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O perigo dos uniformes e
veículos adesivados com o logotipo das empresas. (parte
2)
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Na primeira parte deste artigo
mostramos que o mau comportamento de alguns entregadores
da FedEx, gravados em vídeos e postados na Internet,
estavam destruindo a imagem da empresa. E que a nossa
palestra tinha por finalidade exatamente treinar,
capacitar e motivar os empregados da linha de frente das
empresas para evitar que eles, consciente ou
inconscientemente, repetissem o mesmo erro.
A repercussão foi muito além do que podíamos imaginar, o
que nos permite supor que as empresas estão começando a
se dar conta do perigo que pode representar para a sua
imagem um eventual comportamento inadequado dos seus
funcionários usando seus uniformes nas ruas ou dirigindo
seus veículos adesivados com os logotipos das suas
empresas.
Nesta mensagem vamos tentar demonstrar cientificamente
porque essa preocupação faz sentido e porque, nos dias
de hoje, uma ação corriqueira ou uma frase sem sentido
pode repercutir mundialmente em questão de horas.
Nas últimas semanas nós pudemos assistir a alguns
eventos triviais que em poucos dias transformaram
pessoas comuns em celebridades, heróis, covardes,
algozes, etc. marcando para sempre as suas vidas.
O Capitão de Falco da Guarda costeira italiana teve sua
conversa com o Capitão Schettino do navio Costa
Concórdia gravada onde ele dava uma ordem: volte para o
navio, saco! (vada a bordo, cazzo!).
Pronto, o “vada a bordo, cazzo” virou hit na web, ganhou
até uma camiseta vendida por uma loja na Internet e
virou símbolo de indignação na Itália.
Hoje, se o Capitão de Falco se candidatasse a Presidente
da Itália, ganharia fácil. Em contrapartida, o Capitão
Schettino virou símbolo da covardia e conquistou a
repulsa coletiva. Em 24 horas essa simples frase mudou a
vida desses dois personagens para sempre.
Eu não sei se o modelo Daniel estuprou a estudante
Daniela no BBB, mas o fato virou caso de Polícia e a
imagem dele ficou indelevelmente maculada.
E, o que falar da “Luiza que está no Canadá”? Em
pouquíssimos dias essa adolescente estudante que não é
atriz, cantora, ou autora de algum feito extraordinário,
virou celebridade nacional.
Ao ser citada pelo seu pai em um despretensioso
comercial imobiliário exibido na Paraíba. "Reuni toda a
minha família, menos Luiza, que está no Canadá", para
que a coisa caísse nas graças dos internautas.
Segundo o portal TV Online, milhares de usuários,
empresas como o Ponto Frio, Yázigi e Claro, o ex-jogador
Ronaldo e até mesmo o twitter da Presidência da
Republica entraram na onda desse que se tornou um dos
memes mais comentados da web.
Em épocas passadas esses eventos ou passariam
despercebidos ou não teriam como ter a repercussão que
tiveram.
Indignado e sem entender o porquê dessas repercussões
absurdas sobre eventos tão triviais, o apresentador do
Jornal do SBT, Carlos Nascimento, iniciou o telejornal
na noite de quinta-feira, dia 19 deste mês de janeiro,
afirmando que "ou os problemas brasileiros estão todos
resolvidos ou nós nos tornamos perfeitos idiotas".
Nem uma coisa, nem outra. Ninguém e nem nenhum país
terão algum dia todos os seus problemas resolvidos
porque as necessidades humanas são ilimitadas. E, nem os
brasileiros e nem os outros jovens do resto do mundo se
tornaram idiotas.
O que talvez o Carlos Nascimento não tenha levado em
consideração é que as pessoas de todas as culturas do
mundo têm necessidade de se comunicar para exprimir os
seus sentimentos e os seus anseios.
Aliás, não são só as pessoas. Todos os animais que vivem
em grupos têm necessidade de se comunicar. As pessoas
que vivem no campo acordam com o canto dos pássaros e
com o rugido dos outros animais e eles passam o dia
inteiro emitindo sons para se comunicarem entre si.
Em um dia comum, um adulto chega a pronunciar umas
40.000 palavras. São cerca de cinco horas de discurso
contínuo.
E a que se referem todas essas palavras? Aos assuntos
importantes do dia? Às novas ideias? Aos novos projetos?
Às novas estratégias? Às questões filosóficas?
Pouquíssimas delas. Esses temas são restritivos e
ocupam, quando ocupam, uma ínfima parte do nosso tempo.
Grande parte do que falamos com as demais pessoas é
trivial. É sobre coisas e pessoas.
Aliás, por acaso o telejornal do SBT apresentado pelo
Carlos Nascimento fala do quê? De filosofia? De ideias?
Fala exatamente sobre assuntos triviais que é o que
interessa ao grande público.
A necessidade de falar torna o processo mais importante
que o próprio conteúdo. Falamos sobre as coisas que
vimos, ouvimos ou fizemos, sobre a família, sobre os
amigos, sobre o tempo, sobre as últimas notícias, sobre
os boatos, sobre as fofocas, sobre os fuxicos do dia,
etc.
Por seu turno, a fofoca não é coisa recente. Ela tem
estado presente ao longo de toda história da humanidade.
O historiador Bernard Capp, da Universidade de Warwick
no Reino Unido, afirma que "a rainha Elizabeth I da
Inglaterra, por exemplo, foi alvo de intensas fofocas
entre 1560 e 1570, do tipo: Ela tem um caso? Está
grávida? Teve um filho ilegítimo? E, por aí afora.”
Segundo ele, boatos assim eram muito comuns entre os
ingleses.
E, durma com um barulho desses: o Social Issues Research
Centre de Londres constatou em seus estudos e pesquisas
sobre a fofoca, que embora ela seja associada a um
hábito feminino, estatisticamente os homens são mais
fofoqueiros que as mulheres... Os pesquisadores dizem
que as mulheres fofocam para passar o tempo e os homens,
para se autoafirmar...
É devido a essa necessidade de falar, falar e falar
(seja lá do que for), que diariamente, bilhões de
pessoas ao redor do mundo se relacionam através das
centenas de sites de relacionamento que formam as redes
sociais do tipo Facebook, Twitter. Orkut, etc. Nesses
sites se comenta de tudo, mas fundamentalmente do que é
trivial e de muita fofoca.
Aliás, o próprio êxito estrondoso desses sites é devido
ao fato de que eles dão vazão a essa necessidade
incontida nas pessoas de se comunicar. E como se isso
não bastasse, ainda tem o You Tube para, além de falar,
também permitir às pessoas mostrar as fofocas em cenas
de vídeo.
Antigamente, quando não havia Internet, as pessoas
também fofocavam, mas as fofocas eram restritas aos
salões de beleza, aos amigos próximos, aos colegas de
trabalho, aos parentes, etc., ou seja, o alcance da
fofoca era muito limitado. Por exemplo, as fofocas sobre
a rainha Elizabeth I ficaram limitadas aos ingleses. Até
por questões idiomáticas elas não tinham como atravessar
as fronteiras da Inglaterra. Mas, se fosse aos dias de
hoje... pobre da rainha...
Juntando a esse fantástico sistema mundial de
amplificação em tempo real das notícias através da mídia
tradicional e da digital, ao fato de que hoje os nossos
passos estarem sendo vigiados digitalmente 24 horas por
dia, temos aí os dois ingredientes básicos para a
repercussão de qualquer deslize em questão de horas:
gravação do fato e facilidade de divulgação a custo
zero.
Somos vigiados por milhões de câmeras de vídeo fixas
espalhadas pelas ruas; afixadas na parte externa das
casas; nos estabelecimentos comerciais; pelas câmaras
fotográficas e de vídeo móveis dos celulares; pelos
sistemas de GPS em nossos carros e nos celulares; e por
toda a nossa navegação na Internet que é rastreada por
programas inteligentes que sabem exatamente o que
buscamos e aonde vamos.
A nossa privacidade acabou neste século XXI. É muito
difícil fazer algo às escondidas. Estamos expostos. E,
se fizermos ou dissermos algo indevido, imediatamente
alguém poderá nos flagrar, gravar e nos expor à
execração pública.
Veja o vídeo que um paciente num hospital fez com o seu
celular no link da Globo a seguir e constate o estrago
que o comportamento irresponsável desse médico, aliado
ao desejo de fofocar do paciente, causaram para a imagem
do hospital (link:
médico fumando no hospital).
Por outro lado, nunca seria demais lembrar que a
imprensa ganha dinheiro com a divulgação de notícias
cabeludas e é por isso que ela amplia os fatos que podem
gerar grande repercussão até não poder mais. Lembra-se
do casal Nardoni? A novela não tinha fim...
Nos últimos dias foi a vez da falsa grávida de
quadrigêmeos e do navio Costa Concórdia. E, enquanto
houver público interessado nessas notícias, a imprensa
estará lá entrevistando qualquer um só para não deixar a
notícia morrer. Quando ninguém mais se interessar pelos
temas, o navio que afunde e o barrigão da grávida que se
dane.
Diante dessa realidade, ou sua empresa treina, capacita,
conscientiza e motiva os empregados da linha de frente,
ou o melhor seria tirar a logomarca dos seus uniformes e
veículos, pois é bem provável que essas mídias estejam
fazendo mais propaganda negativa do que positiva, e de
sobra, sua empresa ainda está correndo o risco de ter
sua imagem abalada indelével e seriamente se um deles
cometer algum deslize que seja gravado e divulgado.
Prof. Faccin
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