Bem, se você é homem, e pensa como a maioria dos
brasileiros, muito provavelmente preferiria a foto
da Pressly. Afinal, mulher com o nome de ‘Jaime’ soa
meio estranho para nós...
Todavia, tenho uma
notícia interessante para você: elas não são gêmeas.
As duas fotos são de uma mesma pessoa: da bonita,
talentosa e bem sucedida atriz de cinema e
televisão, Jaime Pressly. Portanto, qualquer foto
que você escolhesse, estaria escolhendo a foto da
bela Jaime...
A foto da esquerda fora tirada por um paparazzi num
momento de descontração ao ar livre em sua festa de
aniversário. Utilizamos essas duas fotos em momentos
diferentes, uma com o seu nome e a outra com o seu
sobrenome apenas para mostrar que uma mesma pessoa
pode ser vista de várias maneiras, conforme seja sua
‘produção’ no momento e que diferentes ‘nomes’ podem
produzir sensações diversas.
Não deve ser por outro motivo que Albert Einstein
dizia que: ‘Nem tudo que conta, pode ser contado. E
nem tudo que pode ser contado, conta’.
E nos exemplos acima, temos alguns atributos que não
podem ser contados, mas contam. ‘Imagens’,
‘símbolos’, ‘cores, ‘significados das palavras’
‘sonoridade das palavras’ contam. E muito, porque
estimulam a nossa mente e produzem alterações no
nosso ânimo como resultado das lembranças e
sensações associadas a elas.
A neurociência define as lembranças como
engramas
ou manifestações físicas entalhadas
eletroquimicamente nas células do nosso cérebro.
Os engramas ou lembranças são acionados por estímulos
associativos. Por exemplo: a imagem de uma torta de
maçã assada talvez evoque a lembrança em nossa mente
da nossa querida mãe que sempre preparava sobremesas
deliciosas em nossa casa.
As imagens, os nomes, as cores, os símbolos e os sons
podem suscitar tanto recordações agradáveis e
estimulantes como desagradáveis e desestimulantes.
Embora seja a mesma coisa, o nome ‘Cirque du Soleil’
soa melhor para mim do que soaria ‘Circo do Sol’. Da
mesma maneira a expressão ‘Spring Hills’ também tem
uma sonoridade melhor para mim do que ‘Morros da
Primavera’.
Observe que nenhuma outra combinação dos nomes
originais do ator, Michael Sylvester Enzio Stallone,
tem uma sonoridade e um timbre melhor que Sylvester
Stallone. Da mesma maneira, Ayrton da Silva ou Senna
da Silva não ficariam tão bons como Ayrton Senna.
Não é por outro motivo que muitos artistas mudam sua
‘marca de batismo’ quando ela não é muito atrativa,
não tem uma associatividade com algo agradável ou
não tem uma sonoridade boa.
Eu fico imaginando como seria se o Sílvio Santos
usasse, artisticamente, seu nome verdadeiro: Senor
Abravanel ou se o Tony Bennett seguisse na vida
artística com seu nome de batismo: Anthony
Benedetto.
Por esses mesmos motivos, o brasileiro Maurício
Alberto Kaisermann, quando quis penetrar no mercado
americano ‘inglesou’ seu nome passando a se chamar
Morris Albert. Se isso foi decisivo para o seu
sucesso eu não sei, mas a música ‘Feelings’ se
transformou num fenômeno de vendagem e ele ficou
muito rico.
Em 1989, o cantor Jorge Ben mudou o nome para Jorge
Ben Jor. Dizem que isso foi para não ter de pagar
royalties para o cantor George Benson. Uma versão
mais aceita diz que a crença dele em numerologia foi
o que realmente causou a mudança. A verdade é que
naquele momento a carreira dele estava meio
encalhada e ao ser relançado como Jorge Ben Jor ela
decolou novamente.
Aí você me diz, mas Professor, isso é coisa para
artista e não para empresa. E eu lhe digo: desculpe,
mas a carreira de um artista é uma empreitada igual
a da sua empresa, já que ambos estão atrás de
clientes para o produto do seu trabalho.
Por exemplo: ao montar sua empresa nos Estados
Unidos, o empresário João Lima percebeu que seria
melhor adotar o nome de John Lima, porque era muito
difícil para os americanos pronunciarem a palavra
João. Parece que deu certo, porque 15 anos depois
ele vendeu a empresa por 90 milhões de dólares.
A grafia do nome tanto pode produzir sensações
agradáveis como desagradáveis, conforme sejam as
lembranças que associarmos a ela.
Às vezes, pequenas mudanças, ajustes ou mesmo
acréscimos nos nomes das marcas da empresa, dos
produtos e até mesmo do pessoal da linha de frente
que mantêm contato direto e pessoal com os clientes,
inclusive e principalmente os vendedores, podem
produzir verdadeiros milagres.
Por exemplo: para mim, tanto a grafia da palavra
‘fedor’ como a sonoridade dessa palavra me causam
asco, devido às lembranças nojentas associadas a
ela. E qualquer palavra cuja grafia ou sonoridade
ative a minha lembrança da palavra fedor,
inconscientemente é descartada.
A palavra ‘Veneza’ me transporta para um mundo de
romantismo e fantasia com cantores venezianos
entoando suas canções para os casais enamorados que
passeiam pelas gôndolas...
A sonoridade causada pela pronúncia de um nome também
produz sensações tanto agradáveis como
desagradáveis, conforme sejam o seu timbre de voz e
as lembranças associadas a ele.
Os nossos ouvidos captam essas vibrações mecânicas
entre 20 e 20.000 ondas por segundo, as transformam
em sinais nervosos que alcançam o nosso cérebro para
o devido processamento. É claro que a quantidade de
vibrações, volume, ritmo, harmonia, etc. produzem
sensações diferentes em nosso cérebro e afetam o
nosso comportamento.
Não é segredo para ninguém que os sons afetam o nosso
ânimo. Por exemplo, os sons produzidos pelas notas
musicais tanto podem nos acalmar como nos excitar.
A música new age é utilizada para meditação e
relaxamento; as marchas militares para estimular o
espírito guerreiro; os hinos cívicos para estimular
o patriotismo; etc.
Inclusive, há determinados tipos de ‘rock pauleira’
que têm levado pessoas com propensão a agressividade
a entrarem em transe histérico e a serem estimuladas
a praticarem homicídio e suicídio. Numa rápida busca
na Internet encontramos 13 casos de homicídios e 15
de suicídios atribuídos a ritmos e sons musicais.
Por outro lado, a música também é utilizada para
curar pessoas. É por esse motivo que a musicoterapia
já é estudada a nível superior em várias
Universidades e Faculdades no Brasil e no exterior.
A musicoterapia tem ajudado a melhorar a coordenação
motora, dicção e comunicação de crianças com
síndrome de Down, autismo, epilepsia e distúrbios de
sociabilidade. A memória recente do músico Herbert
Vianna, afetada pelas lesões sofridas em seu
cérebro, está sendo reabilitada pelo exercício de
novas redes e conexões neuronais devido ao trabalho
que ele está desenvolvendo com suas músicas mais
novas.
Símbolos, como os dos logotipos, também produzem
sensações por associação com imagens armazenadas em
nosso cérebro. Se essas sensações forem agradáveis
poderão despertar em nós o que os americanos chamam
de ‘good will’ ou boa vontade para com a marca. O
inverso também é verdadeiro.
Corinthians, Ferrari, Gisele Bündchen, Flamengo,
Pelé, Madonna, etc. são palavras e símbolos que
podem despertar paixão em uns e ódio em outros. O
locução Coca-Cola vale 82 bilhões de dólares e a
palavra Itaú já vale mais de um bilhão de dólares.
A Intel vai gastar milhões de dólares para ‘apagar’ a
palavra ‘Pentium’ da mente dos consumidores mundiais
e muitos outros milhões mais para ‘entalhar’ a
expressão ‘Core 2 Duo’ nas células do nosso cérebro.
A palavra-marca Pentium já cumpriu sua missão. Seu
ciclo acabou porque a tecnologia a que ela se refere
já é ultrapassada.
Às vezes, pequenas alterações nas logomarcas,
inclusive de cor, podem produzir resultados
extraordinários.
Afinal, também não é segredo para ninguém que as
cores afetam o nosso ânimo. Como você sabe, as cores
avermelhadas, cujas freqüências estão mais próximas
das do infravermelho (raios caloríficos) são mais
quentes que as cores violetadas cujas freqüências
são mais altas e, portanto mais distantes do
infravermelho. Há cores nobres e cores vulgares;
cores discretas e cores extravagantes; etc.
Como você sabe, tudo o que o nosso cérebro processa
são vibrações captadas pelos nossos cinco sentidos e
transformadas em sinais nervosos. Os olhos captam as
vibrações eletromagnéticas na freqüência branca e
suas cores dispersas (cores do arco-íris); os
ouvidos captam as vibrações mecânicas sonoros na
freqüência audível; o nariz, as vibrações voláteis
de partículas emanadas dos corpos; a boca, as
vibrações provocadas pelas substâncias sápidas; e a
pele, as vibrações mecânicas e térmicas emanadas
pelo contato com os outros corpos e o meio ambiente.
O nosso cérebro é como um banco de dados, ou melhor,
de imagens. Quando chega uma vibração ele procura
uma imagem com vibração similar para comparar e ver
se conhece ou não. Se na comparação, a sensação
produzida não for boa, ela rejeita automaticamente.
O inverso também é verdadeiro.
Por outro lado, sempre que os elétrons se movem (se
irradiam) eles produzem condutividade térmica e
elétrica, brilho, maleabilidade e flexibilidade.
Portanto, as cores é o brilho dos raios
eletromagnéticos visíveis refletidos nos corpos e
captados pela nossa vista em suas diferentes
freqüências de cores (430 trilhões a 750 trilhões de
ondas por segundo).
Assim, como a luz captada pelos nossos olhos contém
‘calor e eletricidade’, é de se supor que as suas
diferentes freqüências de cores causem sensações
diferentes no nosso organismo e no nosso cérebro.
Quem sabe não seja por isso que alguns pagam mais
caro pelo ovo vermelho... apenas porque ele é
vermelho!
É claro que é muito mais fácil usar a ‘deslealdade’
da concorrência para justificar a perda de um pedido
do que se preocupar com esse negócio de touchpoints,
nome, sons, imagens, vibrações, etc. que parece
coisa de doido. Mas não é não. É ciência pura. E
ciência material, não imaterial, que por sinal,
também influencia as decisões dos compradores. Mas
isso é um outro tema para uma outra oportunidade.
Portanto, se você quiser ter muito êxito nas vendas e
principalmente nos lucros, seria bom começar a
considerar seriamente a idéia de utilizar todos os
meios à sua disposição para produzir vibrações
positivas nos seus clientes e se possível, nos cinco
sentidos deles.
Afinal, todos os seres animados ou inanimados reagem
a estímulos do meio ambiente (a uma determinada
temperatura – estímulo – até o ferro derrete).
E no caso dos animais, a primeira reação é puramente
inconsciente ou emocional. Depois, alguns animais
‘analisam’ a reação para reagir de maneira diferente
e padronizada quando voltar a receber o mesmo
estímulo. A esse processo dá-se o nome de raciocínio
ou consciência. Nos humanos essa capacidade é
bastante mais desenvolvida e complexa.
Portanto, a consciência é uma análise da reação
inconsciente (emoção). Por isso, a reação emocional
antecede a racional.
Por outro lado, apesar de dizermos que somos seres
racionais, analisamos menos de 5% das nossas reações
aos estímulos externos, ou às emoções.
É por esse motivo que mais de 95% do
processo de compra é puramente inconsciente. Daí, o
fato de mais de 70% das compras serem por puro
impulso.
Agora, quando o vendedor apenas faz um orçamento
para o cliente (às vezes o envia por fax ou passa os
preços por telefone), a única reação que esse
estímulo provoca é... ao preço, já que não há mais
nenhum outro estímulo a reagir.
E aí, a disputa se dá apenas no campo dos 5%
racionais. A comparação com os preços da
concorrência será inevitável e, preço por preço, o
menor leva.
Uma recente pesquisa deixou os neurocientistas
estupefatos. Descobriu-se que os seres humanos têm
‘neurônios-espelho’ muito perspicazes, flexíveis e
altamente evoluídos.
O cérebro humano tem múltiplos sistemas de
neurônios-espelho especializados em executar e
compreender não apenas as ações dos outros, mas suas
intenções, o significado social do comportamento
deles e suas emoções.
Diz o neurocientista Rizzolatti. "Os
neurônios-espelho nos permitem captar a mente dos
outros não por meio do raciocínio conceitual, mas
pela simulação direta. Sentindo e não pensando."
"Quando você vê alguém executar uma ação, você
automaticamente simula a ação no seu cérebro".
"Circuitos cerebrais o inibem de se mover, mas você
entende as ações da pessoa porque tem no seu cérebro
um padrão dessa ação baseado nos seus próprios
movimentos" diz Marco Iacoboni, neurocientista da
Universidade da Califórnia.
Se você vir alguém emocionalmente aflito por ter
perdido algo, os neurônios-espelho do seu cérebro
simulam a aflição dessa pessoa. Automaticamente,
você sente empatia por ela porque, literalmente,
sente o que ela está sentindo. Os neurônios-espelho
parecem analisar cenas e ler mentes.
Em resumo, ao observar a ação de outra pessoa,
conseguimos interpretar suas intenções.
Como dizia Einstein: ‘Nem tudo que conta, pode ser
contado. E nem tudo que pode ser contado, conta’. E
na área de vendas, há inúmeros fenômenos que não
podem ser contados ou pelo menos, bem contados
(ainda), mas que contam. E, contam muito. Aliás,
contam muito mais (95%) que o tal do ‘preço baixo da
concorrência’ (5%).
Prof. Faccin
professor@faccin.com.br
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