Faccin Consultoria
Consultoria Faccin
Prestamos Consultoria para todo o Brasil, Chile,
Argentina, México, Itália, Portugal e Espanha.

Entre em contato

011 4666-7845 e 9154-9354
contato@faccin.com.br

 

 

 

 

Faccin Consultoria

Para a profissão de vendedor não desaparecer os vendedores precisam voltar a “vender”.

 
No dia 17 de setembro de 2013 os pesquisadores Carl Benedikt Frey e Michael Osborne da Universidade de Oxford publicaram um estudo intitulado “The future of employment: how susceptible are jobs to computerisation?” – (O futuro do emprego: que profissões são suscetíveis à informatização?). Ou, em quais profissões as máquinas e os softwares têm mais probabilidades de substituir os homens.

Nesse estudo eles analisaram a probabilidade de 702 profissões serem informatizadas, e concluíram que 47% dos empregos de hoje nos EUA poderão ser automatizados nas próximas duas décadas.

Os primeiros que têm grande probabilidade de perder suas ocupações seriam os operadores de telemarketing, auditores, vendedores de vários tipos de produtos e serviços, corretores de imóveis, instaladores de alarmes de segurança e de incêndio, vigilantes, secretárias, cozinheiros, contadores e auditores, algumas especializações de engenharia, etc.

Recentemente, Bill Gates, fundador da Microsoft, também previu que a robotização da economia eliminará milhões de postos de trabalho nos próximos 20 anos: “máquinas tomarão o lugar de garçons, motoristas, enfermeiros, etc.”.

A questão é bastante simples: se houver uma máquina ou um software que possa fazer o mesmo serviço que faz o homem, a um custo menor, as empresas optarão pela máquina ou pelo software.

E, o que não faltará daqui para frente será máquinas e softwares cada vez mais sofisticados que farão melhor e mais barato o mesmo serviço que fazem hoje os homens em muitas ocupações profissionais.

Como este é um ensaio com foco em marketing e vendas, então vamos analisar por que vendedores de vários segmentos estão entre os que mais rapidamente poderão perder seus empregos para as máquinas e ou softwares, e em seguida, o que eles poderão fazer para não serem substituídos por máquinas e ou softwares.

Resumindo

O problema existente: em muitos segmentos, o custo das vendas feita através de vendedores está sendo praticamente igual ou maior que a margem de lucro gerada pelas vendas efetuadas por eles. Uma relação custo/benefício igual ou negativa.

O problema a ser resolvido pelas empresas: só o trabalho seletivo e diferenciado de um bom vendedor no corpo a corpo com os clientes poderá gerar vendas mais lucrativas.

O quê os vendedores deverão fazer para não perderem a profissão: custarem para as empresas menos do que a margem gerada pelas vendas feitas por eles. Em outras palavras: serem lucrativos.

O problema existente.

No passado, quando as informações sobre o mercado eram escassas ou inexistentes e os meios de comunicação eram incipientes ou inexistentes, à exceção das empresas que vendiam através de licitações, as demais empresas de todos os segmentos só dispunham de um canal de comunicação com o mercado: o “vendedor”.

Ao vendedor era reservada a importante tarefa de prospectar o mercado. E, uma vez localizado o potencial cliente, o vendedor procurava conseguir a atenção dele para demonstrar o seu produto ou serviço; tentava criar nele a necessidade do que estava vendendo; empenhava-se para despertar-lhe o interesse em adquirir o seu produto ou serviço; esforçava-se para estimular-lhe o desejo de satisfazer essa necessidade; e levava-o a ação (assinar o pedido).

Em breves palavras: a profissão de vendas incluía localizar o cliente, demonstrar o produto e ou serviço e persuadir o cliente a comprar.

Hoje os vendedores não garimpam mais o mercado, porque as empresas não só têm à sua disposição um volume impensável de informações do mercado, como também têm grande facilidade de se exporem através das mais diversas mídias impressas, faladas, televisadas, virtuais como internet, redes sociais, de feiras e exposições. etc. e também podem se comunicar através de mala direta, e-mail direto, telemarketing, etc.

Dessa forma, o processo se inverteu: “ao invés de a empresa localizar potenciais clientes através do vendedor, os potenciais clientes é que passaram a localizar a empresa nas diversas mídias”.

Mais: “ao invés de a empresa utilizar o vendedor para divulgar e demonstrar os seus produtos e serviços e tentar convencer o cliente pessoalmente, passou a divulgá-los e a convencer os potenciais clientes através dos mais diversos meios impessoais de comunicação”.

Com isso, o vendedor não só deixou de atuar como “garimpeiro em busca de potenciais clientes”, como também deixou de fazer o trabalho de divulgação e persuasão dos clientes, que foi trasladado para os meios impessoais de comunicação.

Inclusive, em muitos casos, até mesmo a tarefa de preencher o pedido foi transferida para os meios impessoais de comunicação como e-mail, compra direta no website da empresa, etc.

Dessa forma, a profissão de vendedor, tal qual fora concebida no passado, já praticamente não existe mais para muitos segmentos de mercado. O que hoje é chamado de vendedor para essas empresas, na realidade é um “auxiliar de vendas” que presta alguma orientação aos clientes que as procuram, que faz orçamentos, etc.

Uma atividade bem mais simples daquela exercida pelos vendedores antigos, já que o auxiliar de vendas não precisa mais “gastar sola de sapato” para localizar clientes; não precisa conquistar a atenção do cliente para demonstrar-lhe o seu produto ou serviço; não precisa criar a necessidade do seu produto e ou serviço; e tampouco necessita despertar o interesse e o desejo do potencial cliente de satisfazer essa necessidade.

Afinal, supõe-se que se o cliente entrou em contato com a empresa pedindo um orçamento, essas etapas todas já foram vencidas através dos meios impessoais de comunicação.

E, como o interesse de compra partiu do cliente e como ele geralmente pede orçamento para três empresas, a decisão de compra fica por conta dele. Até porque, os auxiliares de vendas, não foram recrutados e não são treinados para “persuadir” os clientes, mas apenas para atendê-los e para fazer orçamentos.

Raros, mas muito raros mesmos são os auxiliares de vendas que tentam persuadir os clientes a comprarem com argumentos convincentes. Por isso, de cada 10 clientes que chamam pedindo um orçamento, apenas 1 ou 2 acabam comprando da empresa.

Por outro lado, a falta de expertise de alguns vendedores e a esperteza de outros em tapear os clientes, fez com que a reputação da profissão de vendas ficasse muito abalada a ponto de a maioria dos vendedores até procurar disfarçar a sua profissão no cartão de visitas, ao ponto de, ao invés de grafarem a palavra “vendedor” no cartão, utilizarem expressões as mais excêntricas possíveis como:

Executivo de Negócios • Construtor de Relacionamentos Comerciais • Consultor de Segurança • Analista de Segurança • Gestor de Negócios • Gestor de Clientes • Gerente de Contas • Promotor Comercial • Executivo de Vendas • Facilitador de Negócios • Pitchman • Pitchwoman • Representante • Contato • e vai por aí afora, até onde a imaginação e a criatividade possam alcançar.

Em alguns casos eles disfarçam tanto o nome da profissão que acabam até confundindo os clientes, já que quando os clientes querem comprar alguma coisa e entram em contato com alguma empresa, eles esperam ser atendidos por um vendedor e não por um “construtor de relacionamentos comerciais...”.

Isso acontece também com algumas prostitutas que deixam os clientes confusos quando escrevem no cartão de visita coisas como, “especialista em relacionamentos íntimo-afetivos”. O cara fica meio confuso e acaba (discretamente para não ser indelicado...), perguntando se ela conhece alguma prostituta para indicar...

Pitchman, então é terrível. Muitos clientes se assustam com a palavra estranha e logo de cara já colocam um pé atrás, porque por associação fonética, acabam supondo que a empresa mandou um parente de “pitbull” para atendê-los.

Então, se os próprios “vendedores” não querem mais ser confundidos com vendedores; se não se sentem vendedores; se de fato não fazem mais o trabalho precípuo de vendas que é prospectar clientes e convencê-los a comprar; e se essas tarefas são feitas por outros meios impessoais de comunicação, eu me pergunto se seria correto para as empresas continuarem pagando comissão por um trabalho que não é feito, uma vez que o instituto da comissão surgiu exatamente para premiar o trabalho específico de “localizar” e “convencer” o cliente a comprar da empresa.

Hoje as empresas pagam os meios de comunicação impessoal para fazer o trabalho que antes era feito pelos vendedores e ainda continuam pagando uma comissão para o auxiliar de vendas, que não faz mais o trabalho que o vendedor antigo fazia. Ou seja, as empresas estão pagando em dobro: gastando com a mídia e com a comissão do vendedor.

Algo está errado nisso. Ou as empresas gastam com propaganda ou gastam com o vendedor. Algumas empresas optaram por não fazer propaganda e gastar o dinheiro com comissão para os vendedores, como é o caso das empresas de marketing de rede como a Natura, a Avon, etc. Outras optaram por gastar com propaganda e não pagar comissão para o balconista, como as grandes varejistas, etc.

No passado os vendedores não tinham salário fixo. Sua remuneração era só baseada em comissões. Se eles vendiam, ganhavam. Se não vendiam não ganhavam. Simples assim. E, mais: como a comissão já era incluída no preço de venda do produto ou serviço, na prática, quem pagava o vendedor era o comprador. Ou seja, o vendedor só gerava lucro para as empresas.

Todavia, hoje os “atendentes” ou “auxiliares de vendas” têm salário fixo, descanso semanal remunerado, jornada de trabalho de 44 horas semanais, reembolso do Km rodado ou carro para trabalhar e uma porção de encargos e benefícios, e ainda ganham uma comissão por um trabalho que não fazem. E, devido às distorções da legislação trabalhista, ganham descanso semanal remunerado sobre as comissões, 13º, férias, FGTS, etc. etc. etc. O custo para as empresas foi às nuvens.

Ainda, é preciso considerar que como os vendedores ganham uma comissão sobre o preço de venda e como no Brasil os impostos são embutidos nos preços, eles acabam ganhando uma comissão também sobre os impostos pagos pelas empresas. Uma distorção inimaginável.

Não é por outro motivo que não seja pelo elevado custo do vendedor; a pouca quantidade de clientes novos conquistados; e o preço baixo conseguido nas vendas devido à ação da concorrência, que as empresas quase não conseguem ter lucro com as novas vendas.

Nas centenas de estudos que tenho feito para os meus clientes, raramente encontro alguma empresa cujos novos clientes têm uma expectativa de deixar uma margem de contribuição superior ao custo de conquistá-lo.

Eu sei que ao tocar nesse tema, muitos vendedores que me leem, certamente, não irão gostar do que estou escrevendo. Mas, deveriam!

E, se lerem este ensaio até o fim me ficarão gratos, porque o que estou fazendo é tratando do problema de frente, abertamente e de forma adulta para alertá-los enquanto é tempo. Pois, se não voltarem a dar lucro rapidamente para as suas empresas, poderão perder os seus empregos muito brevemente como bem prognosticou o Bill Gates e os cientistas autores do estudo citado na inicial deste ensaio.

O vendedor precisa ser consciente de que ele só garantirá a existência da sua profissão se ele for capaz de gerar vendas lucrativas para a sua empresa. Do contrário, poderá ser substituído por outros meios ou mecanismos de vendas mais eficientes.

O problema a ser resolvido pelas empresas.

Como todos os concorrentes estão se expondo na mídia, todos se tornam facilmente localizáveis. Então, todos são consultados. E, o pior é que os meios de comunicação “equalizam” a qualidade dos concorrentes, já que todos dizem que são os melhores (o papel aceita tudo).

Como todos os concorrentes dizem que são os melhores; como os clientes não têm conhecimentos técnicos para separar o joio do trigo; e como os “auxiliares de vendas” não foram treinados para persuadir os clientes, os clientes escolhem um dos “melhores” concorrentes que tenha o preço mais baixo.

O único elemento que poderia conseguir diferenciar e valorizar os produtos, os serviços e a própria empresa, seria o vendedor no “corpo a corpo” com o cliente. Só um vendedor empático e persuasivo poderia conseguir um preço melhor para a empresa.

Ainda, os meios impessoais de comunicação só conseguem estabelecer “conexões racionais” entre as empresas e os clientes. Mas, os vendedores, no corpo a corpo com os clientes, podem conseguir estabelecer “conexões emocionais” e com isso fazer a balança pender para o lado da sua empresa.

Por outro lado, os clientes oriundos da propaganda e que pedem orçamento para as empresas já estão decididos a comprar. Mas, no mercado existem muitos outros clientes que têm potencial para comprar, mas que ainda não chegaram ao ponto de tomar a decisão de pedir um orçamento.

Então, um trabalho bem feito de vendas à moda antiga (prospecção, demonstração, interesse, desejo e ação), por uma equipe de vendas bem qualificada e muito bem treinada poderá conseguir conquistar esses clientes com uma margem de lucro bem melhor.

O quê os vendedores deverão fazer para não perderem a profissão.

Voltar a ser vendedor! Ou seja, voltar a vender e não apenas fazer e entregar orçamentos!

É certo que no mundo atual as empresas podem e devem se expor na mídia para ser facilmente localizável pelos clientes. Mas, os vendedores também podem e devem prospectar pessoalmente novos clientes. E esse trabalho, quando feito pelo vendedor é infinitamente mais seletivo e efetivo.

A questão é que quando a empresa se expõe ao mercado através da propaganda acaba sendo consultada por muitos clientes que não têm exatamente o perfil ideal para comprar os seus produtos ou serviços. Já, com a sua expertise, o vendedor pode selecionar pessoalmente no campo os melhores clientes do mercado para tentar conquistá-los.

Ou seja, ao invés de o vendedor ficar esperando passivamente os clientes que chamam e que nem sempre interessam para a empresa, ele passa a ser proativo indo atrás dos clientes que mais interessam, ainda que no momento esses clientes possam estar sendo servidos pela concorrência.

As empresas e os vendedores precisam entender que os clientes não têm dono. Ou seja, eles hoje podem estar comprando da concorrência, mas eles não são da concorrência. Estão, mas não são!

Também, é preciso entender que por diversos motivos, um percentual elevado de clientes muda de fornecedor ou prestador de serviços a cada ano, seja por motivos aleatórios ou não. Isso é assim mesmo. Os clientes trocam de operadora de celular, trocam de fornecedores em geral, de agência de propaganda, cancelam assinaturas de revistas, trocam de empresa de segurança, etc. Em outras palavras, cliente é um ‘bem transitório’.

Dessa forma, o vendedor que souber melhor se aproximar do bom cliente, mesmo estando ele comprando da concorrência no momento, quando ele for mudar, a sua chance de conquistá-lo aumenta consideravelmente.

Por outro lado, o vendedor precisa se especializar para conseguir atender bem aos clientes que chamam pedindo orçamento para aumentar a taxa de conversão, pois o custo de cada chamada é muito alto e o custo de cada pedido tirado também é muito elevado.

Quando se divide todos os custos do departamento de marketing, vendas e propaganda, mas todos os custos mesmo, inclusive os encargos diferidos da mão de obra, pela quantidade de pedidos tirados no mês observa-se o alto custo de conquista de um cliente novo.

E, quando se compara esse custo com a margem de contribuição esperada dos clientes conquistados no mês, essa relação custo/benefício se mostra desinteressante, porque raramente ela é positiva.

As empresas e os vendedores do século XXI precisam se dar conta de que vendas é uma ciência moderna das mais complexas que existe e que por isso os vendedores precisam se aprimorar em conhecimentos e técnicas. E, as empresas precisam investir em cursos e treinamentos de qualificação.

Os vendedores têm de lidar com a parte técnica dos seus produtos e serviços e com a ação agressiva da concorrência. Todavia, mais complexo que isso é terem de lidar com o processo de escolhas humanas cujos sistemas neurais e mentais que avaliam as opções são múltiplos e na maioria dos casos são confusos e não raro até antagônicos entre si.

Os vendedores têm de lidar com o processo de escolhas “pensadas” e “impensadas” feitas pelos clientes, sendo que a maioria absoluta das escolhas é impensada.

A escolha é pensada quando o cliente analisa conscientemente e com conhecimento de causa as opções apresentadas e toma uma decisão lógica à medida da oferta feita. Mas, isso é raro. As opções pelo preço baixo é o melhor indicador de que a maioria dos clientes faz escolhas impensadas.

A escolha é impensada quando o cliente toma decisões com base em experiências anteriores, sejam elas inconscientes como as tomadas instintiva ou intuitivamente, ou conscientes, mas superficiais como as baseadas nas aparências, nos hábitos (escolhas anteriores), na imaginação, nas superstições, nas crenças (eu acho que, eu penso que, eu acredito que...), nos dogmas, na imitação (efeito manada), etc.

E, o pior é que todas elas, sejam pensadas ou impensadas são fortemente influenciadas pelas emoções e os sentimentos momentâneos produzidos por elas. Por isso, dependendo do estado de espírito do cliente no momento da compra ele pode decidir de uma forma ou de outra.

Se ele estiver alegre e feliz, poderá decidir de uma forma, se estiver triste e infeliz poderá decidir de outra; se sentir-se realizado, poderá decidir de uma forma, se frustrado, poderá decidir de outra; se estiver amando poderá decidir de uma forma, se estiver odiando, poderá decidir de outra; se estiver calmo poderá decidir de uma forma, se estiver estressado ou angustiado, poderá decidir de outra; se estiver excitado poderá decidir de uma forma, se estiver desanimado, poderá decidir de outra; se sentir-se seguro poderá decidir de uma forma, se sentir-se inseguro, poderá decidir de outra; se estiver preocupado poderá decidir de uma forma, despreocupado, de outra; se estiver com medo poderá decidir de uma forma, sem medo, de outra; etc.

Ou seja, a mesma pessoa poderá decidir de forma diferente ao mesmo apelo conforme seja o seu estado de espírito do momento. É por isso que às vezes os clientes parecem ser incoerentes, já que a cada vez eles podem reagir de maneira diferente a um mesmo apelo.

Mas, todos nós somos assim. Quando estamos nervosos, às vezes, dizemos e fazemos coisas que posteriormente, mais calmos, nos arrependemos.

Aliás, ainda bem que os clientes mudam de opinião. Pior seria se fossem durões, ou seja, agiu errado devido ao estado de espírito do momento e depois, para ser coerente, segue agindo errado o resto da vida.

O vendedor precisa estar preparado para agir nas mais extravagantes situações. Por exemplo, um vendedor de vigilância de um cliente meu do sul estava apresentando no folder da empresa a qualidade das instalações do seu centro próprio de formação de vigilantes, quando foi interrompido pelo cliente que lhe disse que não iria mais contratar os serviços da empresa dele porque ela iria quebrar.

Assustado, o vendedor perguntou por quê? E, o cliente lhe disse que a empresa de vigilância Pires de São Paulo que era enorme e tinha um centro de treinamento bem maior que o da empresa dele, quebrou. Então, que a empresa dele também iria quebrar... Pode?

Pode. Essa forma de ligar os pontos de causa e efeito com base numa única relação acidental é muito mais comum do que se possa imaginar no ser humano. A conclusão desse cliente do sul não é diferente daquele jogador de futebol que um dia se esqueceu de fazer a barba, fez um golaço no jogo e a partir daí passou a não fazer mais a barba por acreditar que o golaço (efeito) estava relacionado à causa (barba por fazer).

Pura superstição. Mas, quantas pessoas não tomam decisões em suas vidas baseadas em superstições?

Suponha que nesse caso você fosse o vendedor que estivesse vendendo para esse cliente do sul. O que faria para tentar, sutilmente, contornar essa superstição do cliente e mostrar que sua empresa não iria quebrar?

Depois disso você ainda continua achando que ser vendedor significa fazer um levantamento e entregar um orçamento? Ou que vendas é profissão de vagabundo?

Sinceramente, eu não conheço profissão mais complicada. Toda ciência é probabilística por natureza, sendo que algumas são mais precisas e outras menos precisas. E, vendas faz parte do grupo das menos previsíveis. Acontece de tudo em vendas. Por isso, para ter algum controle sobre os resultados, o vendedor precisa ter muito talento, muito conhecimento, muita prática e muita técnica para poder controlar o melhor possível o resultado das experiências. Afinal, cada venda é uma nova experiência.

Aprender a lidar com as reações pensadas e impensadas humanas sob pressão e incerteza não é uma tarefa para qualquer um.

Para ter êxito o vendedor precisa ter certos atributos da personalidade inerentes a essa profissão como: muita disposição para o trabalho duro, bastante dedicação, excessiva determinação e dureza mental para não se deixar abater com as adversidades sucessivas do dia a dia; astral elevado para manter o otimismo e o positivismo até o final de um dia em que ouviu dez nãos e nenhum sim; rígido controle emocional para não se ofender com nada (vendedor, cachorro, pedinte, prostituta, etc. não podem ter ego, senão não ganham nem pra cachaça...); adaptável para se ajustar a pessoas ou a ambientes inóspitos; inteligência social acima da média para ter facilidade de estabelecer novos relacionamentos e de mantê-los; aversão ao confinamento de um trabalho em local fechado; gosto pela liberdade de ir e vir; gosto por novidade; atração pelo risco; coragem; audácia; arrojo; vontade de ganhar dinheiro; etc. além é claro, de ter certa capacidade de persuasão, ou seja, capacidade de convencer os outros sobre suas teorias ou crenças, sejam elas verdadeiras ou falsas.

Talvez você possa estar pensando que é um exagero um indivíduo precisar ter tantos atributos assim para exercer uma profissão, mas não é não. Se ele não tiver esses atributos, poderá até vender alguma coisa, mas não terá chance de ter êxito e irá custar para a sua empresa mais do que gera de lucro.

O vendedor precisa entender que além de ter de competir com os concorrentes, daqui para frente também terá de competir com as máquinas e softwares que estão querendo o seu espaço.

E, isso será assim mesmo para todas as profissões, porque à medida que as empresas vão se tornando cada vez melhor administradas com os custos mais controlados, irão começar a cortar todo custo que não gere lucro ou irão substitui-lo por outro que gere.

Segundo a Cláudia Vassallo, Diretora da revista Exame, a Pilgrim’s Pride, processadora de carne de frango americana controlada pelos brasileiros da JBS eliminou 5.500 empregos nos últimos 4 anos naquele país (15% da sua força de trabalho).

A tarefa de alguns deles era cortar as peças em pedaços cada vez menores e mais uniformes. Hoje, uma máquina de 1,3 milhão de dólares faz esse trabalho, com precisão muito superior à de qualquer humano.

Em 2010, a empresa enfrentava um processo de recuperação judicial. Em 2013 o lucro foi de mais de meio bilhão de dólares.

Diz ela: “É provável que o futuro não conheça cortadores de frango. É provável também que, para as próximas gerações, profissões como piloto de avião, soldado e guarda de trânsito façam companhia aos datilógrafos e operadores de telégrafo de um passado não muito distante”.

E, eu digo: se os vendedores não voltarem a ser lucrativos, muito em breve as empresas irão encontrar um meio de substituí-los por algum outro meio mais eficiente, porque hoje, a maioria deles dá prejuízo.

A culpa das empresas pelo baixo rendimento dos vendedores

As empresas também têm uma grande parcela de culpa pela ineficiência do departamento de vendas.

Recrutar, selecionar e qualificar vendedores é uma tarefa extremamente complexa que só deveria ser executada por algum especialista que as empresas não têm e nem poderiam ter, porque elas não contratam vendedores diariamente. Essa é uma tarefa esporádica e que por isso mesmo não comporta a montagem e manutenção de uma infraestrutura própria.

Então, ao invés de terceirizarem esse trabalho para uma consultoria especializada, para economizar, tentam fazer isso por conta própria.

O resultado é que a vaga de vendedor que deveria ser preenchida por alguém plenamente qualificado para a função, normalmente é preenchida de qualquer jeito por alguém indicado por um conhecido, por um indivíduo simpático, por uma jovem bonita, por um auxiliar de escritório mais esperto, por um instalador no caso das empresas de alarmes, por um vigilante ou alguém do operacional mais bem apessoado no caso das empresas de vigilância, etc. Ou seja, por pessoas que não têm necessariamente o perfil para vendas.

E, como se isso fosse pouco, não investem como deveriam em treinamento e qualificação dessa mão de obra. E, quando o fazem, é empiricamente dentro da própria empresa sem treinadores profissionais e sem os recursos didáticos necessários para uma boa comunicação.

Infelizmente, as empresas costumam tratar os departamentos de marketing, vendas e propaganda com enorme descaso e depois ficam reclamando que vendem pouco; que os custos são elevados; que os preços praticados são inexequíveis; que os clientes só querem saber de preço, preço e mais preço; que a causa de tudo é a concorrência predatória; etc., etc., etc.

Ou seja, a culpa é sempre dos outros que não a deixam vender. Em nenhum momento elas reconhecem que o problema são elas e não os concorrentes, que o problema é interno e não externo.

Em nenhum momento as empresas reconhecem que o seu departamento de vendas é composto por orçamentistas, atendentes, demonstradores, balconistas, etc., ou seja, de boas pessoas, mas que nada mais são que auxiliares de vendas e não vendedores.

Reclamar da concorrência não é muito diferente do time de futebol que não faz gol por culpa do goleiro do time adversário que não deixa a bola entrar...

Se precisar de ajuda para recrutar, selecionar e treinar teórica e praticamente sua equipe de vendas e ou mesmo montar toda a infraestrutura de administração de marketing e vendas, entre em contato conosco. Consultoria é para isso mesmo: “ajudar as empresas a resolverem problemas incomuns”.

Prof. Faccin
 
 
 

Outros Artigos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Copyright 2005-2007 © Faccin Consultoria
Política de Privacidade