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Impacto da velocidade das transações online, no comportamento dos clientes do mundo off-line - 2º Parte

 
Na primeira parte deste artigo mostramos o resultado de uma pesquisa publicada pelo jornal britânico “Daily Mail”, indicando que a velocidade das transações e da busca de informações no mundo online da Internet estava alterando a nossa sensibilidade e tornando-nos menos pacientes com a complexidade, falta de funcionalidade e morosidade do atendimento no mundo off-line.

Também previmos que devido a isso e a rapidez com que os produtos e serviços estão se padronizando, como resultado do crescimento acelerado da concorrência e a inevitável proliferação de produtos e serviços similares, minha sensibilidade de marketing e de vendas me dizia que nesta década dos anos 2010 um diferencial de marketing que deverá ser muito considerado pelos clientes do mundo off-line (muito mais que o preço baixo) é a velocidade, a praticidade e a simplicidade do atendimento em todas as suas formas.

‘Preço baixo’ está relacionado a produtos similares e sem diferenças tangíveis significativas (commodities, genéricos, populares, réplicas, etc.).
Afinal, se tudo é muito parecido, então o negócio é comprar o mais barato.
Minha convicção no diferencial do atendimento, como fator de marketing mais importante do que ‘preço baixo’ se baseia no óbvio: um diferencial que satisfaça a uma necessidade relevante dos clientes, mais do que justifica um preço melhor.

E, como os clientes estão insatisfeitos, impacientes e irritados com a morosidade, complexidade e falta de funcionalidade no mundo off-line, então, o ‘antídoto’ natural para a solução desse problema só pode ser a qualidade e rapidez do atendimento.
Está aí uma boa dica para as empresas fugirem da famosa ‘guerra de preços’.

O problema do atendimento no mundo off-line, comparado com o mundo online, é sério, mas a maioria das empresas ainda não se deu conta da sua dimensão.
No mês de fevereiro passado a TAM foi multada em R$ 1,9 milhão pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça porque, entre outras coisas, o tempo de espera para falar com o atendente teria superado os 60 segundos determinados em lei.
A Telefonica de São Paulo liderou pelo quarto ano seguido o ranking do Procon de empresas com mais reclamações fundamentadas em 2009, de acordo com dados divulgados no dia 12 de março de 2010.

Por ordem decrescente das primeiras ranqueadas, a Telefonica foi seguida pelo Banco Itaú, Eletropaulo Metropolitana, Sony Ericsson, TIM Celular, Claro, Bradesco, Unibanco, Banco Ibi (operadora cartões C&A) e Embratel.

Essas e a maioria das empresas ainda não perceberam que o ‘tolerómetro’ dos clientes vem diminuindo aceleradamente, principalmente daqueles muito conectados na Internet e acostumados com a velocidade, praticidade e simplicidade das transações do mundo online.

É comum vermos clientes perderem totalmente o respeito e a compostura com o fornecedor e até mesmo utilizar palavras de baixo calão quando a empresa não resolve o seu problema por telefone ou pessoalmente (confira com o seu pessoal de atendimento).

Muitas empresas despendem verbas significativas com os departamentos de marketing, vendas e propaganda para conquistar novos clientes, mas não se preparam convenientemente para acompanhar e assessorar os clientes na utilização mais adequada dos seus produtos e serviços e dessa forma, não se antecipam na solução dos problemas previsíveis e na consequente insatisfação latente dos clientes.

E, como se isso não bastasse, quando os problemas se tornam inconvenientes e extravazam, seja por defeito ou pelo que for, a maioria das empresas não está preparada como corresponderia para atender às reclamações, obrigando os clientes, em muitos casos, ao uso da força e da confrontação ao recorrerem ao PROCON, aos tribunais de pequenas causas, ou até mesmo a ações judiciais.
Neste exato momento em que estou escrevendo este texto, a minha assistente conseguiu ligar para a Unidas Rent a Car, unidade Aeroporto de Congonhas, depois de ter ficado exatos 56 minutos tentando, porque os telefones, ou estavam ocupados ou ficavam tocando, tocando, tocando sem ninguém atender.

É claro que quando a coisa chega nesse ponto, a possibilidade de perda do cliente é grande e todo aquele dispêndio com marketing, vendas e propaganda poderá ser todo perdido.

Amigo leitor, eu sei que esse desrespeito com os clientes só acontece nas empresas que eu mencionei antes e não na sua... Mas, convém não se iludir muito.

Em sua edição de 17/03/10 a revista Exame publicou um artigo muito interessante sob o título “Sua empresa é pior do que você imagina”.

Segundo a revista, a maior parte das empresas brasileiras acredita que presta um ótimo serviço a seus consumidores. Mas, na prática, um abismo separa a autoimagem da realidade.
Essa conclusão se baseou numa pesquisa elaborada pela revista e pelo Instituto Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC).
O estudo foi realizado entre abril e dezembro de 2009, com base em entrevistas feitas a mais de 3.000 pessoas em todo o país e em pesquisas sobre as práticas de relacionamento de 100 companhias.

A ‘fotografia’ que surgiu do estudo mostra um profundo abismo entre a imagem que as companhias têm de si mesmas e o que os consumidores efetivamente pensam delas.

Quase todas as empresas (98%) afirmam ter uma estrutura eficiente de atendimento.
Mas 23% dos consumidores entrevistados disseram não ter sido bem atendidos por nenhuma companhia nos 12 meses anteriores à pesquisa. Preste atenção: ne-nhu-ma.
Empurradas pela competição, a maioria das empresas embarcaram na onda do ‘encantar’ o cliente oferecendo produtos e serviços adicionais ‘grátis’.

Mas, como bem menciona o referido artigo, ao comprar um produto ou serviço, os clientes não esperam receber adicionalmente uma ‘viagem ao paraíso’. Até porque eles não estão dispostos a pagar por ela.

O que eles tão somente desejam é que a empresa cumpra o contrato que selaram com eles, entregando-lhes exatamente aquilo que eles compraram ou contrataram.
É senso comum que muitas empresas desperdiçam recursos com fórmulas mirabolantes para ‘encantar os clientes’ e deixam de fazer o básico do básico que é entregar-lhes exatamente o que eles compraram e resolver de forma eficaz os problemas que aparecem com a utilização do produto ou serviço.

Assim, seria bom mesmo que sua empresa não fizesse parte desse mundo, porque hoje em dia os clientes não estão mais suportando essa falta de atenção ou, mais especificamente, essa falta de respeito e de educação.
A maioria das empresas ainda não se apercebeu de que os clientes não estão mais tolerando:

  •  Vendedores que marcam entrevista e chegam atrasados ou o que é pior: não aparecem na entrevista;
  • Vendedores que não conhecem adequadamente os produtos e serviços que estão vendendo e que por isso acabam fazendo recomendações erradas que prejudicam os clientes;
  • Vendedores que prometem coisas que a empresa não poderá cumprir;
  • As irritantes secretárias eletrônicas, principalmente aquelas de diálogo digital que nunca entendem o que dizemos;
  • Empresas que não entregam exatamente o que vendem;
  • Empresas que prometem o ‘paraíso’ e entregam o ‘inferno’;
  • Empresas que não ensinam adequadamente os clientes a usarem seus produtos (em geral, o máximo que fazem é entregar um confuso e mal redigido manual que ninguém entende nada);
  • Empresas que não orientam os clientes sobre o funcionamento adequado dos serviços que irão utilizar;
  • Empresas que não acompanham a experiência dos clientes com a utilização dos seus produtos e serviços;
  • Os inexperientes e despreparados atendentes dos calls centers, dos SAC’s, dos ‘fale com o presidente’, dos ‘fale com o diretor’, dos ‘fale com o chefe’, etc.;
  • Aquele empurra-empurra de funcionários que não solucionam nada quando os clientes ligam em busca de uma solução;
  • Os atrasos da assistência técnica;
  • O atendimento de técnicos incapazes que não resolvem o problema adequada e rapidamente; etc.
     

A lista de atitudes irresponsáveis, desleixadas e irritantes dos fornecedores para com os clientes é enorme.

Estou terminando esta parte do artigo, mas só vou poder liberá-lo para os meus leitores quando o meu e-mail voltar a funcionar, já que o servidor da empresa que hospeda o meu domínio, Locaweb, entrou em pane há três dias e não se sabe ao certo quando voltará a funcionar direito. E, isso obviamente sem qualquer satisfação dada pela Locaweb e nem sequer um pedido de desculpas...

E, por falar em falta de respeito para com os clientes, a Telefonica decidiu fazer uma manutenção hoje na central a qual estou conectado e nos deixou sem telefone todo o dia e sequer deu qualquer satisfação.

Coincidência? Infelizmente não. Isso é o que tem nos acontecido com uma frequência cada vez maior.
É por isso que a rotatividade dos clientes entre os diversos concorrentes é sempre muito grande, gerando enormes prejuízos para as empresas.

Por exemplo, na área de segurança privada, seja ela orgânica ou eletrônica, de cada 10 chamados de clientes pedindo orçamento, em torno de 9 são de clientes oriundos da concorrência. Ou seja, de clientes insatisfeitos. Sedo que muitos já passaram pelas mãos de várias empresas e seguem buscando teimosamente alguma que os deixem satisfeitos.

Todavia, é senso comum que, a menos que o fornecedor cometa um erro muito grave, os clientes não costumam trocá-lo por um problema qualquer. Essa decisão de troca geralmente é consequência de uma série de falhas não solucionadas ou mal solucionadas.

Em outras palavras, os clientes não esperam que as empresas sejam perfeitas e que seus produtos e serviços nunca apresentem defeitos, porque isso seria utópico. Afinal, produtos e serviços são feitos e executados por gente e elas cometem falhas. As máquinas também falham. Isso é normal.

O que os clientes esperam é que as empresas resolvam os problemas, quando eles surjam, com rapidez e eficiência.

Mas, as falhas também têm o seu lado positivo.
Afinal, se os fornecedores vendessem um produto ou prestassem um serviço que nunca apresentasse nenhum tipo de problema, não teriam a oportunidade de ‘encantar’ os clientes com sua rapidez e eficiência na solução dos problemas...

Também, os clientes poderiam acabar se esquecendo dos fornecedores por falta de contato com eles, porque muito raramente os fornecedores contatam os clientes que não têm problemas.

Os fornecedores concentram o atendimento aos clientes onde seus produtos e serviços falham. E, quanto mais problemas eles criam para o cliente, por força das circunstâncias, mais precisam se dedicar a ele.
Nas centenas de auditorias que já realizei em todo o Brasil, observei que de 12% a 15% dos clientes consomem mais ou menos 50% do tempo e dos custos operacionais de manutenção e atendimento. E, de 20% a 25% dos clientes consomem algo em torno de 80% do tempo e dos custos operacionais.

Os clientes onde os produtos e serviços não apresentam problemas (ao redor de 80% da carteira), simplesmente são esquecidos pelos fornecedores.

Primeiro porque os fornecedores simplesmente não têm tempo para cuidar deles, já que estão ocupados demais em ‘resolver’ os problemas causados naquela minoria de clientes.

E, segundo, porque raras são as empresas que têm um departamento de relacionamento efetivo com os clientes.
O máximo que alguns fazem é aquela bobagem da tal da pesquisa de satisfação que não mede nada e que não serve para nada a não ser para equivocar os fornecedores a respeito da qualidade dos seus produtos e serviços.
Perguntar a um cliente se ele está satisfeito é redundante. Afinal, se ele estivesse insatisfeito, já teria debandado.

Por isso, a única pesquisa que serve para alguma coisa é aquela que é feita junto aos ex-clientes, pois é a única que pode alertar os fornecedores sobre suas falhas. Mas, essa ninguém faz.

O problema é que quando o fornecedor não se relaciona, de fato e frequentemente, com seus clientes as conexões afetivas se desfazem e o compromisso se perde. Não há fidelidade.

Assim, de um lado, o fornecedor deveria ficar feliz quando surge um problema em algum de seus clientes, pois esse seria o momento de ‘mostrar serviço’ e ‘encantá-lo’ com a sua eficiência e rapidez na solução do problema.
Ainda, poderia aproveitar a oportunidade para estreitar os laços amistosos com ele e tratar de aproveitar o ‘good will’ dele para aprofundar o relacionamento comercial, vendendo-lhes mais produtos e serviços da mesma linha ‘up seling’ ou de linhas diferentes ‘cross-seling’.

Todavia, o que ocorre é o oposto: ao não resolver o problema com rapidez e eficiência, o fornecedor acaba ‘aproveitando’ o momento para irritar o cliente e entregá-lo de graça para a concorrência.

No próximo capítulo desta série vamos abordar outro aspecto interessante sobre o tema ‘atendimento’.
Até lá, se você sente que sua empresa precisa ajuda para melhorar a qualidade e rapidez do atendimento, em todas as suas formas, e com isso criar um diferencial relevante que lhe dê uma significativa vantagem competitiva, entre em contato conosco.

Consultoria é para isso mesmo: ‘ajudar as empresas a resolverem problemas incomuns’
E, obviamente, por sermos especialistas, fazemos isso com rapidez, praticidade e simplicidade, como convêm ao mundo de hoje!

Prof. Faccin


 

 
 

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