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 “Como chegamos à balbúrdia dos preços atuais”

Estamos vivenciando uma autêntica balbúrdia dos preços com os seus descontões, promoções, ofertões, feirões de fábrica, prazões, pacotões, liquidações, “réplicas”, compra coletiva, comodatos, “dações”, prêmios, brindes, quanto quer pagar? Quanto pode pagar? Etc.

Nesse ambiente é muito difícil fazer lucro. Então, é preciso aprender a escapar dessa insanidade de qualquer jeito. Do contrário a própria sobrevivência da empresa fica ameaçada.

Agora, para poder aprender como se safar dessa loucura, é preciso primeiro ter uma noção de como o fenômeno do preço surgiu e evoluiu através da história até chegarmos à essa bagunça atual.

Há até 150 anos atrás as mercadorias não tinham preços estabelecidos. Tudo era negociado caso a caso. O preço final era aquele que fosse o mais baixo que o vendedor aceitasse vender e o mais alto que o comprador aceitasse pagar.

Nesse ambiente, os consumidores não tinham qualquer noção de valor dos produtos e serviços disponíveis na época e tampouco tinham qualquer poder para influir na formação do preço junto aos artesãos, às indústrias nascentes ou aos comerciantes locais.

Deve ter sido por influência da ideologia francesa que instituiu o tal do “liberté, egalité e fraternité” que os comerciantes parisienses passaram a afixar etiquetas de preços nos produtos a partir de 1860. Portanto, algo muito recente.

A ideia dessa prática de etiquetar os preços nos produtos parece ter sido para permitir aos consumidores terem uma “noção de valor” das mercadorias e com isso tentar evitar que fossem ludibriados pelos comerciantes.

Naquele estágio da economia, os comerciantes eram pequenos e por isso não tinham nenhuma condição de pressionar os preços estabelecidos pelos artesãos e pelas indústrias nascentes. Mas, eles já começavam a sofrer certa pressão indireta para baixar os preços por parte dos consumidores, pois como os preços já eram etiquetados nos produtos ficava mais fácil para o consumidor comprar do comerciante que praticasse um preço menor.

Até a segunda guerra mundial os fabricantes faziam seu preço com base nos seus custos e os comerciantes que eram pequenos e sem poder de barganha simplesmente tentavam repassá-los para os consumidores com a margem que conseguissem.

A partir da segunda grande guerra, muitos varejistas se transformaram em grandes cadeias de distribuição (a Walmart foi fundada em 1962 e hoje atende seus clientes mais de 200 milhões de vezes por semana, em mais de 11 mil lojas de 69 bandeiras em 27 países. A companhia emprega 2,2 milhões de funcionários ao redor do mundo e em 2012 alcançou o faturamento de 467 bilhões de dólares, conforme informado em seu site).

Devido ao seu enorme tamanho e consequente absurdo poder de compra, esses grandes varejistas passaram a ter também um gigantesco poder de barganha junto aos fabricantes e mudaram as regras do jogo, dando início ao processo de grande pressão dos varejistas sobre os preços dos fabricantes.

Afinal, o varejista que conseguisse comprar uma determinada marca por um preço menor, conseguia uma vantagem competitiva em relação aos outros varejistas concorrentes, pois ou podiam vender mais barato ou ter mais lucro. Isso, de certa forma, ainda é assim até hoje.

Para enfrentar a pressão dos grandes varejistas e reequilibrar o jogo, os fabricantes diversificaram seus portfólios de marcas e se transformaram em gigantes conglomerados de subempresas como aqui no Brasil temos a JBS com 34 bilhões de dólares de faturamento em 2012 com suas marcas Friboi, Swift, Bordon, Vigor, Leco, etc.; a AMBEV com 15 bilhões de faturamento com suas marcas Brahma, Antártica, Skol, etc.; a BRF com 14 bilhões e dona das marcas Sadia, Perdigão, Batavo, Elegê, Qualy, etc.; a UNILEVER com as marcas Ades, Arisco, Axe, Becel, Close Up, Comfort, Dove, Hellmann's, Kibon, Knorr, Lux, Maizena, Omo, Rexona e Seda; a PROCTER & GAMBLE (P&G) com as marcas Gillette, Head & Shoulders, Pantene, Ace, Duracell, Pampers, etc.; a HYPERMARCAS que já chegou a ter mais de 200 marcas e que hoje está concentrada nas linhas de consumo e medicamentos onde se destacam as marcas Adocyl, Zero Cal, Finn, Bozano, Jontex, York, Apracur, Benegrip, Doril, Engov, Epocler, etc.; a RECKITT BENCKISER com suas marcas Veja, Bom Ar, Detefon, Harpic, Passe Bem, Poliflor, SBP, etc.

Ou seja, esse negócio virou um jogo de gigantes ou como se diz popularmente “uma briga de foice no escuro”..., onde os pequenos que tentam entrar no meio tomam pauladas por todos os lados...

Só em propaganda a UNILEVER Brasil gastou 4,6 bilhões de reais em 2013; a AMBEV, 1,7 bilhões; a HYPERMARCAS, 1,2 bilhões; a RECKITT BENCKISER, 1,1 bilhões; a P&G, 0,9 bilhões; e vai por aí afora. Assim, com essa montanha de recursos para propaganda essas empresas criam uma enorme demanda para as suas marcas tornando-as indispensáveis nas prateleiras das grandes cadeias varejistas, retirando destas um maior poder de barganhar os preços.

Mas, não é só na área de consumo que encontramos essa situação. Em praticamente todos os segmentos da economia encontramos grandes conglomerados de empresas usando do seu tamanho para impor as regras do jogo.

Todavia, a liberação da Internet para uso público há 20 anos e sua utilização pelos sites de comparação de preços, acabou alterando muito todo esse equilíbrio de forças.

A facilidade de “comparação dos preços de produtos e serviços similares” e de “comprar o mais barato” foi um divisor de águas. Quebrou as pernas de todo o mundo. O consumidor passou a ditar as regras do jogo. Não importa o tamanho do fabricante ou do varejista. Se a marca não tiver um diferencial efetivo na mente do consumidor, só vende se o preço for mais barato.

Colateralmente, ao buscar o mais barato os consumidores acabaram estimulando o surgimento de uma miríade de concorrentes em todos os segmentos com uma ideia genial na cabeça: “faço o mesmo mais barato”.

E, como todo mundo passou a fazer o mesmo e a vender mais barato, “vender mais barato” deixou de ser um diferencial atrativo. Então, a inventividade marqueteira partiu para novas estratégias para atrair o consumidor para as suas marcas como descontões, promoções, aviões do Faustão, feirões de fábrica, ofertões, prazões, pacotões, liquidações, compra coletiva, comodato, prêmios, brindes, quanto quer pagar? Quanto pode pagar? “Réplicas”, “dações” e pechinchas de todos os tipos, etc.,

E, isso não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. É mundial. Nos Estados Unidos 45% do estoque das redes varejistas hoje já estão sendo vendidos por preços promocionais. Em 2012 a grande varejista americana JC Penney aboliu as ofertas e o consumidor simplesmente sumiu. A empresa perdeu 1 bilhão de dólares e foi obrigada a retomar a estratégia anterior de promoções.

No Brasil, no dia 10 de janeiro deste ano os consumidores ficaram cinco dias na fila para a tradicional liquidação do Magazine Luiza, acampando ao lado da loja localizada no Shopping Aricanduva, na zona leste de São Paulo para tentar comprar mercadorias com até 70% de desconto. Em 2011 já havia quase 2.000 sites de compras coletivas promocionais no Brasil.

Mais de 100.000 pessoas por dia frequentam a loja da Forever 21 em Nova York. Ela demora, em média, seis semanas para fabricar na China e colocar à venda nos Estados Unidos um vestido copiado do último desfile de moda (pirataria eufemisticamente cognominada como “réplica”...).

Nas suas lojas, é comum haver blusas à venda por cerca de 5 dólares, casacos por 25 e vestidos por 40. Algo como 10% ou até muito menos do valor dos modelos originais. E, não sós as mulheres da baixa renda e da classe média que estão comprando produtos piratas. Muitas socialites aproveitando-se do fato de que ninguém iria supor que elas estivessem usando uma “réplica” barata, renovam constantemente os seus guarda-roupas com pouco gasto.

Afinal, algumas cópias são tão perfeitas que é muito difícil, de passagem, conseguir distingui-las das originais. Quando usadas pelas mulheres da baixa renda ou da classe média já se sabe que são “réplicas”, mas se usadas por socialites que têm poder para comprar as originais, fica difícil.

Os estilistas famosos não sabem mais o que fazer para defender suas criações e por isso vira e mexe entram com ação na justiça contra a Forever 21 por pirataria, que segue em frente vendendo como nunca.

Varejistas de roupas, que antes lançavam duas coleções por ano, agora trocam de peças todos os meses. Livrar-se dos estoques virou uma necessidade.

Para definir os preços das passagens, as empresas aéreas usam fórmulas complexas e a lógica de uma Bolsa de Valores. Na TAM, a definição dos preços é feita com a ajuda de 20 sistemas de computador. Conforme matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, os softwares usam sistemas de modelagem estatística que analisam um histórico de 331 dias para a procura daquele voo e dão sugestões de preços.

Ao mesmo tempo, os 80 analistas da TAM fazem, manualmente, cerca de 800 mudanças de preços por dia dependendo da movimentação de concorrentes e mudanças na demanda. Na ponte aérea Rio-São Paulo, o preço das tarifas é acompanhado de meia em meia hora. A flutuação, determinada pela oferta e demanda, lembra o ambiente de uma bolsa de valores. "É um exercício de ameaça, oportunidade, força e fraqueza", disse Maurício Oliveira, diretor estratégico de receita da TAM para o jornal O Estado de São Paulo.

É por isso que num mesmo voo de um mesmo dia de uma mesma empresa aérea qualquer, poderá haver 50 passageiros com preços diferentes. Não existe mais preço fixo. Os preços dependem da disposição e da capacidade financeira dos passageiros. Quanto pode pagar?

Nas Casas Bahia a técnica é “quanto quer pagar?”. “Só amanhã você pode pagar em “entas” vezes sem juros...”.

Os lucros de muitos fabricantes como as montadoras de veículos e de muitos grandes varejistas estão vindo mais dos juros do financiamento e de outros serviços prestados aos compradores do que diretamente das mercadorias vendidas, em si.

E, você que pensava que só os seus concorrentes eram agressivos!

Experimente montar um supermercado e terá de conviver com uma numerosa concorrência numa sangrenta batalha de preços afixados nas portas, nos volantes e na propaganda em geral; monte uma farmácia e o ambiente será semelhante; monte um posto de gasolina e o fenômeno será o mesmo; monte uma fábrica de automóveis e participe de uma guerra sangrenta de preços entre as concessionárias e entre elas e os “feirões” de fábricas; monte um banco para ver como será fácil enfrentar os Bradescos e Itaús da vida; vá vender passagens aéreas e se prepare para enfrentar uma insanidade nos preços; vá vender televisores, smartphones, tabletes, carros, tênis, máquinas industriais, computadores, cachaça, ou, seja lá o que for para ver o tamanho da encrenca.

O jornalista Mark Ellwood em seu livro lançado no ano passado “Bargain Fever” (algo como “Febre por Pechincha”) afirma que é muito provável que as vendas tradicionais por preços cheios desapareçam.

Parece que estamos retornando 150 anos no tempo quando os bens e serviços não tinham preços estabelecidos e tudo dependia da capacidade negocial do vendedor e do comprador, caso a caso.

O que alguns segmentos estão fazendo para escapar da confusão e da comparação de preços

Diante dessa realidade inexorável e que tende a se agravar cada vez mais (é um fenômeno mundial e não brasileiro), as empresas em geral estão se utilizando de algumas táticas interessantes para escapar da bagunça e da comparação de preços.

Marcas próprias

Os grandes varejistas estão criando marcas próprias só encontradas nas suas redes de lojas. O Carrefour, por exemplo, comercializa mais de 14.000 produtos distribuídos entre onze marcas próprias como as linhas Viver, Woman, Man, Kid, Baby e Selection. O Walmart comercializa as marcas próprias das linhas Sentir Bem, Bom Preço, Great Value e Equate. O Pão de Açúcar tem as marcas Qualitá, Taeq, Club des Sommeliers, Casino e Finlandek.

Utilizando-se de marcas próprias só encontradas nas suas próprias redes de lojas, não há possibilidade de os preços desses produtos serem comparados nas lojas dos outros varejistas concorrentes. Os preços são aqueles afixados nas lojas do varejista e ponto final.

Com marcas próprias, os grandes varejistas conseguem mandar fabricar bons produtos e pagar um preço mínimo para o fabricante, seja devido às grandes quantidades compradas (escala de produção), seja porque os fabricantes reduzem seus custos ao não precisarem gastar com propaganda, marketing e vendas dos produtos fabricados. Com isso, os varejistas conseguem lucrar mais.

Trata-se de produção terceirizada tão comum entre não varejistas detentores de marcas famosas como Nike, HP, Apple, etc.

Planos

As operadoras de celulares, apesar de venderem exatamente a mesma coisa (o tempo de uso da rede), fazem planos incomparáveis entre elas, de forma a que o consumidor não tenha como comparar os preços entre as diversas concorrentes. Todas dizem que dão um montão de coisas de graça. Eu já testei todas e no fim do mês a conta é salgada do mesmo jeito...

Combos

As cadeias de fast food montam os famosos “combos” para que não haja possibilidade de comparar o preço do sanduiche na cadeia concorrente.

Mudança de público alvo

Com o aumento do poder aquisitivo dos consumidores, as grandes lojas e os restaurantes americanos estão ampliando a oferta de bens e serviços mais caros buscando clientes mais abonados que não estão tão preocupados com promoções e comparações de preços.

Em Manhattan a luxuosa cadeia de lojas de roupas Barneys está substituindo a cadeia de descontos Loehmann; nas cadeias mais sofisticadas de restaurantes, como a Capital Grille, os negócios vão de vento em popa; a General Electric está focando mais as lava-louças e geladeiras mais caras; etc.

A realidade para a qual não podemos mais fechar os olhos é que estamos vivendo a era da “commoditização da economia”, onde todos os produtos e serviços são rápida e fartamente copiados por uma concorrência numerosa e sem diferenças perceptíveis significativas entre eles, fazendo com que tudo seja tratado como autêntica commodity ou produto genérico que se compra pelo preço.

E, essa situação só tende a se agravar no futuro imediato com a incorporação em massa das impressoras 3D, fresadoras CNC, roteadoras CNC, cortadoras a laser, cortadoras de vinil, escâneres 3D, etc. que permitirão a qualquer um fabricar qualquer produto na garagem de casa, assim como se produzem muitos softwares hoje em dia.

Por isso, como se viu, em todos os segmentos as empresas estão fazendo verdadeiros malabarismos para, a todo custo, tentar “escapar da balbúrdia e da comparação de preços”.

Mas, essa preocupação ainda não está acontecendo na área da segurança, seja ela humana ou eletrônica. A maioria das empresas que atuam nesse segmento ainda está presa a uma estratégia de marketing e vendas absolutamente inadequada ao momento atual. Vendem a mesma coisa que todas as demais concorrentes vendem e exatamente do mesmo jeito.

Por isso é comum ver-se os vendedores de mão de obra terceirizada de vigilância e de outras categorias profissionais “abrirem a planilha” para permitir ao cliente “comparar” os preços, quando tudo o que se faz hoje em dia é exatamente o contrário: utilizar-se de diversos artifícios para escapar a todo custo da comparação de preços.

No caso dos vendedores de alarmes o problema é ainda mais sério. As empresas vendem praticamente os mesmos equipamentos e dispositivos e das mesmas marcas e cobram uma “taxa” de monitoramento mensal (“taxa” é terrível...).

Trabalhando desse jeito é dar a cara para bater. Fica fácil para o cliente comparar os preços e as “taxas” e como tudo parece ser muito igual, obviamente o cliente acaba optando pelos preços e pelas “taxas” mais baratas. Não é por outro motivo que de cada 15/20 orçamentos entregues, raramente os vendedores conseguem fechar mais que um ou dois pedidos por um precinho um pouco melhor.

As empresas de segurança precisam entender que a concorrência se expandiu enormemente e que o momento exige estratégia inteligente de marketing e vendas para poder sobreviver com lucro. Por isso, ou essas empresas investem em tecnologia de marketing, vendas e propaganda ou poderão não conseguir sobreviver em médio prazo.

Dessa forma, tudo o que as empresas de segurança de todos os tipos precisam aprender a fazer é “escapar a todo custo da balbúrdia de preços e do fenômeno da comparação dos preços”, porque se não escapar, só vai vender se for por preço baixo e inexequível.

Esse curso que a nossa consultoria está oferecendo “Como escapar da insanidade de preços inviáveis” tem exatamente a finalidade de ensinar a sua equipe comercial e de marketing as peripécias necessárias para escapar da bagunça e da comparação de preços e assim conseguir vender mais, mais rapidamente e por um preço melhor.

Se a sua empresa não investir para capacitar a sua equipe comercial e de marketing, de nada vai adiantar continuar reclamando da “concorrência predatória” da “concorrência clandestina” e dos vendedores que vendem pouco ou que vendem por preços baixos e inexequíveis.

Se de alguma maneira, este artigo vier a ser útil para você ou para a sua empresa, o meu tempo dispendido na sua elaboração terá sido recompensado.



Prof. Faccin
 

 
 
 
 
 

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