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Quanto Custa Conquistar e Manter Clientes

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Sem clientes, uma empresa não tem receitas e tampouco lucros. Portanto também não tem valor de mercado. Agora, para ter clientes, a empresa incorre em dois tipos de custos que precisam ser recuperados:

          1. Custo de adquirir o cliente; e
          2. Custo de servir o cliente.

‘Adquirir’ um cliente tem custo. Aliás, afora o ar que respiramos, todos os demais bens e serviços disponíveis na natureza têm custo (aqui em São Paulo o ar ainda é servido grátis, mas é de péssima qualidade...).

Uma empresa de monitoramento de alarmes pode ‘adquirir’ um cliente de duas maneiras:

          1. Comprando-o de algum concorrente (compra de carteiras); ou
          2. Garimpando-o no mercado.

Se comprar a carteira da concorrência, o custo de aquisição do cliente é igual ao custo total da carteira dividido pela quantidade de clientes da carteira, menos os clientes que normalmente são perdidos na transação.
Se for garimpar no mercado, o custo de aquisição é resultado do custo total de marketing mensal dividido pela quantidade de clientes conquistados no mês.
Por custo de marketing para conquistar um cliente novo considere:
  • Salário Fixo do Vendedor - Encargos do salário fixo (multiplique o salário por 1,1) – Benefícios – Comissões sobre Vendas – Encargos sobre as Comissões (multiplique o valor das comissões por 1,1) - Reembolso de Despesas - Aluguel do Espaço no Escritório para o departamento comercial - Despesas de Manutenção do escritório – Telefonia - Materiais de escritório, de informática, de vendas, de limpeza, de copa, etc., etc., etc....
  • Salários da Chefia, secretaria, etc. - Seus Encargos (multiplique o salário por 1,1) - Seus Benefícios - Aluguel do espaço e despesas de manutenção – Telefonia - Material de escritório, de informática, de limpeza, de copa - Depreciação de equipamentos, softwares, etc.
  • Pesquisas de Mercado - Participação em Feiras e Exposições – Catálogos - Malas Diretas – Telemarketing - Anúncios em Revistas - Anúncios em Listas e Guias - Treinamentos, etc.

OBS - Os custos que forem não-mensais, como catálogos, anúncios, treinamentos, etc. praticados ao longo do ano devem ser somados e divido por 12 para se achar a média mensal.

Agora, vamos supor, só para argumentar, que o custo de aquisição de um cliente de monitoramento de alarmes através do sistema de garimpo no mercado seja de R$ 1.000,00 (deve ser mais).
Obviamente, a empresa está desembolsando esse valor agora com o objetivo de recuperá-lo com lucro em longo prazo. A essa ação de aplicar o dinheiro hoje para recuperá-lo amanhã com lucro, obviamente, se dá o nome de investimento.
E se isso é assim, adquirir um cliente novo é um ‘investimento’ como outro qualquer, já que o objetivo é aplicar hoje para recuperar o investimento com lucro em longo prazo.

Portanto, a decisão de investir deve ser precedida da análise comparativa das opções disponíveis de investimentos. Ou seja, a SUA EMPRESA tanto pode investir esses R$ 1.000,00 na aquisição de um cliente novo como pode aplicar esse dinheiro a juros, digamos, a 1% ao mês no mercado, por exemplo.

Neste caso, se ela aplicasse no mercado financeiro esses R$ 1.000,00 hoje para recuperá-lo mensalmente em 48 parcelas mensais àquela taxa de 1% ao mês, ela iria receber 48 parcelas de R$ 26,33 e, portanto iria, nesse período, recuperar o capital investido e ter um ganho nominal de R$ 263,84.

Agora, é muito diferente fazer uma aplicação financeira, praticamente sem riscos e sem nenhum trabalho e investir na aquisição de um cliente novo.
É preciso recuperar o investimento feito na conquista ou na compra deles e ter lucro enquanto eles permanecerem na empresa. Do contrário eles se vão sem deixar lucro e às vezes, até deixando um enorme prejuízo.

No caso do monitoramento de alarmes, o ‘custo de servir’ o cliente é muito alto, o qual inclui os custos da Central de Monitoramento, da Central de Pronto Atendimento (viaturas, comunicação, vigilantes, etc.), Central de Manutenção, Gastos Administrativos com faturamento, cobrança, encargos e benefícios sociais, Impostos, etc.

Então, o custo unitário de ‘servir’ um cliente é o resultado da divisão de todos esses custos pela quantidade de clientes servidos no mês.
Ademais, é preciso considerar que o trabalho é grande e os riscos são elevados e de toda ordem:

          1. Nunca se poderá ter certeza da adimplência do cliente em longo prazo;
          2. Nunca se poderá ter certeza de quanto tempo o cliente permanecerá na empresa (é um investimento volátil);
          3. Devido à velocidade intrínseca das viaturas de pronto atendimento, elas estão sujeitas a riscos de acidentes;
          4. Devido à natureza inerente do trabalho de frustrar as ações dos bandidos, tanto as viaturas como os vigilantes são sujeitos a agressões e a vandalismos por parte dos bandidos;
          5. A empresa é sujeita a responder a processo cível indenizatório caso algum de seus vigilantes seja assassinado em serviço (se ela tiver seguro, o custo é o valor do prêmio mensal do seguro);
          6. Os sócios estão sujeitos a responder (pessoalmente) a processo criminal caso algum de seus vigilantes seja assassinado em serviço;
          7. A empresa estará sujeita a ações indenizatórias por parte dos clientes que forem furtados ou roubados por falha no sistema (cada vez mais os clientes estão ganhando essas ações) – se tiver seguro contra esses eventos, então o custo é o valor do prêmio mensal do seguro;
          8. Os sócios estão sujeitos a responder (pessoalmente) a processo criminal caso algum de seus clientes seja violentado ou assassinado por falha do sistema; e por fim
          9. Servir a um cliente de alarme monitorado é complexo e muito trabalhoso, porque cada cliente se transforma em vários usuários do sistema e outros tantos usuários em ‘stand-by’ (aqueles que fazem parte da Ficha de Monitoramento e que serão chamados em caso de emergência quando não se consegue encontrar o titular).

Se houver uma média mínima de 3 usuários por sistema e mais 3 em stand-by, em uma carteira de digamos 1.000 clientes teremos 6.000 cadastros para atualizar mensalmente. A prática demonstra que pelo menos 5% deles têm alguma alteração a cada mês do tipo mudança de telefone, de endereço de usuário, etc. sendo que o grande problema é que esses usuários não costumam reportar as atualizações como corresponderia.

Ademais, ainda é preciso monitorar o sistema, propriamente dito. Então é preciso mensalmente:

          1. Atualizar os dados dos usuários dos sistemas, os quais não costumam reportar as alterações autonomamente.
          2. Treinar os usuários dos sistemas atuais e também aqueles oriundos do ‘turn-over’ sobre o funcionamento do sistema.
          3. Treinar os usuários dos sistemas sobre como agir em caso de emergência.
          4. Atualizar os dados dos usuários em ‘stand-by’ que nunca reportam as alterações à empresa.
          5. Treinar os usuários em ‘stand-by’ atuais e também aqueles oriundos do ‘turn-over’ sobre como agir em caso de emergência.
          6. Atender os disparos na Central de Monitoramento.
          7. Atender os usuários na Central de Monitoramento.
          8. Atender com viatura em caso de não se conseguir contato com o cliente.
          9. Manter os sistemas instalados em perfeitas condições de funcionamento.
        10. Atualizar tecnologicamente os sistemas instalados, etc.

Feliz ou infelizmente, não sei, tudo neste mundo está num permanente processo de transformações, inclusive nós mesmos, por isso, diariamente os equipamentos e os usuários passam por uma metamorfose invisível, quase imperceptível, mas muito significativa ao final de cada mês.

  • Diariamente os equipamentos e periféricos de alarme estão se desgastando um pouco, seja pela ação do tempo, pela ação das variações ou descargas elétricas, pela ação mecânica dos usuários, pela ação de roedores e insetos, etc.
  • Diariamente tem equipamento apresentando defeito, seja pelo envelhecimento, seja pelos motivos acima, ou pelo uso indevido dos usuários, etc.
  • Diariamente tem bateria perdendo sua capacidade de retenção de carga e precisa ser trocada.
  • Se em cada cliente houver instalado uma média de 10 itens (central, teclado, bateria, trafo, sensores, etc.), em 1.000 clientes serão 10.000 itens instalados. E, se apenas 1% disso der um problema por mês, teremos aí 100 problemas a serem resolvidos por mês.
  • Diariamente tem usuário obstruindo a visão dos sensores com algum objeto colocado a sua frente, como cartazes dependurados, divisórias, armários, forros de gesso, etc.
  • Diariamente tem sensor perdendo a sua capacidade de detecção devido à obstrução de suas lentes por gorduras, sujeiras de todos os tipos, maresia (clientes litorâneos), etc., inclusive por tinta, quando eles são pintados da cor da parede para ficarem mais ‘harmoniosos’ com o ambiente.
  • Diariamente tem mudança de posicionamento de algum sensor, seja por esbarrão acidental; seja quando da limpeza das paredes e às vezes, por ação criminosa de funcionários ou mesmo de pseudos clientes que vão aos estabelecimentos comerciais com o objetivo explícito de mudar a posição dos sensores, sem serem percebidos, para posterior furto; e etc.

    Então, é preciso fazer-se manutenção dos sistemas. E tudo isso tem um baita custo.
    Como se vê, se a opção for investir na aquisição de um cliente novo, ao invés de aplicar o dinheiro a juros no mercado, tem-se que acrescentar um ‘spread’ importante sobre a taxa de juros básica para compensar o trabalho e os elevados riscos do negócio.

    Agora, para saber se o cliente será lucrativo, precisamos comparar o valor do investimento feito na aquisição dele, seja através da compra da carteira ou da conquista, com o valor atual do fluxo de margem de contribuição ponderado pelas taxas de desconto e pelo spread de risco combinados com a taxa de retenção.

    Mas, esse tema, por ser mais técnico e para que este artigo não fique demasiadamente extenso e enfadonho (se você conseguiu chegar até aqui já o considero um herói...), ficará para o próximo capítulo.

    Prof. Faccin
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