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Como ganhar dinheiro no meio
dessa ‘Guerra de Preços’
(2ª Parte)
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Na primeira parte deste
ensaio abordamos o tema da commodityzação da economia e
seus reflexos na queda dos preços, na queda da qualidade
dos produtos e serviços, na expansão desproporcional do
mercado, na queda da rentabilidade das empresas, etc.
Se você não recebeu essa primeira parte, poderá
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No final da primeira parte, ficamos de analisar nesta
segunda parte a estrutura de custos de uma empresa que
quer ter lucro e ser competitiva utilizando-se da
estratégia baseada na oferta básica a preços baixos; e
outra com estratégia baseada na oferta de valores
agregados.
Como o feedback dos leitores da 1ª parte indicou um
grande interesse pelo tema, para poder abarcá-lo de
forma mais ampla vamos precisar desmembrá-lo em mais
partes.
Mas, valerá à pena porque ganhar dinheiro num mercado
altamente competitivo não é uma tarefa tão simples.
Por outro lado, atuar num mercado altamente competitivo
não é necessariamente ruim, porque isso é sinônimo de
mercado bom. Afinal, se alguém estiver sozinho
explorando um mercado, de duas uma:
1. Ou é um visionário que vê o que ninguém vê; ou
2. É um cego que não vê o que todo o mundo vê...
Como diz o dito popular, ‘quem não quer ter de enfrentar
a concorrência, a saída é casar com uma velhinha feia,
desdentada, rabugenta e muito fedida’.
Se casar com mulher bonita, não tem jeito. Vai ter de
aprender a conviver e a lidar com a concorrência. Isso é
inevitável porque é da natureza animal. E, o segmento da
segurança é uma ‘jovem linda e muito charmosa...’.
Assim, se você joga no time dos que preferem desfrutar
do que é muito concorrido, então continue navegando
comigo neste ensaio, porque é possível, sim, ‘ganhar
dinheiro no meio dessa guerra de preços’.
Do ponto de vista contábil os custos são vistos como
Fixos e Variáveis, Diretos e Indiretos, etc. Do ponto de
vista do marketing eles deveriam ser vistos como:
1. Custos Básicos;
2. Custos Agregados;
3. Custos Nulos; e
4. Custos Negativos.
Os Custos Básicos são aqueles indispensáveis a oferta
básica, os quais buscam solucionar o problema essencial
ou primário dos clientes e englobam todos os custos de
produção, administração, comerciais, impostos, lucro,
etc. ou seja, todos os custos necessários para oferecer
o ‘basicão’.
Por exemplo: o cliente quer terceirizar a portaria para
substituir o seu próprio empregado porteiro na tarefa
simples de abrir e fechar a porta, receber
correspondências, etc.
A oferta básica, neste caso, seria fornecer um porteiro
terceirizado para fazer exatamente isso o que o cliente
quer a um preço competitivo e nada mais. |
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Os Custos Agregados são
aqueles adicionados aos custos básicos para tornar o
produto, serviço ou empresa, diferente da concorrência
(são os tais dos diferenciais).
No caso acima, sobre a oferta básica do porteiro, se
poderia agregar serviços de segurança à portaria, com o
fornecimento do botão de pânico para o porteiro, sistema
de alarmes monitorados, CFTV, envio de viatura com
vigilante em casos de emergências, etc. Obviamente, como
nesse caso os custos totais seriam maiores, o preço de
venda também seria maior.
Os Custos Nulos são aqueles resultantes de desperdícios
de toda ordem; de processos produtivos pouco
inteligentes, de criação de etapas desnecessárias nos
diversos processos produtivos, administrativos ou
comerciais; administração caótica; etc.
Eu os chamo de nulos porque eles não agregam nenhum
valor ao produto, serviço ou empresa. Só servem para
reduzir a lucratividade da empresa.
Os Custos Negativos são aqueles que a empresa pratica
para irritar os clientes e prospects, como os
resultantes dos disparos falsos dos alarmes,
deslocamentos desnecessários de viaturas, etc. Ou seja,
gasta-se dinheiro para perder clientes.
É sempre bom lembrar que, hoje em dia, os clientes não
estão mais dispostos a pagar por custos que não agreguem
valor aos produtos, serviços ou empresa como os Nulos e
Negativos.
Mesmo os custos agregados (diferenciais) estão sendo
muito ponderados pelos clientes, hoje em dia, já que nem
todo custo agregado se transforma em valor para os
clientes. E, quando se transforma, nem sempre o valor
adicional compensa o preço adicional.
Custo agregado é diferente de valor agregado. Custo é o
que a empresa põe no produto para lhe dar determinadas
características. Valor é o que o cliente retira do
produto para ele. O tal do benefício.
Vale sempre lembrar que os clientes compram coisas
diferentes daquelas que agregamos aos produtos e
serviços. Peter Revson, herdeiro da imensa indústria de
cosméticos Revlon, costumava dizer que ‘na fábrica
produzimos cosméticos (produtos químicos), nas lojas,
vendemos esperança’.
Resistir à pressão para agregar diferenciais aos
produtos e serviços é sempre muito inteligente para
manter a lucratividade da empresa, já que idéias para
gastar dinheiro sempre tem aos montes. Já para ganhar
dinheiro...
Por exemplo, seria perfeitamente natural encontrar-se
alguém dentro da TAM Transportes Aéreos que sugerisse ao
departamento de marketing espetar uma azeitoninha no
sanduichinho quente para torná-lo mais charmoso.
Essa idéia, eventualmente até poderia ser válida.
Afinal, não se pode descartar uma idéia, sem mais nem
menos.
Mas antes, ela precisaria passar pelo crivo do
departamento econômico e do departamento operacional,
para depois sua aceitação ser testada junto aos
passageiros.
É preciso considerar que no ano passado a TAM
transportou 25 milhões de passageiros. Portanto, estamos
falando de 25 milhões de azeitoninhas e de 25 milhões de
palitinhos. Ou, algo em torno de 250 toneladas de
azeitonas/ano.
Ademais, seria preciso que alguém comprasse as tais
azeitoninhas e os palitinhos; seria preciso que alguém
controlasse a qualidade das azeitoninhas e dos
palitinhos; seria preciso pensar-se na estocagem desses
produtos; na logística de distribuição deles aos pontos
de montagem dos sanduichinhos; treinar as montadoras dos
sanduichinhos no posicionamento correto de espetar o
palitinho com a azeitoninha no sanduichinho para não
complicar o processo de embalagem; etc.
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Por fim, seria preciso
considerar que se a operação de espetar o palitinho na
azeitoninha e no sanduichinho levasse uns 15
segundinhos, como seriam 25 milhões de operações,
estaríamos falando em mais de 100 mil horas de
mão-de-obra adicional de espetação de azeitoninha. É
claro que se poderia encomendar um projeto especial a
alguma empresa de engenharia para desenvolver uma
máquina automática para espetar o palitinho na
azeitoninha e depois no sanduichinho...
Mas, só depois de resolvida toda essa parte econômica,
operacional e técnica é que se poderia ir ao teste
final: saber se a azeitoninha espetada no sanduichinho
teria valor para os passageiros.
E a única maneira de saber se o cliente valoriza um
‘diferencial’ é cobrando por ele. Dessa forma, se os
passageiros aceitassem pagar um preço maior no bilhete
aéreo para que o sanduichinho deles viesse com uma
azeitoninha espetada, a idéia estaria aprovada. Então,
espeta-se a azeitoninha no sanduichinho e satisfaz-se os
clientes.
Contudo, se eles não aceitassem pagar, a idéia teria de
ser rechaçada, porque sua implementação só iria
complicar o processo produtivo dos sanduichinhos, gerar
trabalho e custos adicionais desnecessários, reduzir os
lucros sem que os passageiros valorizassem esse
diferencial, que embora charmoso seria irrelevante ou
não essencial para os clientes.
Procurar diferenciar os produtos, serviços e a própria
empresa é algo positivo, desde que essa diferenciação
busquem ocupar um lugar menos congestionado no mercado
(posicionamento) onde ela possa atuar com mais lucro.
Ou, em outras palavras, diferenciar para solucionar uma
necessidade específica dos clientes que não está sendo
solucionada, ou está sendo mal solucionada pela
concorrência.
O problema surge quando a empresa quer solucionar todas
as necessidades do mercado.
Para ter lucro e ser competitiva, a empresa precisa
escolher o nicho de mercado que pretende atingir e abrir
mão (SIM ou SIM) do resto.
Abrir mão do resto é a única forma de se criar
compatibilidade entre as atividades necessárias ao
atendimento adequado do nicho que se quer atender.
Abrir mão do resto é uma decisão que emana da própria
atividade, porque cada nicho exige configuração
diferente dos produtos, serviços, máquinas e
equipamentos, comportamento dos funcionários, sistemas
gerenciais, etc.
Abrir mão do resto decorre das limitações da coordenação
e do controle internos da empresa.
Por fim, ao optar por uma forma de competição e não por
outra, as prioridades da empresa se tornam evidentes,
tanto para o mercado como para os funcionários.
Veja a importância do posicionamento no caso do Grupo
Pão de Açúcar. Ele precisou criar bandeiras diferentes
para atender de forma diferenciada os diferentes
segmentos sociais.
A bandeira da rede de supermercados Pão de açúcar se
estruturou com produtos, serviços, ambientes e
localizações adequados para atender a clientes das
classes A e B.
A bandeira da rede de supermercados Compre Bem se
estruturou com produtos, serviços, ambientes e
localizações adequados para atender a clientes das
classes C e D.
A bandeira da rede de hipermercados Extra se estruturou
com produtos, serviços, ambientes e localizações, para
atender adequadamente a todas as classes de renda que
precisem comprar rapidamente e com facilidade uma
variedade de produtos, a
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preços competitivos, que
normalmente só seriam encontrados numa loja de
departamento, a preços mais altos.
Perceba que seria impossível ao Grupo Pão de Açúcar
querer atender a todos os segmentos com uma única rede
de supermercados. As estruturas não se encaixariam
porque elas são incompatíveis entre si.
Então, o Grupo aproveita as várias redes para
compartilhar custos da administração central, aumentar o
poder de barganha junto aos fornecedores, etc. mas trata
cada bandeira como empresa diferente, com um marketing
próprio que busca posicionar a bandeira num nicho
exclusivo de mercado.
Antes, a rede Compre Bem se chamava Supermercados
Barateiro. Mas, o Grupo percebeu que essa bandeira o
levava a uma posição que estava congestionada com os
supermercadinhos de bairros que vendem produtos baratos
de marcas desconhecidas e muita mercadoria sem nota a
preços imbatíveis.
Então, eles optaram pela marca Compre Bem para poder
oferecer para as classes C e D produtos de melhor
qualidade num ambiente mais acolhedor. Ou seja,
procuraram se diferenciar numa posição menos concorrida
e dessa forma puderam vender mais valores agregados para
esse segmento, por um preço mais lucrativo.
Essa idéia de utilizar-se de ‘bandeiras diferentes’ para
cada nicho de mercado, poderia ser utilizada pelas
empresas do setor de segurança e de serviços gerais para
especializarem-se e dessa forma conseguirem aumentar a
capacidade competitiva e melhorarem a rentabilidade em
cada nicho de mercado.
Por exemplo: poderiam criar empresas bem estruturadas
para oferecer o basicão para quem só quer o basicão a
preço baixo e empresas bem estruturadas para poder
oferecer valores agregados para quem deseja algo mais.
Na 3ª parte deste ensaio vamos analisar a estrutura de
custos de uma empresa com estratégia baseada na oferta
básica a preços baixos e na 4ª parte vamos analisar a de
uma empresa com estratégia baseada na oferta de valores
agregados.
Até lá, se você precisar de ajuda na área de custos,
preços, estratégias de marketing e vendas, consulte-nos
sem compromisso.
Prof. Faccin
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