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Permissões e Restrições
ou
Como Evitar Erros Evitáveis

(última parte)

(Outros artigos do autor estão disponíveis no link a seguir: artigos do Prof. Faccin)

Na primeira parte deste ensaio abordamos o tema das restrições e permissões para se evitar erros operacionais evitáveis ou aqueles cometidos pelos funcionários, no seu labor diário, e também aqueles cometidos pelos clientes na sua interação diária com os produtos e serviços oferecidos pela empresa.

Nesta segunda e última parte vamos abordar o tema das restrições e permissões para evitar equívocos nas tomadas de decisões ou escolhas que fazemos ao longo de um dia.

Diariamente um adulto normal recebe em média 50 mil estímulos que exigem respostas (decisões ou escolhas). Desde os mais simples como o estímulo da sede que lhe obriga a beber um copo de água ou com que roupa ir trabalhar, até os mais complexos como qual curso superior escolher, por qual oferta de emprego optar, como reagir a uma nova ação de marketing da concorrência, onde investir, etc.

Na realidade, tudo o que fazemos enquanto estamos acordados (e muitas vezes quando estamos sonhando também) é decidindo o que fazer no instante seguinte: levanto ou fico na cama mais um pouco; tomo café puro ou com leite; leio o jornal ou a revista que chegou ontem; etc. etc. etc.

Como mais de 95% dos estímulos diários são simples e rotineiros, o nosso cérebro responde a eles automaticamente com as escolhas já feitas anteriormente (intuitivas) e em grande velocidade de forma que nem nos damos conta da ocorrência do processo mental, por isso dizemos que ele é feito inconscientemente. Por exemplo, se entramos num ambiente escuro automaticamente procuramos o interruptor para acender a luz; se o sapato desamarra, automaticamente nos agachamos e o amarramos, etc.

O problema maior parece estar naqueles menos de 5% dos estímulos não rotineiros e que exigem um processo mental consciente de qualidade e que sofrem forte influência das emoções.

Algumas pessoas decidem rápido, outras são mais criteriosas e tomam mais tempo para decidir, algumas acham mais fácil seguir a orientação das outras e finalmente temos as indecisas que raramente sabem que caminho tomar.

Todas as decisões ou escolhas são consequenciais porque produzem desdobramentos, alguns controláveis e outros aleatórios. Se o sujeito escolheu a roupa errada pode passar o dia confortável, com frio ou calor.

As decisões simples e rotineiras, geralmente não trazem grandes consequências para a vida do indivíduo. Se ele escolheu a roupa errada e passou frio, o máximo que pode acontecer é pegar um resfriado comum.

Mas, muitas decisões não rotineiras, aquelas que fazem parte daqueles menos de 5% dos estímulos, podem transformar a vida do indivíduo fazendo com que ele tenha sucesso ou fracasso.

Assim, como decidir ou escolher é tudo o que fazemos desde o momento que levantamos até o momento que vamos dormir e como os desdobramentos das decisões que tomamos têm impacto direto nas nossas vidas presentes e futuras, penso que nada é mais importante nesta vida do que nos dedicarmos a estudar melhor esse tema. E, o ideal, como sempre, é começar pelo começo relembrando um pouco o funcionamento do processo estímulo/resposta; ação/reação; ou problema/solução, no nosso cérebro.

Nos animais inferiores, por eles não possuírem raciocínio lógico e emoção, as reações aos estímulos são padronizadas e estão disponíveis prontas para uso na inteligência instintiva inconsciente (herdada geneticamente) e na intuitiva inconsciente (resultante das experiências que eles têm ao longo das suas existências). Afinal, eles não têm consciência e nem emoções. Pelo menos não na forma complexa como as temos.

Nos seres humanos, entram em cena adicionalmente mais dois componentes: o raciocínio lógico e as reações emocionais. Dessa forma, nos seres humanos a decisão ou reação a um estímulo é fruto de um processo interativo entre os sistemas instintivo, intuitivo, racional e emocional.

O instinto tem a finalidade específica de “preservar a vida” e, portanto quando esta é ameaçada ele entra em ação imediatamente produzindo reações específicas para a sua preservação. É tão rápido, ágil e eficiente que não permite a intromissão dos demais componentes.

Por exemplo: o indivíduo está caminhando por uma rua, vê uma cobra a sua frente e em questão de milissegundos a imagem captada pelos olhos vai direto do tálamo para as amígdalas cerebrais – sem nem mesmo ser analisada pelo córtex visual – as quais reagem fazendo o cérebro promover uma descarga de adrenalina suficiente para retesar os músculos e jogar seu corpo para trás a uma distância segura.

A intuição é um conjunto de conhecimentos próprios adquiridos ao longo das múltiplas experiências de estímulos/respostas que o indivíduo teve ao longo da vida, as quais ficaram armazenadas na sua memória inconsciente e que lhe afloram espontaneamente na forma de sensações de aprovação e desaprovação, de conforto e desconforto, etc. sem necessidade de ninguém lhe transmitir nada, porque esses conhecimentos pertencem ao seu universo peculiar e subjetivo.

Assim, quanto mais extensa, culta e rica em experiências e vivências for a vida do indivíduo, maior será a quantidade de opções interativas disponíveis para o raciocínio indutivo.

Segundo Richard Luecke da Harvard Business School, se você toma uma decisão antes que os dados relevantes tenham sido coletados e analisados, é provável que você esteja utilizando a sua intuição. O mesmo ocorre quando uma ideia lhe parece ser tão atrativa que você tenta colocá-la em prática apesar da ausência de dados substanciais.

O raciocínio lógico é aquele que temos percepção e consciência de que ele está ocorrendo. Por suas características intrínsecas é bem mais lento do que o instintivo e o intuitivo, primeiro, porque ele é linear, sequencial e só consegue analisar uma variável de cada vez e segundo porque ele depende da análise lógica objetiva e associativa de todos os dados e variáveis disponíveis para poder induzir e deduzir.

Por isso, quanto maior for a base cultural e intelectual do indivíduo e quanto mais extensa for sua vivência e experiências conscientes, mais amplo será o processo associativo neuronal permitindo a ele processar uma resposta, a mais assertiva possível.

O termo emoção tem origem na palavra francesa “émotion” e segundo os dicionários do Aurélio Buarque de Holanda e da Editora Melhoramentos, significa principalmente “ato de mover”. E segundo a Wikipédia, significa “um impulso neural que move um organismo para a ação”.

Mas, além de levar a ação, a emoção também pode ser definida como uma perturbação ou variação do espírito advinda de situações diversas, e que se manifesta como alegria, tristeza, raiva, abalo moral; comoção, etc.

Portanto, um processo completo de estímulo/resposta; ação/reação; ou problema/solução, para o ser humano geralmente envolve os quatro componentes: instinto, intuição, razão e emoção.

E isso é assim até mesmo para se tomar um copo de água. A sede estimula; o instinto que tem por função preservar a vida nos impele a ir à busca de água; a intuição em combinação com a razão, levando em consideração as condições de temperatura ambientais e em função das experiências anteriores em situações semelhantes sugere se a água deve ser gelada, natural ou meio a meio; e o nosso estado de espírito emocional naquele momento nos faz beber a água de um só gole ou devagar, etc.

Esse processo mental engloba as atividades do cérebro que participam do armazenamento, lembrança e utilização de informações ou da formação de sentimentos e emoções específicos. Ele, também é chamado de ‘processo de cognição’.

A decisão ou pensamento é o produto (reação) desse processo mental, que também é chamado convencionalmente de crença, atitude e avaliação.

Quando se vive uma experiência pela primeira vez, a mente dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo e elaborar uma resposta (tomar água pela primeira vez em um lugar desconhecido).

À medida que a mesma experiência vai se repetindo, a mente consciente vai gastando cada vez menos recursos, porque ela utiliza as respostas anteriores que foram armazenadas na mente inconsciente. A cada repetição, a resposta é intuitiva como se fosse automática. Mas não é.

Ela é processada em grande velocidade pela mente (entre 17 e 33 milissegundos) e por isso não temos como perceber o processo mental ou cognitivo. E por não tomarmos consciência do seu processamento dizemos que ela é processada pela mente inconsciente.

Isso é assim porque, como dissemos, um adulto médio tem em média uns 50 mil pensamentos por dia.

É claro que qualquer um de nós ficaria louco se a nossa mente tivesse que processar conscientemente toda essa quantidade absurda de informações diariamente. Por isso, ela desenvolveu essa habilidade extraordinária de automatizar o processamento dos estímulos repetidos em grande velocidade, evitando fazer duas vezes o mesmo trabalho conscientemente.

Nós nem nos damos conta de que mais de noventa e cinco por cento do processo mental ocorre na mente inconsciente e não na mente consciente, já que mais de noventa e cinco por cento dos estímulos que recebemos diariamente são rotineiros e suas respostas já estão processadas e disponíveis prontas para uso.

E, como a cada processo mental corresponde um pensamento ou uma decisão, concluímos que mais de noventa e cinco por cento das nossas decisões diárias são tomadas inconscientemente.

Agora, apesar de o ser humano ser o único animal dotado de um sistema de raciocínio lógico complexo para utilizar naqueles menos de 5% de estímulos não convencionais, como “pensar cansa”, a maioria opta por não raciocinar e seguir a “manada”.

Talvez seja por isso que decisões racionais são raras, e isso é assim inclusive nos negócios. Não deveria ser, mas é. Raríssimos são os indivíduos que tomam decisões exclusivamente racionais.

A maioria permite que as decisões dos outros, sua intuição e o seu emocional interfiram demasiado nas suas decisões.

De um lado, é comum seguirem sua intuição e tomarem decisões apressadas sem muito raciocinar, baseadas apenas no seu “feeling” (sensibilidade) ou experiências passadas. De outro, deixam o emocional interferir muito nas suas decisões.

Nassim Taleb, professor de Engenharia de Riscos no Instituto Poly da New York University, entende que nadar contra a corrente da intuição é uma tarefa difícil, pois a mente humana foi construída para identificar uma causa definida para cada acontecimento, podendo assim ter bastante dificuldade em aceitar a influencia de fatores aleatórios ou não relacionados.

O psicólogo Daniel Kahneman, prêmio Nobel de economia em 2002, sabia que os seres humanos, por necessidade, empregam certas estratégias para reduzir a complexidade de tarefas que envolvem julgamento e que a intuição sobre probabilidades tem um papel importante nesse processo.

Pesquisas feitas nos anos 1950 e no inicio dos 60 indicaram que a intuição sobre a aleatoriedade costuma falhar. Kahneman e seu colega Tversky descobriram que, quando lidamos com processos aleatórios, seja em situações militares ou esportivas, questões de negócios ou medicas, as crenças e a intuição muitas vezes nos deixam em maus lençóis.

Quando um determinado evento se repete com alguma periodicidade, nossa intuição identifica um padrão e somos compelidos a supor que sempre será assim.

O problema é que se o indivíduo jogar uma moeda para cima 5 vezes seguidas e der cara em todas elas, a intuição dele irá criar um padrão de resposta para o lançamento da moeda para cima e irá induzi-lo a apostar que sempre que se jogar a moeda para cima irá dar cara. E o indivíduo até mesmo poderá supor que a moeda tem duas caras... e aí... ele pode quebrar a cara...

Talvez por isso Galileu Galilei deu mostras de que a ciência deve dar ênfase à experiência e à experimentação constante – o modo como a natureza funciona - e não ao que afirma nossa intuição ou ao que nos parece mentalmente interessante. E, acima de tudo, segundo ele, a ciência deve utilizar a matemática.

No passado, quando o mundo era bastante singelo, as pessoas vividas e experientes tomavam decisões baseadas na intuição com grande probabilidade de acerto já que as coisas não mudavam muito e os padrões mentais intuitivos adquiridos ao longo de suas vidas serviam bem para as novas experiências.

Os animais inferiores erram pouco exatamente por causa disso, o mundo de coisas com as quais eles precisam lidar é bastante pequeno, simples e repetitivo (o homem é o único animal que costuma tropeçar duas vezes na mesma pedra...).

É certo que às vezes a intuição pode nos impedir de cometer alguns equívocos. Por exemplo, você entrevista alguém cujos, currículo e nível de experiência pareçam bons, mas sua intuição não se sente cômoda.

É possível que sua intuição esteja percebendo nessa contratação a repetição de experiências semelhantes que deram errado em algum lugar no passado e que você não se lembra mais conscientemente. Então, ela está lhe enviando mensagens de desconforto para evitar que você repita o mesmo erro. Nesse caso, o melhor é adiar a contratação ou não contratar. Aconselha John S. Hammond, coautor do livro ‘Smart Choices’.

Se uma análise objetiva diz que você deve fazer alguma coisa, mas a intuição diz que não, é conveniente suspender a decisão e adiá-la até que ela tenha um sentido lógico e você a sinta como boa, porque é saudável que ambas as partes do cérebro, a lógica e a intuitiva, estejam alinhadas e coincidindo.

Quando você sentir uma sensação de desconforto ou um “vazio” na boca do estômago, é bom dar-lhe atenção. Mas nunca se esqueça do conselho do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan: ‘confie, mas verifique’.

Verificar se os “padrões” estabelecidos pela sua intuição são válidos é de fundamental importância no mundo de hoje. Afinal, a intuição é válida para as coisas que não mudam, mas esse não é mais o mundo que estamos vivendo. São tantas, tão profundas e tão rápidas transformações em todas as áreas do conhecimento humano que praticamente nada mais é rotineiro nas nossas vidas.

Segundo a IBM, são lançados 3.000 livros no mundo diariamente; a informação a ser gerada neste ano no mundo será maior do que a acumulada nos últimos 5.000 anos; a quantidade de informação técnica nova está dobrando a cada dois anos; o conhecimento humano está dobrando a cada setenta e duas horas; e dez profissões que foram indispensáveis em 2010, sequer existiam em 2004.

Nesse ambiente caótico e altamente metamorfoseável, me parece extremamente perigoso considerar como válidas as experiências passadas para tomar decisões presentes, sejam elas inconscientes (intuitivas) ou conscientes (preconceituadas).

Penso que mais do que nunca, o alerta de Galileu de dar ênfase à ciência (fazer experimentos controlados) é mais do que válido. É preciso considerar o novo como novo e fazer experiências para ver como ele funciona de fato e não se basear no que afirma nossa intuição ou ao que nos parece mentalmente interessante.

O megainvestidor Warren Buffet é um dos raros exemplos de racionalidade nos negócios. Ele não se deixa levar intuitivamente ou emocionalmente por nada. É o tipo do cara frio e calculista. Não há “bolha” de negócios neste mundo que o motive a sair do seu rumo. Ele tem os seus métodos científicos e pragmáticos racionais de análise de balanços das empresas e se guia exclusivamente em bases sólidas e tradicionais. Talvez seja por isso ele tenha se tornado um dos homens mais ricos do mundo.

Mas, ele é realmente um dos casos raros que consegue isolar simultaneamente a intuição e a emoção das suas decisões. A maioria não consegue. Principalmente não consegue evitar a interferência das emoções.

A questão é que as emoções estão intimamente entrelaçadas com o raciocínio lógico. E, embora o nosso cérebro possua estruturas separadas para processar emoções e raciocínio lógico, os dois sistemas comunicam-se entre si e, em conjunto, afetam o nosso comportamento.

Mais importante ainda é que o sistema emocional, o mais antigo dos dois em termos de evolução, geralmente exerce a primeira força sobre o nosso processo mental e o nosso comportamento.

Estudos recentes sobre os efeitos de lesões no cérebro demonstram que, quando as estruturas neurológicas responsáveis pelas emoções são danificadas, os indivíduos afetados perdem a capacidade de tomar as boas decisões que possibilitam uma vida normal.

Feliz ou infelizmente, não sei, quando a razão e a emoção entram em conflito, parece que a emoção sempre acaba levando vantagem. Não fosse assim seria muito fácil emagrecer, deixar um vício, afastar-se de um relacionamento pernicioso, não se endividar, etc. É claro que aqui o instinto também exerce um papel preponderante.

O papel da razão parece ser o de garimpar opções e fazer deduções e induções lógicas, mas quem decide, geralmente é a emoção. É por isso que o sujeito sai para comprar um carro básico e volta para casa com um carro topo de linha cheio de acessórios... e... cheio de dívidas também...

O papel da razão parece consistir, sobretudo, em compreender e interpretar os comportamentos e não o de orientá-los e controlá-los.

As decisões são sempre seriamente afetadas pelo emocional dos indivíduos. É por isso que quando alguém está com o astral elevado, alegre e de bom humor, tende a ser generoso nas suas decisões. Quando está de “farol baixo” e de mau humor, tende a ser severo. Se, gosta de algo ou de alguém tende a ver esse algo ou esse alguém sempre pelo lado positivo (até mesmo as coisas negativas são vistas pelo lado positivo). Se não gosta, é tudo ao inverso. Se se apaixona, então, sai de baixo...

Muitas decisões estão ligadas a questões de prestígio ou para satisfação do desejo de diferenciar o status social do indivíduo. Outras estão ligadas ao sucesso repentino que acomete o indivíduo da síndrome do Rei Midas e o faz acreditar que em tudo o que tocar vira ouro. Um perigo terrível.

Todavia, administrar é solucionar problemas (decidir). Afinal se não houvesse problemas ou se eles fossem irrelevantes e de simples solução não haveria necessidade de bons administradores.

Mas, como eles existem e são inusitados, requerem soluções igualmente incomuns, exigindo processos mentais morosos e de muita qualidade.

E aqui nos deparamos com um problema cultural que tem origem nas escolas primárias que frequentamos e que segue afetando o nosso comportamento e as nossas decisões nos dias de hoje.

Na escola éramos estimulados a dar respostas rápidas às perguntas que os professores faziam. Os rápidos eram enaltecidos e tidos como astutos, inteligentes e espertos. Os morosos eram tidos como “retardados”.

Essa prática acabou se incrustando na nossa mente e em muitos casos tem feito com que nos comportemos como estudantes primários resolvendo de “bate pronto” qualquer problema que nos é submetido.

Na escola, essa prática era até aceitável para saber se o aluno havia estudado e decorado a lição. Mas, no mundo corporativo de hoje em dia, essa prática é um suicídio, já que as perguntas atuais são novas e consequenciais, e por isso exigem respostas igualmente novas que precisam ser ponderadas minuciosamente porque elas produzem desdobramentos não muito previsíveis.

Por exemplo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, resolveu oferecer um subsídio de 420 milhões de reais em impostos para colaborar com o clube Corinthians na execução do seu novo estádio (tomou uma decisão).

Independentemente de essa generosidade fiscal vir a ser aprovada ou não pela câmara de vereadores, o construtor do novo estádio do Palmeiras, em construção, já entrou com um pedido de subsídios similar. Afinal, ambos são clubes da cidade. Assim, se der para um, também terá de dar para o outro.

E, se der para os dois, com certeza o time do São Paulo também irá entrar com um mesmo pedido para reformar o seu estádio do Morumbi. E, a Portuguesa? Vai ficar sem reformar o seu estádio no Canindé? Com certeza vai querer reformar também. Mas, não podemos nos esquecer do glorioso Juventus da Mooca e seu pequenino estádio na Rua Javari... Veja que uma decisão intempestiva e impensada desencadeou um processo de consequências imprevisíveis.

Por isso, é preciso raciocinar muito antes de decidir. A astúcia, a inteligência e a esperteza no mundo corporativo estão exatamente no comportamento oposto ao da primeira escola ou mais especificamente, estão em retardar as respostas, já que as respostas prontas de antigamente e que estão “disponíveis para o consumo” já não servem mais para responder às novas e complexas perguntas da atualidade.

E, como um processo mental de qualidade toma tempo, então é preciso aprender a retardar as respostas.

O grande imperador romano Júlio César ao iniciar uma nova batalha sempre soltava o refrão ‘Ala jacta est’, algo como “a sorte está lançada”.

Naquela época a “sorte” quase sempre estava do lado dele devido ao poderio dos seus exércitos.

Mas, embora a sorte seja a grande responsável pelas mudanças afortunadas e desafortunadas na vida das pessoas, das organizações, de um país e até mesmo dos sistemas planetários, no mundo tecnológico, econômico e mercadológico altamente mutável, complexo, incerto, e competitivo da atualidade, não permite jogar apenas com a sorte para se vencer as batalhas do dia a dia.

As decisões, sejam elas de que natureza for, estão sempre repletas de incertezas porque produzem uma reação em cadeia cujos desdobramentos não são tão previsíveis como a princípio gostaríamos que fossem. Afinal, se as coisas se desenrolassem exatamente como imaginamos, o próprio conceito de “equívoco” não existiria.

E, prever as consequências deveria ser a essência do processo de tomada de decisão, já que no mundo corporativo de hoje as opções de ações ou decisões guardam alguma semelhança com o jogo de xadrez onde, segundo os entendidos, existem precisamente 169.518.829.100.544.025 ou 169 quatrilhões de maneiras de jogar apenas os dez primeiros lances e algo como 250115 (250 elevado a 115ª potência) para os 40 lances seguintes médios de um jogo inteiro normal entre campeões.

É claro que quem tiver maior capacidade de prever as possíveis reações dos adversários às suas jogadas, leva uma enorme vantagem competitiva.

Por exemplo, o supercomputador Deep Blue da IBM que conseguiu vencer o russo campeão mundial de Xadrez Gari Kasparov, na segunda tentativa, era capaz de prever 20 possíveis maneiras seguintes de jogar do adversário.

E, a capacidade de previsão do russo não era muito diferente. Talvez ela fosse até maior. Afinal, os que programaram a capacidade previsional do Deep Blue não tinham a mesma capacidade do Kasparov.

Bom, mas essas opções quase infinitas de jogadas com tantos zeros à direita só estão armazenados nas cabeças desses gênios supercampeões enxadristas, nos supercomputadores e na mente de alguns superexecutivos de empresas multinacionais que chegam a ganhar milhões e milhões de dólares de salários.

As ideias inusitadas do Steve Jobs da Apple com seus iMac, iPod, iTunes, iPhone, iPad, iCloud e sabe se lá quantos iiiii...s ainda veem por aí rendem bilhões e bilhões de dólares para a Apple.

Não é por outro motivo que quando ele fica resfriado as ações da Apple caem na bolsa de valores...

Os enxadristas e os demais indivíduos normais (a maioria que se situa em torno da média) e seus PC’s trabalha com algumas poucas variáveis e por isso têm dificuldades normais de prever com boa probabilidade de acerto o desenrolar de suas decisões.

Então, para evitar equívocos em suas decisões que possam comprometer a saúde das suas empresas, seria conveniente que eles adotassem algumas medidas restritivas práticas, como:

1. Jamais considerar uma decisão anterior ao mesmo problema como boa, para evitar que uma decisão equivocada do passado siga se reproduzindo e se eternize.

2. Jamais considerar o efeito para tomar uma decisão. Sempre buscar a causa ou causas que lhe deram origem.

3. Jamais dar uma resposta a um questionamento no mesmo dia, qualquer que seja. Como praxe, toda e qualquer questão, por mais simples que fosse, deveria dormir pelo menos uma noite na sua mente, já que um processo mental de qualidade toma tempo para criar e analisar as várias opções;

4. Jamais dar uma resposta a um questionamento se a sua mente estiver dispersa ou distraída, entorpecida ou sonolenta, com falta de acuidade e clareza, excitada ou agitada, etc.

5. Afastar-se definitivamente dos bajuladores de plantão. Esses caras não servem para nada. A não ser para ajudar o decisor a se afundar, mas com o ego massageado... é claro.

6. Sempre ouvir os colaboradores “chatos”, aqueles do tipo “se hay gobierno, yo soy contra”, que mais se parecem com o advogado do diabo. Esses caras têm um valor inestimável, pois ou permitem a você ver opções que não está vendo ou, na pior das hipóteses servem para testar e validar suas hipóteses.

7. Assessorar-se com especialistas externos, já que eles possuem a habilidade de apreender o impacto de um evento e prontamente projetá-lo cinco ou seis passos no futuro, ou seja, são capazes de pensar profundamente no problema, e com rapidez.

Isso é assim porque os especialistas desenvolvem uma vasta memória e praticam muito. Qualquer que seja a área é consensual que leva cerca de dez anos de esforços contínuos para que uma pessoa se torne um expert de primeira linha ou primeiro nível.

Joseph T. Hallinan sugere que esses especialistas especiais direcionam a prática para o aperfeiçoamento da memória de desempenho. E, que ao realizarem de maneira correta o treino prolongado, contínuo e deliberado formam um amplo arsenal de conhecimento especializado, uma espécie de biblioteca em suas mentes, que lhes permite reconhecer, rapidamente, padrões que outros não reconhecem.

Ainda segundo ele, em muitos casos, o conhecimento de padrões adquirido pelos especialistas é tão profundo, suas bibliotecas são tão vastas, que eles são capazes de criar em sua cabeça modelos mentais de como uma sequência de eventos deveria se desenrolar e, rapidamente – quase instantaneamente – detectar problemas.

Finalmente, para evitar surpresas, sugiro que sempre faça um “brainstorming” ou exposição de ideias em busca de uma solução de cada decisão importante a ser tomada com os stakeholders ou pessoas envolvidas no processo da sua empresa (colaboradores internos, fornecedores, prestadores de serviços, clientes, etc.). Sendo que estes últimos, devido à experiência interativa prática do dia a dia que possuem com os produtos e serviços podem fornecer subsídios valiosíssimos.

Ainda assim, se precisar de ajuda, permita-me sugerir que entre em contato conosco. Afinal, consultoria especializada é para isso mesmo: ‘ajudar as empresas a resolverem problemas incomuns’.

Ao longo dos últimos 13 anos nós nos dedicamos exclusivamente a prestar consultoria empresarial, econômica, mercadológica, de vendas e propaganda para centenas de empresas.

Nesses anos todos pudemos ver como empresas que fazem praticamente a mesma coisa, o fazem cada uma a sua maneira. Um benchmarking incrível e único.

Essa visão ampla e amplificada desses últimos 13 anos foi associada a uma sólida formação acadêmica nacional e internacional; a uma longa e considerável experiência e vivência profissional anterior sendo 18 anos com trabalhos em 8 países diferentes com moradias em alguns deles; e a um intenso trabalho de pesquisa científica nas áreas onde atuamos atualmente.

Todo esse conhecimento, experiências e vivências poderão ser de extrema valia para, não só ajudar sua empresa sobre as melhores práticas e corrigir distorções naturais do processo, como também fornecer subsídios valiosos para tomadas de decisões, principalmente no campo da inovação, fator essencial para a sobrevivência lucrativa em longo prazo de qualquer empresa.

E, obviamente, por sermos especialistas, fazemos isso com rapidez, praticidade e simplicidade, como convêm ao mundo de hoje!
 
 
 
 
 


Prof. Faccin

 

 

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