Houve um tempo em que o valor de uma empresa
era medido pelo seu patrimônio tangível.
Mas, isso faz muito tempo. Hoje se avalia
uma empresa pelos seus ‘ativos intangíveis
de marketing’, que, em última instância, são
o que efetivamente têm potencial de gerar
lucro para o comprador interessado.
Por isso, se você quisesse vender sua
empresa hoje, os únicos bens que poderiam
‘atrair’ compradores interessados seriam:
-
Sua Carteira de Clientes (se ela for
grande, estável e lucrativa);
-
Marca
(se ela tiver forte presença no
mercado);
-
Informações de mercado; e
-
Funcionários com conhecimento.
Tudo intangível, ou melhor dizendo, tudo
“Ativos de Marketing”.
Todos os demais bens (imóveis, veículos,
móveis e utensílios, instalações, central de
monitoramento, etc.), embora possam ser
valiosos, teriam pouca ou nenhuma relevância
para atrair candidatos interessados em
comprar sua empresa.
Afinal, não é preciso comprar uma empresa
para se adquirir equipamentos, instalações,
imóveis, veículos, etc. Quem compra empresa
está em busca de lucro e não de imobilização
de capital.
Assim, se os intangíveis ‘ativos de
marketing’ são o que têm valor, então o mais
sensato para qualquer empresa seria
priorizar e concentrar a maior parcela dos
lucros destinados ao investimento, no
desenvolvimento desses ativos.
Agora, investir no intangível implica numa
mudança mental bastante significativa e nada
fácil, porque é oposta à cultura tradicional
que reverencia os bens tangíveis como forma
de ‘proteger’ o capital.
É por isso que a maioria dos empresários
retira dinheiro da empresa para investir em
imóveis, por exemplo, aplicando num negócio
totalmente alheio à sua ‘praia’.
O que não deixa de ser um paradoxo, afinal
retira-se dinheiro de circulação de um
negócio que está dando lucro para imobilizá
-lo num outro negócio que não tem liquidez
imediata e que não se sabe se vai ou não dar
retorno e quando.
Como dizem os americanos, ‘negócio bom é o
que dá lucro e não o que imobiliza capital’.
Investir em algo cujo custo é certo e o
resultado, embora previsível, é incerto,
nunca fez parte da nossa cultura.
Com certeza, o que vale na Microsoft, no
Google, no Yahoo, etc. não é o patrimônio
líquido dessas empresas, mas o
‘conhecimento’ de seus funcionários que se
transforma em potencial de gerar lucros.
Por outro lado, a marca Coca-Cola vale 82
bilhões de dólares. A marca Itaú já vale 1,2
bilhões de dólares.
Agora, sem clientes, uma empresa não tem
receitas e nem lucros e, portanto também não
tem valor de mercado.
A questão é que os consumidores não compram
produtos e serviços, compram MARCAS... Quem
compra produtos e serviços são as empresas.
Por isso, alguns dos produtos mais desejados
do mundo são fabricados por um conjunto de
empresas das quais, a maioria das pessoas
nunca ouviu falar.
Os mais de 22.000 funcionários da Nike não
lidam com pares de tênis diretamente, mas
com projetos de marketing. A linha de
produção passou a ser totalmente
terceirizada, espalhada por inúmeras
fábricas mundo afora.
Com maior ou menor taxa de terceirização,
seguiram a tendência companhias como IBM,
Coca-Cola, Ericsson, Hewlett-Packard, Kodak,
Microsoft e Motorola.
Essas empresas canalizaram sua energia para
projetos de divulgação da marca como forma
de cativar os consumidores.
É das linhas de montagem da Flextronics
(empresa com 95.000 funcionários e fábricas
em 29 países) que saem os consoles de jogos
da Microsoft, telefones celulares da
Ericsson, antenas da Motorola e câmeras da
Kodak. No ano passado, suas vendas chegaram
a 40 bilhões de reais.
Sua maior rival é a Solectron, também
nascida nos Estados Unidos e dona de um
faturamento na casa de 35 bilhões de reais.
É ela a fabricante dos computadores IBM e da
HP no Brasil. Suas unidades ficam no
interior de São Paulo.
Em outras palavras: hoje o mundo está se
dividindo entre empresas que vendem sua
MARCA para os consumidores finais e empresas
que fabricam e prestam serviços para aquelas
empresas (terceirizadas).
Assim, enquanto os lucros das segundas
provêem dos investimentos em máquinas e
equipamentos para produzir (bens tangíveis),
os lucros das primeiras provêem dos
investimentos em Marketing (serviços
intangíveis).
Por isso, se a sua empresa vende para o
consumidor final, seja ele pessoa física ou
jurídica, na realidade está vendendo uma
MARCA e não produtos e serviços. Nesse caso,
os compradores não estão em nada preocupados
se os produtos e serviços que sua empresa
vende são fabricados por ela mesma ou se são
fabricados e prestados por terceiros.
Eles confiam na MARCA da sua empresa e
querem comprar dela, porque acreditam que
ela sabe o que está fazendo para preservar
os interesses dos seus clientes.
Uma marca conhecida gera indicações e
chamados (é mais confiável...). O mesmo não
acontece com uma marca recém introduzida no
mercado.
Então, se isso é assim o negócio é investir
para ampliar a base de clientes rentáveis e
tornar mais rentável a carteira de clientes
atuais. Ou seja, o negócio é investir para
ampliar os ‘Ativos Intangíveis de
Marketing’. Naquilo que efetivamente tem
valor de mercado.
Afinal, quanto mais clientes sua empresa
tiver, mais conhecida ela fica e mais
confiança transpira para o mercado e isso
faz gerar mais chamados e mais vendas.
Prof. Faccin
professor@faccin.com.br
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