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Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país.

 

A frase acima foi proferida em 20 de janeiro de 1961 por John Kennedy, no seu discurso de posse como 35º presidente dos Estados Unidos. Se ele estivesse vivo, no dia 27 de maio passado teria completado 100 anos de vida.

Essa sentença se tornou mundialmente famosa naquela época e fez com que não apenas os cidadãos americanos repensassem o seu papel de cidadão na vida do seu país, mas fez com que todos os cidadãos bem informados do mundo parassem para repensar sua participação na vida do seus países.

Eu não estou certo se Kennedy tinha a noção exata da magnitude desse conceito para o desenvolvimento de uma nação. Também, não estou certo se todas as pessoas que ficaram encantadas com essa máxima, inclusive eu, tinham essa mesma noção.

Mas, hoje, por ocasião do centésimo aniversário do nascimento de Kennedy, analisando em retrospectiva e vendo tudo o que está acontecendo no Brasil e em todas as demais nações cujos povos ficaram se perguntando o que os seus países poderiam fazer por eles, percebi a magnitude da sapiência desse conceito.

Sem exceção, todos os países cujos cidadãos ficaram se perguntando o que os seus países poderiam fazer por eles, estão na miséria, inclusive o Brasil.

Veja a diferença. Os Estados Unidos, onde é cada um por si e Deus por todos, têm a mesma idade do Brasil (surgiu depois que a América foi descoberta), mas enquanto os Estados Unidos estão produzindo neste ano um PIB de mais de 18 trilhões de dólares, o Brasil “talvez” consiga produzir 1,8 trilhão. E, isso é menos até que o PIB do Estado da Califórnia que deve girar em torno de 2,4 trilhões de dólares neste ano.

Os ideólogos constituintes que quiseram criar no Brasil um utópico estado de bem-estar social extrapolaram todos os limites do bom senso e da sanidade mental ao idealizarem uma lista absurda de “direitos” dos cidadãos.

Em recente artigo publicado na revista Veja, Mailson da Nóbrega comenta que o saudoso Roberto Campos mostrou que “se fala em direitos 76 vezes na Constituição Federal do Brasil”, enquanto a palavra “deveres” tem apenas 4 menções; a palavra “eficiência” tem 2 menções; e a palavra “produtividade” tem uma única menção.

Veja uma parte dessa insana listinha dos utópicos direitos “garantidos” pela Constituição aos cidadãos brasileiros:

Direito de existência digna para todos (artigo 170); direito de saúde para todos (artigo 196); direito de atendimento ao ensino fundamental, incluídos transporte e alimentação (artigo 208); direito ao transporte urbano gratuito para os idosos de mais de 65 anos (artigo 230); direito de um salário mínimo para cada portador de deficiência e idoso pobre (artigo 230); direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (artigo 225); direito de assistência social a quem dela necessite, independentemente de contribuição social (artigo 203); garantia à criança e ao adolescente do direito à vida, do direito à saúde, do direito à alimentação, do direito à educação, do direito ao lazer, do direito à profissionalização, do direito à cultura, do direito à dignidade, do direito ao respeito, do direito à liberdade, do direito à convivência familiar, do direito a convivência comunitária, além da garantia de pô-los a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (artigo 227); garantia de uma taxa de juros máxima de 12% ao ano para todos os cidadãos (artigo 192, § 3.º) – seria risível se não fosse trágico os cartões de crédito estarem cobrando até 450% ao ano no rotativo.

Os constituintes só se esqueceram de dizer de onde sairia a dinheirama para bancar essa farra toda.

Mas, a coisa não para por aí não. Ainda temos o direito dos índios, o direito dos trabalhadores, o direito dos quilombolas, o direito dos homossexuais, o direito da gestante, o direito dos presos, o direito dos filhos dos presos, o direito dos idosos, os direitos da população negra, os direitos humanos, os direitos fundamentais, os direitos dos sem-teto, os direitos dos sem-terra, os direitos dos animais, os direitos do meio ambiente, os direitos da mulher e tramita no Congresso o Projeto de Lei 4.211/12 que regulamenta o direito dos profissionais do sexo.

A continuar nessa toada, logo mais será apresentado no Congresso um Projeto de Lei para regulamentar o direito dos profissionais do furto, do roubo e da corrupção. Aliás, os ladrões já têm seus direitos garantidos, porque ninguém mais vai preso por furto ou roubo no Brasil. E, os corruptos também já estão tranquilos. Basta fazer a tal da delação premiada e não vão para a cadeia. Aliás, já pensou o quanto o governo não arrecadaria se os profissionais do sexo e os ladrões tivessem de pagar imposto se suas profissões fossem regulamentadas? Excelente negócio para o Governo...

A lista dos direitos do povo brasileiro não é apenas absurda, é insana, inconsequente e impraticável. É direito demais e dever e obrigação de menos. Afora a jurisprudência, ou seja, as “leis” criadas pelos tribunos, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem 922 artigos.

Nos Estados Unidos não existe legislação trabalhista. Nem as férias é regulamentada por lei. As empresas convencionaram dar 1 dia de férias por mês trabalhado, ou seja, 12 dias de férias por ano, mas note bem: “as férias NÃO SÃO REMUNERADAS”! O empregado tem o direito de “faltar 12 dias”, porém SEM RECEBER O SALÁRIO CORRESPONDENTE A ESSES 12 DIAS.

A licença maternidade é de 4 meses, porém NÃO REMUNERADAS!!! Ou seja, a mamãe fica em casa por sua conta sem receber salários. Não trabalhou, não recebe salário. Quer ter filho? Então que arque com os custos! A empresa não tem nada a ver com isso. Nem o Governo.

Para completar, os empregados americanos não têm 13º salário, não têm fundo de garantia, não têm aviso-prévio, não tem isonomia salarial (cada um ganha o quanto merece ganhar para exercer a mesma função), não têm nada. O empregado tem apenas o direito de receber o salário combinado e trabalhar adequadamente para justificar o seu salário, ou então: rua. Recebe os dias trabalhados do mês até ali e bye, bye...

Nos Estados Unidos NÃO EXISTE JUSTIÇA DO TRABALHO. Se o empregado quiser entrar com uma ação contra a empresa terá de recorrer à Justiça Comum, sendo que o ônus da prova é do empregado e não do empregador. Ou seja, se ele está acusando a empresa de que ela lhe deve algo, ele terá de provar. E se não provar terá de pagar todas as custas do processo, mais os honorários dos advogados de ambas as partes. Lá a coisa é séria.

No Brasil a Justiça do Trabalho com seus 50.000 funcionários públicos e custando aos contribuintes a bagatela de R$ 18 bilhões por ano tem se encarregado de drenar bilhões de reais anualmente da atividade produtiva para os reclamantes que com ou, na maioria dos casos, sem razão, sempre apostam nesse “cassino sui generis”, onde o “desamparado” empregado só corre o risco de ganhar e de nunca perder e, o que é mais estimulante: o empregado não precisa provar nada do que reclama e não sofre qualquer punição se mentir. Quem tem de provar que não deve é o patrão.

O problema é que mais de 98% das empresas brasileiras são de micros e pequenos empresários que não têm uma estrutura administrativa e conhecimentos jurídicos suficientes para enfrentarem os muitos abutres advogados trabalhistas que chegam a cobrar 50% e até 70% do valor das causas. Isso drena bilhões de reais anualmente da atividade produtiva. Um desperdício enorme de recursos que o Brasil não possui.

Os empregados brasileiros representam apenas 2% da força de trabalho mundial, mas as mais de 3,5 milhões de novas ações trabalhistas a cada ano representam mais de 80% das ações trabalhistas mundiais. É claro que está tudo errado. E está mesmo.

E, como se tudo isso não bastasse, estudos realizados pela OIT - Organização Internacional do Trabalho, pelo IBGE e pelo The Conference Board dos Estados Unidos mostra que a produtividade de um trabalhador americano é 5,36 vezes maior que a de um trabalhador brasileiro. E até mesmo a produtividade do trabalhador argentino é duas vezes maior que a do brasileiro.

Em outras palavras, um trabalhador brasileiro leva mais de 5 dias para produzir o mesmo que um trabalhador americano produz num dia. E, 2 dias para produzir o mesmo que um argentino produz num dia. A conta não fecha.

E, o pior de tudo é que o brasileiro acreditou nessa baboseira toda de que tem “direitos”, “direitos” e “mais direitos” e passou a exigir seus “pretensos direitos”. Mas, como não há dinheiro para bancar essa farra toda, os insanos políticos incutiram na cabeça do povo que a culpa é da “elite” e que, portanto, é preciso “redistribuir a riqueza”, ainda que seja à força. E, passaram a promover a luta de classes jogando os pobres contra os ricos.

Resultado: conforme matéria publica no jornal O Estado de São Paulo de 25/06/17, SÃO ARROMBADOS MAIS DE MEIO MILHÃO DE IMÓVEIS POR ANO em São Paulo, algo como um imóvel arrombado por minuto, todos os minutos dos 365 dias do ano. Furta-se e rouba-se de tudo. Até mesmo igrejas e instituições de caridade. Não há mais qualquer tipo de compaixão pelo próximo. Vale tudo por dinheiro.

Eu tenho ouvido falar com certa frequência que dentro de uns 10 anos, um em cada dois brasileiros estará cometendo algum tipo de furto ou roubo.

Mas, se você considerar que gato de eletricidade é furto; que gato de Internet de banda larga é furto; que gato de TV a cabo é furto; que baixar música pela Internet sem pagar é furto; que CD de música pirata é furto; que programa de computador pirata é furto; que “replicar” produto de marca famosa é furto; que comprar “réplicas” de marcas famosas é furto; que corrupção é furto; que funcionário que pede uma nota fiscal de valor maior na refeição paga pela empresa está furtando; que funcionário que leva uma canetinha da empresa está furtando; que sonegação é furto; que empregada doméstica que leva um sabonete da casa do patrão sem pedir está furtando, etc. acho que, nos dias de hoje, 99% dos brasileiros já estão cometendo algum tipo de delito.

Mas, isso não é tudo. Recentemente o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do Ministério do Planejamento publicou o Atlas da Violência 2017. Analisando-o pudemos comparar alguns dados alarmantes.

O Brasil é o 5º mais populoso país do mundo, e se somarmos a população dos cinco, o Brasil responde por apenas 2,9% já que a China e Índia respondem por 78%. Todavia, apesar de ter apenas 2,9% da população dos cinco, é responsável por 40% dos homicídios anuais desses cinco países.

O Brasil é a nona maior economia do mundo, mas pratica 16 vezes mais homicídios que a média dos nove. Os brasileiros matam mais que 90% dos países africanos, mais do que a Síria que está em guerra e o dobro da média dos demais países da América Latina. Em uma semana se mata no Brasil quase a mesma coisa que se mata num ano na França e no Japão juntos. Em apenas 3 semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017.

A taxa de homicídios no Brasil é de 29,0 assassinatos para cada grupo de 100.000 habitantes. Na Itália essa taxa é de 0,8, na Alemanha é de 0,5 e na Grã-Bretanha é de 0,3. Em 2015 houveram 59.080 assassinatos no Brasil o que dá uma média de 161 mortes por dia! Uma verdadeira carnificina. Apenas a título de comparação, na Guerra do Vietnã, em mais de 10 anos morreram 58.000 americanos.

Não resta dúvida de que estamos vivendo uma verdadeira guerra urbana sem precedentes e se não dermos um basta nisso logo, isso poderá descambar para uma guerra civil.

Então, é hora de fazermos alguma coisa antes que a situação saia completamente fora de controle. É hora de os brasileiros influentes começarem a pregar novamente o valor do trabalho, da honestidade, da moral e da ética.

E, se os políticos em geral não quiserem ver novamente as forças armadas terem de assumir o comando da nação, interrompendo mais uma vez a nossa jovem democracia, devem começar a dar o exemplo de honestidade; devem parar de promover a “luta de classes”; devem passar a promover a “concórdia”; e devem acima de tudo adotar o discurso de Kennedy dizendo em alto e bom som para todos os cidadãos:

     1. Cidadãos brasileiros, não perguntem mais o que o seu país pode fazer por vocês. Perguntem o que vocês podem fazer pelo seu país.

E, deveriam radicalizar um pouquinho mais:

     2. Cidadãos brasileiros, não perguntem mais o que a sua empresa pode fazer por você, perguntem o que vocês podem fazer pela sua empresa.

     3. Cidadão brasileiros, não perguntem mais o que as suas famílias podem fazer por vocês, perguntem o que vocês podem fazer pelas suas famílias.

E. para finalizar, deveriam dizer mais: cidadãos brasileiros, parem de ser chorões e de se comportarem como crianças mimadas que precisam ser cuidadas por todo mundo. Vocês não são escravos que dependem de um prato de comida do seu dono, são cidadãos livres que podem e devem cuidar da sua própria vida.

Com essa simples mudança de atitude, em pouco tempo poderemos transformar o Brasil do “país do futuro” no “país do presente”. Afinal, se diariamente os 200 milhões de brasileiros começarem seu dia se perguntando “o que eu posso fazer hoje pelo meu país, pela minha empresa e pela minha família”, isso gerará uma força capaz de mover montanhas.

E o mais importante: se fizermos isso, poderemos morrer em paz, sabendo que estaremos legando para os nossos descendentes um país próspero e civilizado.

 

Prof. Faccin
 

 
 
 
 
 

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