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Rejeição à mudança de ambiente
Um recurso incrível, mas pouco explorado

O que mantém os clientes fiéis por mais tempo a um produto, a um serviço ou a uma empresa, além da qualidade, é o árduo, complexo e desgastante trabalho que o nosso cérebro tem para aprender uma nova experiência.

Cada experiência nova exige do nosso cérebro a formação de um grupo novo e específico de neurônios para decifrá-la e administrá-la para o resto da vida. E para poder entender o que está acontecendo, esses neurônios do grupo irão interagir entre si e entre os neurônios dos outros grupos que regem experiências similares.

É por ser muito cansativo o processo mental de aprendizado de algo novo (armazenamento, lembrança e utilização das informações ou de formação de sentimentos e emoções específicos), que sempre que possível o nosso cérebro evita que troquemos o velho conhecido pelo novo desconhecido.

Alguém que possua um iPhone, muito provavelmente deve ser capaz de navegar nele até de olhos fechados. Isso é assim porque o nosso cérebro busca o tempo todo padrões de comportamentos para automatizar o processo mental de forma a poupar energia.

Devido a isso, quando esse alguém quiser trocar o seu iPhone por um modelo mais moderno, não será por fanatismo à Apple que ele irá preferir trocar por outro iPhone. Ele não irá preferir trocar por outra marca concorrente por causa do “árduo trabalho” que teria para “REAPRENDER A NAVEGAR NO AMBIENTE NOVO E DESCONHECIDO”.

Quando trocamos de marca de celular, os primeiros dias são terríveis. Não sabemos onde ficam e como funcionam os aplicativos. Temos de reaprender tudo de novo. É uma experiência enfadonha. Só quem já passou por essa experiência pode entender o que eu estou querendo dizer. Então, o melhor é “manter-se fiel à marca” que já sabemos como tudo funciona de olhos fechados!

É devido ao árduo trabalho de ter de reaprender a navegar num ambiente novo, que rejeitamos a mudança de ambiente e preferimos ir sempre aos mesmos lugares que nos são “familiares” e onde já sabemos de cor e salteado como agem os colaboradores e onde fica cada coisa e como tudo funciona, como o mesmo cabeleireiro, o mesmo supermercado, aos mesmos restaurantes, às mesmas boutiques, à mesma agência bancária e muitas vezes, até aos mesmos passeios e “para não arriscar”, optamos até por tomar os mesmos vinhos, as mesmas cervejas, comer os mesmos pratos, etc.

É por isso que quando vamos a um lugar desconhecido pela primeira vez procuramos ficar de olho nas ações das pessoas à nossa volta para ajudar a orientar o nosso comportamento, desde o que fazer com um saco de pipoca vazio no cinema, até a que velocidade dirigir em certo trecho de uma estrada ou como comer um frango em um jantar (se comemos com garfo e faca ou com as mãos...).

Mudar para um ambiente novo não familiar implica em ter de “reaprender a navegar num mundo desconhecido” e isso exige muito esforço mental. Entre outras coisas, é pelo desgaste de “fosfato” que a maioria das pessoas não gosta muito de ler e de estudar. Aliás, nem sei como você chegou até aqui nesse texto e tampouco tenho certeza de que chegará ao final dele... rsss.

Também, não é por outro motivo que não seja pela rejeição ao aprendizado do novo que a maioria dos vendedores não gosta muito de prospectar novos clientes (lidar com os clientes conhecidos é bem mais fácil, menos cansativo porque já se conhece as suas reações e por isso, mais prazeroso...). Mas, este tema deverá ser assunto de outro texto.

Exatamente para não impor aos clientes o árduo trabalho de reaprender a “navegar” nos ambientes dos seus hotéis, que a rede Íbis construiu todos eles com a mesma arquitetura e design interior, com os mesmos materiais e com a mesma decoração.

Dessa forma, uma vez que o cliente se hospede uma única vez em qualquer um dos 950 hotéis da rede, pronto: ele já aprendeu a “navegar” e está apto a se hospedar em qualquer um deles sem ter de se submeter a novos aprendizados. Tudo será igual. Tudo será muito familiar. Não haverá surpresas. Tudo será previsível. Como convém ao cérebro do cliente.

Também não é por outro motivo que os ambientes e os sanduiches do McDonald’s são todos iguais.

Uma vez que o cliente aprende e se acostuma a navegar dentro de um ambiente, seja de um smartphone, de um sistema de alarme, de um hotel, de um supermercado, de um restaurante ou dentro de qualquer empresa fornecedora ou prestadora de serviços, ele passa a ter dificuldade de trocar, não porque ele é “fiel” à empresa, ao produto ou serviço, mas pelo “trabalho árduo que será exigido do cérebro dele para aprender a navegar num ambiente novo e não familiar”.

Às vezes, os clientes até aceitam pequenos deslizes dos fornecedores ou prestadores de serviços e não os deixam, só para não terem de enfrentar o árduo desgaste de aprender a navegar num relacionamento novo.

Agora, veja a importância do fenômeno da “rejeição à mudança de ambiente” devido ao árduo trabalho de reaprendizado de navegação.

Não fosse a confiança na “previsibilidade comportamental” do ser humano, a própria ciência econômica não teria razão de existir, já que uma de suas funções precípuas é exatamente a de estudar comportamentos passados para prever comportamentos futuros com uma determinada margem provável de acerto.

Se o fenômeno da “rejeição à mudança de ambiente” devido ao árduo trabalho de reaprendizado de navegação não existisse, viveríamos um caos social, porque por falta de coesão os grupos sociais, esportivos, religiosos, culturais, etc. não conseguiriam se formar e evoluir. A própria família não existiria.

Se o fenômeno da “rejeição à mudança de ambiente” devido ao árduo trabalho de reaprendizado de navegação não existisse, o ambiente econômico e empresarial seria tão caótico que por absoluta falta de previsibilidade, empresa alguma conseguiria sobreviver, pois num dia ela poderia ter uma infraestrutura montada para atender a 1.000 clientes e no dia seguinte perder 999. Ou, ter 200 funcionários num dia e no dia seguinte se ver às voltas com a demissão de 199 e ficar com 1 para atender aos 1.000 clientes! Nenhum revendedor poderia fazer estoque de um produto, pois não haveria previsibilidade de desova dele.

Se os seres humanos trocassem de fornecedor como trocam de camisa, uma empresa ou uma carteira de clientes não teria nenhum valor para compra ou venda, pois não haveria uma constância previsível na continuidade da empresa e na taxa de perda de clientes ao longo do tempo, como ocorre na prática. Os clientes poderiam mudar de fornecedor ou prestador de serviços a qualquer momento.

Olhando por esse ângulo, devemos agradecer a Deus pelo fato de o ser humano ser “cabeça dura” e rejeitar à mudança de ambiente devido ao árduo trabalho de reaprendizado de navegação.

Agora, olhando pelo lado positivo, podemos inferir que essa “rejeição à mudança de ambiente” devido ao árduo trabalho de reaprendizado de navegação pode se constituir num grande trunfo para a empresa que souber explorar inteligentemente esse fenômeno, como a rede Íbis o faz, para manter seus clientes comprando dela por longo tempo. Bastará a ela desenvolver produtos, sistemas e serviços de fácil e intuitiva navegação.

Obviamente, isso exige muita padronização dos procedimentos, muita disciplina na rotina diária de atendimento, treinamento inteligente e exaustivo dos colaboradores, etc. coisa que não é muito comum na cultura latina. Os latinos, em geral, não são muito chegados a obedecer às rotinas e às regras em geral (se hay gobierno, yo soy contra...).

As empresas que conseguem reter seus clientes por mais tempo são exatamente aquelas que investem no aprimoramento de um atendimento padrão inteligente e previsível para que a “navegação” dos clientes no manuseio dos seus produtos, no relacionamento com os seus serviços e no ambiente delas, seja o mais cômodo e gratificante possível. A palavra chave é “previsibilidade”.

Por seu turno, as empresas que têm taxas elevadas de perda de clientes são exatamente aquelas cujo atendimento é totalmente empírico, precário, inconstante, confuso, inexperto, etc. obrigando seus clientes a gastarem muito “fosfato” cada vez que eles precisam resolver algum problema.

E, aqui nos defrontamos com um paradoxo. Todas as empresas possuem um Departamento de Vendas e investem em propaganda e marketing para conquistar novos clientes. E quanto mais, melhor. Ainda que seja a qualquer custo ou ao custo de vender por um preço inexequível.

Mas, você conhece alguma empresa que tenha um bem montado e estruturado Departamento Inteligente de Retenção de Clientes?

Isso realmente é um paradoxo. As empresas gastam um bom dinheiro para conquistar ou comprar clientes e não se preocupam de perdê-los prematuramente sem dar tempo de recuperar o investimento feito na conquista ou na compra deles.

É isso mesmo, conquistar ou comprar cliente não deixa de ser um investimento como outro qualquer onde a empresa investe X na expectativa de receber de volta esse X com um lucro Y.

Todavia, na área de prestação de serviços contínuos em geral, como é o caso da segurança eletrônica ou orgânica, o retorno (se houver...) deverá se dar um pouquinho por mês, ao longo de um determinado período de tempo.

Mas, como nada é eterno neste mundo, os clientes também não o são. Mais tempo menos tempo, todos eles deixam a empresa por motivos aleatórios ou por insatisfação.

Alguns clientes cancelam seus contratos por motivos aleatórios como falência, morte, mudança de atividade, mudança de emprego, perda de emprego, mudança de cidade, etc. e outros (a grande maioria) cancelam por insatisfação. E vários são cancelados pela própria empresa por se tornarem inadimplentes e ou por se tornarem inconvenientes. Clientes estes que eu denomino de 3i – irritantes, irracionais e impossíveis de agradar e que por isso, acabam custando à empresa e aos funcionários mais tempo, energia e dinheiro do que esses clientes valem. Então, muitas empresas costumam descartá-los.

O problema é que quando o cliente cancela seu contrato prematuramente, muitas vezes a empresa não tem tempo sequer de recuperar o capital investido na conquista ou na compra dele.

Em relação aos clientes que morrem, vão à falência, mudam de atividade, de local, etc. e aos 3i, não há nada o que se possa fazer para segurá-los por mais tempo na empresa para tentar reverter o prejuízo.

Mas, os que se vão por insatisfação, não apenas se pode fazer algo, como se deve fazer algo para mantê-los na empresa pelo maior tempo possível a fim de recuperar o capital investido e ter algum lucro com eles.

Algumas empresas adotam o tal do SAC para tentar acalmar os clientes insatisfeitos. Mas, no frigir dos ovos, isso significa apenas tentar “tapar o sol com a peneira” ou “varrer a sujeira para debaixo do tapete”.

Quando se fala em Departamento de Retenção de Clientes, se fala em inteligência de marketing, em proatividade no atendimento das necessidades presentes e futura dos clientes. No acompanhamento da experiência de navegação do cliente com o manuseio dos produtos, dos sistemas, no relacionamento deles com os serviços e no ambiente da organização. Se fala em aumentar o lucro por cliente, vendendo-lhes mais produtos da mesma linha (up selling) ou de outras linhas (cross-selling).

Um cliente é um “poço de petróleo temporário” a ser explorado. E essa temporariedade é dada pela taxa de perda de clientes. Por exemplo, se a taxa de perda for de 1% ao mês (tolerável e natural pelos diversos motivos apresentados acima), então ela terá mais ou menos uns 70 meses para tirar o máximo de “petróleo” que puder desse poço, porque depois que o cliente se for, se foi. Não há mais como ter lucro com ele.

As agências de propaganda criaram a figura do “Contato” para estabelecer a conexão entre empresa-cliente. Os Corretores de seguros estabelecem a conexão entre os clientes e as seguradoras. Os Gerentes de Contas dos bancos cuidam de todos os interesses de um grupo de clientes. A ideia é ter alguém responsável pela manutenção do cliente na empresa pelo maior tempo possível.

E os clientes das empresas de segurança? Quem cuida deles? Coitados. Normalmente, ninguém especificamente ou uma pessoa é destacada para atender a reclamação de milhares de clientes. Por isso e habitualmente, quando esses clientes têm problemas, ligam para a empresa e passam por uma verdadeira “via crusis” para ser atendidos e isso quando alguém atende ao telefone depois de ele muito tocar.

Cada vez que os clientes ligam para pedir alguma informação ou para reclamar de alguma coisa são atendidos por pessoas diferentes e que prestam um atendimento diferente. E isso acaba virando uma verdadeira “Torre de Babel”. Ninguém se entende. Uma desinteligência generalizada e um nível altíssimo de irritação dos clientes.

Se os responsáveis por essas empresas tivessem o cuidado de pelo menos uma vez por mês ligar para a sua empresa se passando por cliente, iriam sentir como os clientes são maltratados.

Se você trabalha numa empresa de monitoramento de alarmes, converse com os Operadores da Central de Monitoramento e ouvirá deles como alguns usuários os tratam pelo telefone. É inacreditável, mas muitos usuários chegam até mesmo a ofendê-los pelo telefone com palavras de baixo calão.

A pergunta que cabe aqui é: tratando os clientes dessa maneira, como é possível retê-los por muito tempo na empresa para recuperar o capital investido na conquista ou na compra deles e ter algum lucro com eles?

O mais curioso é que depois que o cliente pede cancelamento, a empresa manda um vendedor (em geral sem pagar-lhe nada) para ele tentar reverter o cancelamento, em geral, oferecendo descontos e ou serviços grátis ao cliente para compensar.

Que paradoxo! As empresas gastam um bocado de dinheiro para conquistar ou comprar clientes, mas não se preocupam nem um pouco com a retenção deles para garantir o retorno do capital investido e ter lucro com eles.

Bem, o tema é amplo, mas creio que o abordado já deve ter sido suficiente para meditar e se de alguma maneira este ensaio for útil a você, o tempo que gastei na elaboração dele já foi bem recompensado.

Igual, se precisar de ajuda não hesite. Nossa empresa é especializada em montar e desenvolver “Departamentos Inteligentes de Retenção de Clientes” para os nossos clientes.



Prof. Faccin

 

 
 
 
 
 

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