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Só sabemos que ‘crise’ é sinônimo de oportunidade - 1ª Parte

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Toda crise é um fenômeno resultante uma ampla (muito ampla) e complexa (muito complexa) rede de causas que se manifesta sob determinadas condições.

Dura enquanto durarem as causas e condições que lhes dão sustentação, que por sua vez são diferentes daquelas que lhes deram origem. E se transforma, quando elas se transformarem.

É por isso que ninguém sabe exatamente os fatores componentes do processo dessa crise financeira (talvez sejam milhões e até trilhões!); ninguém sabe exatamente os fatores desencadeantes do fenômeno; e muito menos: ninguém tem a menor idéia de suas conseqüências.

Portanto, não ligue para o que falam os ‘especialistas de plantão’ (qualquer um pode dar palpite), nem para o ‘terrorismo da imprensa’ (ela vive disso) e não siga a ‘manada’ porque ela não sabe para onde ir...

Aproveite a oportunidade porque o dinheiro não está desaparecendo e não irá desaparecer, apenas está mudando de mãos.

Enquanto muita gente está perdendo dinheiro, o megainvestidor Warren Buffet (jogando o mesmo jogo) aumentou a sua fortuna em 8 bilhões de dólares nesse curtíssimo período de crise e aproveitou para passar o Bill Gates, tornando-se o homem mais rico do mundo.

Agora, em toda crise financeira podemos detectar um comportamento (equívoco indutório) que estimula o processo e três que ampliam os seus efeitos: inconseqüência, irresponsabilidade e comportamento de manada.

Nesta primeira parte do artigo vamos analisar apenas a questão do ‘equívoco indutório’.

A metáfora a seguir facilita o entendimento do equívoco indutório a que me refiro.

O boi da raça W Agyu é alimentado diariamente na sua dieta com cerveja, recebe sessões diárias de massagem para amaciar sua carne e ouve música clássica diariamente para não se estressar e não enrijecer os seus músculos.

Ao ser tratado diariamente dessa forma (cervejinha, massagem oriental, música erudita, etc.), o pobre do boi supõe que a regra da vida é ser alimentado e tratado com muito carinho e dignidade pelos membros amigáveis da raça humana que ‘zelam pela sua vida’. Até que, por volta do milésimo dia, ... pimba!

Os muy amigos hermanos da raça humana cortam o seu pescoço, o esquartejam e vendem sua carne por 1.000 dólares o quilo! Vendem sua pele, seus ossos, seus dentes, suas vísceras, seu casco, e até mesmo os seus pobres cornos...

Agora que já vimos o exemplo do boi, vejamos o exemplo dos homens.

Cada real investido em ações da Cia. Vale do Rio Doce em novembro de 2006 se transformou em dois reais e trinta centavos em outubro de 2007. Nada mal...

Ultimamente, nos EUA, o melhor negócio do mundo era investir em imóveis. Comprava-se por cem e, um ou dois anos depois, vendia-se por cento e cinqüenta.

E o que falar do Petróleo? Há poucos meses atrás a especulação fez seu preço dobrar nas bolsas internacionais.

Ah, mas ainda tinham as commodities agrícolas!

Os países emergentes promoveram grandes contingentes de pobres para o estrato da classe média e essa turma começou a comer como nunca. Logo, iria faltar comida e os preços iriam explodir. Se é assim, o negócio era investir no mercado futuro dessas commodities...

Como o dólar estava derretendo a cada dia... O negócio era se endividar em dólar e ter o seu valor da dívida em real reduzida no futuro. Fantástico!

Apenas com base na observação empírica e diária dos fatos, o boi não teria como saber que a mão que o alimentava, com tanto carinho e dedicação, seria a mesma que iria ‘cortar-lhe o pescoço’.

A sua degolação fora totalmente imprevisível, porque o conhecimento que ele acumulara durante toda a sua vida não contemplava essa experiência.

Assim, como ele poderia prever o futuro com base no conhecimento que ele adquirira no passado? Como ele poderia imaginar o que o aguardava amanhã, a partir do que acontecera no passado?

No mundo dos homens, praticamente todos os eventos catastróficos (aqueles que mudam a história) também não são previsíveis e portanto também somos pegos de surpresa como o pobre do boi.

Veja o exemplo das torres gêmeas de Nova Iorque. Quem poderia imaginar que algo daquela natureza pudesse acontecer? Os que estavam no local foram surpreendidos da mesma forma que o nosso amigo boi.

E quem poderia imaginar que a 2ª guerra mundial iria matar algo em torno de 60 milhões de pessoas?

Os exemplos são inúmeros. Aliás, todos os que mudaram os rumos da história.

Todavia, há catástrofes, como essa que estamos vivenciando neste momento, que não só são perfeitamente previsíveis por qualquer pessoa medianamente inteligente, como também foram amplamente previstas e divulgadas.

A questão é que mesmo sendo prevista e fartamente propalada, ninguém fez nada para mudar o rumo das coisas. Tanto os governantes, como os agentes econômicos seguiram a manada rumo ao precipício.

Então, a pergunta que fica é: porque os governantes não fizeram nada para evitar o caos?

A resposta é: questões de ordem política por parte do governo e de hipocrisia por parte dos contribuintes.

Se o governo tentasse intervir para evitar o caos, antes de ele se dar, os contribuintes não iriam permitir que seu dinheiro fosse usado para salvar ‘empresas irresponsáveis’ (como se os milhões de americanos que compartilharam dessa tramóia fossem responsáveis...)

Mas, depois do caos, tudo bem, porque aí não se tratava mais de salvar as empresas dos desonestos incompetentes, mas a própria pele.

Mais uma pergunta: porque os dirigentes dessas organizações, que estavam vendo o precipício se aproximar, não fizeram nada para tentar mudar o rumo das coisas?

A questão é que depois que eles entraram na roda-viva e ela atingiu certa magnitude, não tinham mais como fazer a roda parar ou mesmo sair dela sob pena de quebra. Então, o negócio era seguir adiante até a bolha estourar por si só.

E porque os investidores, percebendo o perigo que se aproximava, não pularam fora?

Aqui podemos observar claramente o fenômeno do equívoco indutório. O indivíduo ganha fazendo algo arriscado e não acontece nada. Então ele se anima e repete a dose uma segunda vez, uma terceira vez, e segue se arriscando ene vezes, até que um belo dia, pimba! Lhe cortam o pescoço e lhe escalpam a pele...

O maior problema é que a cada vez que o mesmo fenômeno se repete e nada acontece, mais cresce a confiança do aventureiro de que aquilo irá continuar acontecendo exatamente daquela mesma maneira, apesar de a tragédia ser cada vez mais iminente.

Agora, veja a ironia desse processo: de um lado a sensação de segurança vai crescendo a cada dia que não acontece nada de ruim e de outro lado o risco também vai crescendo a cada dia que o fenômeno está sendo alimentado e crescendo.

Dessa forma, a sensação de segurança atingirá o ponto máximo quando o risco também estiver no ponto mais alto!

Foi por esse motivo que nesta crise, empresas do porte da Votorantim, Aracruz, Sadia, etc. perderam, respectivamente, 2,2 bilhões, 1,9 bilhão e 750 milhões, apostando (inconcebivelmente) na continuidade da queda do dólar.

Agora, atente para um detalhe interessante: ‘o método científico implica, exatamente, na teorização do aprendizado feito a partir da observação empírica, sistemática e exaustiva da repetição dos fenômenos.

Todavia, como diz o Nassim Taleb, confundir uma observação inocente do passado com algo definitivo ou representativo do futuro é a única causa da incapacidade de prever e compreender o que virá pela frente.

O problema é ainda mais geral porque atinge a natureza do próprio conhecimento empírico. Veja, algo funciona bem até que inesperadamente deixa de funcionar.

Observe que diante do impacto do fato inesperado, o que aprendemos no passado revela-se, na melhor das hipóteses, como irrelevante ou falso, e na pior das hipóteses, perversamente enganador.

É por esse motivo também que a cada ano muitas empresas quebram inesperadamente. Elas simplesmente apostam que o futuro será uma continuação do passado (equívoco indutório).

Elas vendem seus produtos e serviços por um preço incompatível com o custo para ‘vencer a concorrência’.

Depois, aprendem e se acostumam a driblar os problemas financeiros, tributários e trabalhistas e se sentem seguras com a repetição dessa prática, perdendo a percepção de que, quanto mais confiantes se sentem com a repetição dessa prática, mais próximas estão do risco de morte.

No próximo capítulo abordaremos a questão da inconseqüência, irresponsabilidade e comportamento de manada

Até lá, aconselhamos a não dar ouvido para os especialistas palpiteiros; a não dar bola para o terrorismo da imprensa; a não seguir a manada e fazer o que toda empresa precisa fazer em qualquer época, independentemente de ela ser de prosperidade ou de crise: ‘dedicar-se de corpo e alma a cada minuto de sua atividade profissional, à tarefa de conquistar novos clientes e de manter os clientes conquistados’.

Se sentir que precisa de ajuda para montar uma sólida estrutura de ‘conquista e manutenção de clientes’, não hesite: entre em contato conosco o mais rápido possível porque neste exato momento o dinheiro está mudando de mãos e talvez tenha chegado a oportunidade que você tanto esperava para ganhar muito dinheiro!
 

 

Prof. Faccin

 

 

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