mais propensas a se agarrarem
às crenças anteriores.
Gardner compara a mente a um vasto campo de combate. Um
ambiente competitivo, onde várias “histórias
concorrentes” competem e brigam entre si pela
sobrevivência e pela oportunidade de estimular
comportamentos consequenciais.
É por isso que em alguns casos, para se mudar as ideias
antigas é preciso mudar-se alguns portadores dessas
ideias antigas. Aqueles mais resistentes às mudanças.
Pode ser doloroso, mas é o que precisa ser feito, se o
objetivo for salvar a empresa.
CONCLUSÃO
A realidade atual é complexa, difícil e será duradoura.
Disso, ninguém minimamente bem informado tem a menor
sombra de dúvida. Por isso, se as ideias ou teorias que
nortearam o surgimento e o desenvolvimento da sua
empresa no passado não estão mais se encaixando na
realidade atual (não estão mais gerando lucro), não
adianta ficar tentando fazer com que a realidade atual
se encaixe a elas. Não vai se encaixar e sua empresa
poderá quebrar. Desculpe a franqueza, mas como consultor
é uma espécie de “médico de empresa”, não tenho como me
omitir: a alternativa será substituir as ideias e
teorias passadas por outras que possam se encaixar a
realidade atual.
Se precisar de ajuda externa de uma consultoria
experiente e especializada para fazer isso, o que seria
recomendável devido à visão de fora para dentro,
puramente racional e sem envolvimento emocional com as
pessoas e com as ideias e teorias passadas, entre em
contato conosco. E, aqui cabe um alerta: assim como
muitos pacientes só procuram o médico quando a doença
não tem mais cura, muitos empresários também só procuram
ajuda externa quando a situação é irreversível.
Não deixe que isso aconteça com a sua empresa. Procure
agir rápido, antes que a situação financeira se
deteriore a um ponto de não retorno. O prejuízo
financeiro é algo como o câncer que precisa ser
extirpado o mais rápido possível antes que se alastre e
comprometa a vida.
Esteja certo de que poderemos ajudar sua empresa a
passar por esse processo o mais rapidamente possível e
de forma o menos dolorida possível.
OBS.
1. Para mais informações, descreva-as por este
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2. Para não receber mais as nossas News Letters, envie
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Prof. Faccin
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