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"Proximidade"
Parte I
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A análise a seguir do modelo
organizacional da Igreja Católica versus Igreja
Protestante, inspirada numa declaração do Papa Francisco
à Rede Globo de Televisão, quando ele visitou o Brasil,
é um exemplo típico da importância da adaptação
constante do modelo de negócio ao ambiente conjuntural
onde a empresa está inserida. E, é um bom exemplo para a
sua empresa, também.
Ao ser perguntado pelo repórter sobre o motivo pelo qual
a Igreja Católica estava perdendo adeptos para a Igreja
Protestante, ao invés do Papa tratar o tema pelo lado
religioso, como era de se esperar, ele deu uma
explicação mercadológica: “proximidade”.
E, explicou: “hoje temos paróquias fechadas por falta de
Padres” e como a maioria das pessoas tem necessidades
espirituais e também de ouvir uma palavra de
misericórdia, de compreensão, de apoio, de incentivo,
etc. se a Paróquia Católica está fechada por falta de
Padre, essas pessoas vão ouvir a palavra do pregador
cujo Templo está aberto e ali próximo. E deu um exemplo
dos católicos de uma cidadezinha do sul da Argentina que
passaram a frequentar a Igreja Protestante local porque
há dois anos a Católica estava fechada por falta de
Padre.
Todos nós sabemos que devido às peculiaridades do mundo
atual, não deve ser nada fácil para a Igreja Católica
conseguir recrutar indivíduos que aceitem fazer voto de
pobreza e de castidade, aceitem abdicar do casamento, de
ter filhos, etc. para se tornar Padre e viver uma vida
inteiramente dedicada a servir a Deus e ao próximo.
Já a Igreja Protestante é bem mais pragmática nesse
aspecto, pois permite a seus pregadores levarem uma vida
normal como casar, ter filhos, ter um salário atrativo
como pastor, etc. o que permite a ela conquistar e
formar mais facilmente novos pregadores.
Ademais, a Igreja Protestante estimula seus fiéis a
também angariar novos adeptos (missão) e com isso a sua
equipe de pregação se reproduz numa progressão
geométrica.
E, é óbvio que com uma equipe de pregadores muito maior,
a prospecção e a consequente conquista de novos adeptos
por parte da Igreja Protestante também é muito maior.
Mas, a escassez de novos Padres não explica todo o tema
da “proximidade” abordado pelo Papa Francisco. A
“proximidade” envolve outros aspectos igualmente
importantes.
Construir um templo católico custa muito dinheiro e leva
tempo, devido a sua complexidade e suntuosidade.
Já, para construir uma Igreja Protestante, se for o
caso, basta ao Pastor comprar uma franquia, alugar uma
garagem de carro de uma casa qualquer ou uma lojinha,
comprar umas cadeiras de plástico, colocar uma placa
simples na porta, uma cruz sem imagem, contratar um
conjunto musical que pode ser até sem custo se for
composto de fiéis da Igreja e com uma bíblia na mão o
Pastor começa a pregar. Devido a isso, os pontos de
distribuição da Igreja Protestante se multiplicam
rapidamente.
Eu tiro por base o município de Itapecerica da Serra
onde vivo na Grande São Paulo. Em 1689 foi erigida uma
Capela dirigida pelo Padre Diogo Machado num povoamento
com 900 pessoas. Note bem: 1 Capela e um Padre para 900
habitantes que viviam no entorno da Capela.
O tempo passou e desde a construção da Capela em 1689,
cujo nome hoje é Santuário de Nossa Senhora dos
Prazeres, só em 1988 ou 300 anos depois teve início a
construção de mais uma Paróquia no Município, a de Nossa
Senhora dos Caminhantes. E, só.
Veja a diferença: hoje o município tem uma população
estimada para 2013 de 163.000 habitantes ocupando uma
área de 151 Km2 e tem apenas 2 (duas) Paróquias
Católicas ou 1 (uma) para cada 81.500 habitantes.
É claro que com apenas essas duas bases físicas e com
apenas um pregador em cada uma delas é absolutamente
impossível pretender-se catequizar 163 mil moradores
distribuídos numa área de 151 Km2 (qualquer semelhança
com o departamento de vendas de algumas empresas de
segurança é mera coincidência).
Por seu turno, devido à sua simplicidade e baixo custo,
em pouquíssimo tempo proliferaram centenas de grandes e
pequenos templos de dezenas de denominações religiosas
espalhadas pelo centro e pela periferia do município.
Novamente, não é só a escassez de Padres e paróquias que
reside o problema da “proximidade” que tem causado a
perda de adeptos da Igreja Católica para as outras
denominações religiosas.
Está comprovado cientificamente que temos mais
afinidades e, portanto gostamos mais das pessoas e das
coisas que se assemelham a nós mesmos, seja em suas
origens, na maneira de falar, de vestir-se, de viver,
etc.
Ainda, é bem mais provável que sigamos a liderança de um
indivíduo semelhante do que a liderança de um indivíduo
diferente. Também, quando percebemos que as pessoas que
estão seguindo um determinado caminho têm semelhança com
nós, aumenta a nossa propensão de seguir o mesmo
caminho.
Então eu pergunto: que semelhança existe entre um Padre
Católico todo paramentado com sua vestimenta requintada
e as roupas simples das pessoas humildes da periferia?
Ao invés de “proximidade”, temos aí um grande
distanciamento.
Que semelhança existe entre um sofisticado templo
católico e as residências humildes da periferia onde
moram os seus devotos? Novamente, ao invés de
“proximidade”, temos aí um grande distanciamento.
Que semelhança existe entre o rito sofisticado de uma
celebração católica como a missa, por exemplo, e a vida
simples dos seus adeptos? Menos mal que hoje a missa é
rezada em português, porque quando eu era criança a
missa era rezada em latim para ninguém entender nada.
Para falar a verdade, eu penso que a suntuosidade dos
templos católicos e dos seus ritos deve até inibir seus
devotos mais humildes que não devem se sentir à vontade
dentro da Igreja. Do ponto de vista puramente
psicológico ou comportamental, toda essa parafernália
sofisticada que envolve o mundo católico, ao invés de
“aproximar”, afasta os seus adeptos.
Agora, compare essa pompa toda do Padre, da Igreja e dos
rituais católicos, com a simplicidade de vida do Pastor,
do seu Templo numa garagem com cadeiras de plástico e
dos seus rituais singelos.
É óbvio que o Pastor, por ter uma vida normal se
assemelha em múltiplos aspectos com seus adeptos. É
gente do povo. E, é óbvio também que seu Templo é uma
extensão natural das residências humildes onde vivem os
seus adeptos e que por isso mesmo se sentem plenamente à
vontade dentro dele. Isso tudo aproxima. Daí a
facilidade maior de ele ter mais êxito na prospecção e
na conquista de novos adeptos.
Salvo exceções dos mais fanáticos, imaginar que os
“fiéis” sejam “fiéis”, é uma imaginação no mínimo
ingênua. Eu sou fiel à padaria onde compro pão pelo
simples e bom motivo que não existe outra por perto,
porque o pão dela é péssimo... Em linhas gerais, a
fidelidade não passa de uma simples conveniência. E,
como a conveniência é um fenômeno como outro qualquer,
ela dura enquanto durarem as causas e as condições que
lhe dão sustentação. Mudadas ou cessadas essas causas
e/ou condições, a conveniência também muda.
Esse modelo organizacional da Igreja Católica composto
de Padres celibatários, Templos e ritos suntuosos podem
ter sido válidos para a Idade Média e para os primórdios
da Idade Moderna, mas é totalmente inadequado para os
tempos atuais.
Na realidade, naquele tempo, essa suntuosidade dos
templos, da pompa das vestimentas e dos rituais
sofisticados serviam mais como elementos de opressão
para submeter as pessoas fazendo-as sentirem-se
impotentes para investir contra o “stablishment” ou
sistema de dominação estabelecido e que perdurou por
mais de 1800 anos. Mas, isso hoje já não faz mais nenhum
sentido.
A partir de 1890 quando o Brasil passou a ser um Estado
laico, deixando de ser um estado eclesiástico que
adotava o catolicismo como religião oficial e
obrigatória e que discriminava abertamente os
acatólicos, ou seja, com o fim da “reserva de mercado”,
a Igreja Católica precisou enfrentar a concorrência, mas
até hoje, passados mais de cem anos, ela ainda não
aprendeu a “competir” e por isso não consegue se adaptar
a essa nova realidade do mercado.
Isso é o que normalmente acontece com todo protegido.
Crie seu filho numa redoma de vidro e quando ele crescer
não saberá como “se virar” para sobreviver no feroz
mundo econômico, porque não adquiriu os “anticorpos” da
rua...
Eu não sou Católico e nem Protestante, estou aqui apenas
analisando questões de marketing levantadas pelo Papa
Francisco. Todavia, entendo que se a Igreja Católica não
quiser ver corroer rapidamente sua base de adeptos, terá
de repensar o seu modelo organizacional para adaptá-lo à
nova realidade do ambiente conjuntural da atualidade.
Ainda, não consigo entender o porquê, até agora, ninguém
na cúpula da Igreja Católica que vive no fastuoso
Vaticano não tenha se dado conta das rápidas e profundas
transformações sociais que estão ocorrendo no Brasil,
como o impressionante crescimento da população nos
últimos 100 anos e o extraordinário processo de
urbanização dos últimos 60 anos.
Em 1900 o Brasil tinha 17,4 milhões de habitantes. Em
2013 já passamos dos 200 milhões. Em 1950, apenas 36,2%
da população brasileira ou 19 milhões de pessoas viviam
nas cidades. Em 2013 quase 90% ou 180 milhões vivem nas
cidades.
A população cresceu vertiginosamente e se urbanizou.
Mas, a Igreja Católica continua presa ao seu modelo
organizacional da Idade Média que dificulta sua expansão
para atender a essa enorme demanda.
Dessa forma, a meu ver, se ela não flexibilizar a
questão do celibato e outras questões mais, não só
continuará a ter cada vez mais dificuldade para
conseguir novos pregadores em quantidade suficiente para
abordar um mercado de 200 milhões de pessoas, como
também terá muita dificuldade em se aproximar dos seus
adeptos. E sem pregadores e sem aproximação, será
engolida vorazmente pela concorrência.
Novamente, qualquer semelhança com empresas de segurança
de todos os tipos é mera coincidência...
O problema da desatualização do “modelo organizacional”
vivido pela Igreja Católica atualmente serve de alerta
para todas as empresas de todos os tipos que não
conseguem perceber o “processo” de profundas e rápidas
transformações que estão se dando no ambiente
conjuntural do mundo atual e no Brasil, em particular.
No próximo capítulo deste ensaio analisaremos essa
questão da “proximidade” no âmbito das empresas de
segurança privada de todos os tipos, humana e
eletrônica.
Até lá, se precisar de ajuda para adequar o modelo de
negócio da sua empresa à realidade atual do ambiente
conjuntural atual do mercado da segurança e da
criminalidade, entre em contato conosco.
Consultoria é para isso mesmo: “ajudar as empresas a
resolverem problemas incomuns”.
E, por sermos especialistas e só fazermos isso
diariamente, fazemos tudo com muita competência,
rapidez, praticidade e simplicidade, como convêm ao
mundo de hoje!
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