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Feitas para NÃO durar.

 

O título deste artigo é uma alusão ao livro: “feitas para durar” do Jim Collins, onde ele analisa 18 empresas longevas e bem-sucedidas, algumas com até mais de 100 anos.

O título também é uma contraposição a esse mesmo livro, porque na realidade essas empresas citadas pelo Collins são casos raros de longevidade. A maioria, mesmo nos países ricos, tem vida curta. E, no Brasil, a vida das empresas é curtíssima.

Como “vida curta” é uma definição vaga, para ter-se uma ideia mais clara de quão curta é a vida das empresas, no quadro abaixo eu fiz um comparativo entre a taxa de mortalidade das pessoas e das empresas, por períodos de vida.
Observe que enquanto apenas 2,76% das pessoas nascidas no Brasil morrem antes dos 40 anos de idade, 99,93% das empresas nascidas no mesmo Brasil morrem antes dessa mesma idade.

É claro que essa é uma comparação entre coisas diferentes, já que empresas não são pessoas, mas também não deixa de ser interessante e interrogativa essa 



Observe que enquanto apenas 2,76% das pessoas nascidas no Brasil morrem antes dos 40 anos de  comparação já que as empresas são feitas de, e por pessoas.

Por isso, vale as indagações: porque as pessoas vivem tão mais que as empresas, que são feitas e administradas por elas? Porque as pessoas conseguem cuidar melhor da saúde física do que da saúde das empresas, que são suas crias?

Antes de seguirmos adiante, é bom que se diga que isso não foi sempre assim. Há apenas 115 anos as pessoas viviam apenas 31 anos na média mundial, ou seja, a taxa de mortalidade das pessoas era até maior que a taxa de mortalidade das empresas de hoje em dia.

Esse aumento da longevidade de vida das pessoas, sem dúvida, é devido a que nos últimos anos a ciência médica evoluiu muito, seja na área da tecnologia de detecção das enfermidades, como na área química com o desenvolvimento de medicamentos capazes de curar uma infinidade de doenças, antes incuráveis. A descoberta da penicilina há 87 anos elevou a taxa de sobrevivência das pessoas para outro patamar.

Certamente, o desenvolvimento das ciências foi determinante para o aumento da longevidade das pessoas. Mas, a meu ver, o mais importante foi que, no geral, as pessoas se conscientizaram da necessidade de se cuidarem, alimentando-se melhor, exercitando-se fisicamente, fazendo check-ups preventivos, indo ao médico com mais frequência, e deixando de se medicar apenas com os “chazinhos da vovó”.

Por seu turno, embora as ciências que governam as empresas também tenham evoluído extraordinariamente nas últimas décadas, a maioria das empresas ainda não se utiliza desse moderno e eficiente ferramental científico como corresponderia para ter uma vida mais duradoura.

No mundo atual as empresas precisam lidar com inúmeras ciências intrincadas nas áreas, financeira, marketing, produção, operacional, recursos humanos, recursos de capital, materiais, administração de vendas e de marketing, comunicação, branding, contabilidade, direito comercial, societário, trabalhista, tributário, econômica tradicional, econômica comportamental, econométrica, engenharia econômica, engenharia técnica, estratégia mercadológica, organização e métodos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, propaganda, psicologia, segurança, sociologia, tecnologia da informação, tecnologia de redes, vendas, etc., etc., etc.

São ciências extremamente complexas que abrangem muitos elementos ou partes complicadas, mas que em geral são tratadas pela maioria das empresas como coisas banais e na maioria dos casos operadas por colaboradores não qualificados a exercê-las. Ainda é muito comum empresas “contratarem pessoas e não conhecimentos”, como seria necessário para terem uma administração profissional.

Isso tudo é muito incompreensível, porque hoje em dia já existem no Brasil excelentes consultorias especializadas (médicos de empresas) capazes de detectar com precisão a enfermidade das empresas e de receitar um tratamento adequado para a sua “cura”.

É claro que assim como existem bons e maus médicos, bons e maus dentistas, também existem boas e más consultorias. Mas, o fato de existirem maus profissionais em todas as áreas, não significa que não devemos nos consultar com os bons. Não é porque existem maus médicos que não se vai mais ao médico... tudo é uma questão de seleção.

Todavia muitos empresários continuam resistindo à ideia de procurar ajuda externa e ficam tentando tratar as enfermidades das empresas com os “remedinhos caseiros”. Como a gente fazia antigamente com os remedinhos da “vovó” para tratar as nossas doenças físicas.

Resultado: enquanto os brasileiros já estão vivendo em média 75 anos as empresas brasileias estão vivendo em média apenas 8,7 anos, conforme estudos feitos pelo IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário em 2012.

Veja o paradoxo: se o indivíduo começa a sentir uma dor no peito, ele larga tudo e sai correndo para fazer uma consulta médica, não importa se tem ou não tem dinheiro. Se não tiver, se endivida com o cartão de crédito ou no cheque especial, etc., mas vai e faz todos os exames que o médico mandar fazer e se tiver de fazer uma cirurgia, não deixa para depois.

Todavia, quando a empresa começa a emitir fortes sinais de enfermidade (falta de dinheiro), é comum ouvirmos a expressão: “não podemos chamar um especialista porque a empresa está atravessando um momento difícil e está sem dinheiro”.

Mas, é exatamente a “falta de dinheiro” o sintoma mais contundente de que a empresa está precisando de ajuda...

Dinheiro jorrando do caixa é o melhor sinal de que a saúde da empresa está ótima. Neste caso ela até pode e deve procurar assessorar-se com especialistas para que o dinheiro não pare de jorrar.

Mas, “caixa seco” é o melhor e mais contundente sinal de que a saúde da empresa está mal e que está mal porque os “remedinhos caseiros” não estão dando resultado.

Então, é hora de ir atrás de especialistas para tentar reverter o quadro, antes de ter de gastar dinheiro com advogados para administrar as consequências de uma falência.

Assim como sem oxigênio as pessoas morrem de inanição, sem dinheiro as empresas também morrem de inanição.

É certo que assim como as pessoas podem continuar respirando um pouco mais ligadas a um tubo de oxigênio, as empresas também podem “respirar” um pouco mais tomando dinheiro emprestado. O problema é que sempre há um limite de crédito e quando esse limite chega, a brincadeira acaba.

E no Brasil essa brincadeira costuma acabar muito mal, porque dívidas trabalhistas e tributárias atingem os bens particulares dos sócios e não caducam nunca. São para o resto da vida. Punição perpétua.

Se os sócios não tiverem dinheiro para quitar esses débitos, estão condenados para o resto da vida a não poderem ter mais nada em seus nomes. Não poderão ter um carro em seu nome, uma conta bancária em seu nome, etc., porque qualquer coisa que tiverem poderá ser sequestrada pela justiça do trabalho

E se forem trabalhar como empregados, até mesmo parte dos seus salários serão sequestrados para pagar as dívidas trabalhistas. Ou seja, terão de viver para o resto da vida como cidadãos de 2ª categoria em nome de terceiros.

Portanto, se sua empresa está enfrentando alguma dificuldade financeira, dificuldade nas vendas ou na administração de custos, não espere para ver no que vai dar, porque não vai dar coisa boa. Procure ajuda externa de um especialista de sua confiança e tente salvar sua empresa e a si próprio. Enquanto é tempo.
 

Prof. Faccin
 

 
 
 
 
 

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