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Tempestade Azul

A entrada da Vigzul no mercado de monitoria de alarmes com um aporte de 100 milhões de reais www.vigzul.com.br , empresa do David Neeleman dono da Azul Transportes Aéreos (vide reportagem no Estadão, na Exame e na Isto É), promoveu uma agitação grande entre as empresas concorrentes. E como consultor especializado do segmento, recebi uma “chuva” de e-mails e de ligações telefônicas pedindo minha opinião sobre esse evento.

Na prática, a entrada da Vigzul no mercado vem corroborar os meus dois últimos artigos, “Proximidade” parte um e dois, e “Só com um ‘exército’ de vendedores será possível enfrentar a numerosa concorrência atual”. Se você não os leu, aproveite e clique nos links para lê-los porque eles são muito esclarecedores do momento concorrencial atual.

A entrada no mercado de um novo concorrente de peso, com o histórico de vencedor do Nelleman e respaldado pela boa imagem da Azul, ademais de poder atrair outras corporações internacionais de grande porte para o mercado brasileiro, ainda pode indicar que estamos no limiar de uma reestruturação concorrencial, onde os milhares de micros e pequenas empresas de cidades médias e grandes, que não se profissionalizarem como corresponde em curto espaço de tempo, poderão ser absorvidos por grandes corporações em pouco tempo.

As microempresas e empresas de pequeno porte já existentes no mercado que tiverem uma carteira saudável de clientes, a entrada da Vigzul no mercado poderá ser uma boa oportunidade para elas venderem suas carteiras. Todavia, para as empresas cujas carteiras custam mais do que valem, isso poderá ser o fim da linha.

Igual, independentemente do tamanho e do grau de profissionalização da empresa já existente no mercado, a entrada de um concorrente do porte da Vigzul é sempre motivo de preocupação.

Mais ainda quando a estratégia de marketing desse novo concorrente é a de trabalhar com um verdadeiro “exército” de vendedores prioritariamente mórmons que segundo ele já são treinados a bater de porta em porta em suas missões religiosas e que por isso mesmo já estão acostumados a receberem “não” como resposta sem se abalarem.

Todavia, pelo que eu tenho lido nos diversos meios que divulgaram o fato, tudo indica que inicialmente a estratégia inicial da Vigzul será a de abordar em seis meses clientes em cidades com mais de 400 mil habitantes.

Portanto, se sua empresa se encontra em uma cidade menor, pelo menos por enquanto não há com o quê se preocupar. Contrariamente, se sua empresa se encontra numa das cidades alvo inicial da Vigzul, certamente, seria conveniente tomar algumas medidas de precaução para tentar proteger o seu “patrimônio” que são os seus clientes.

Conforme reportado pelo próprio Neeleman, o nicho de mercado que ele pretende atacar deverá ser o de residências de classe média e pequeno varejo que ainda não têm um sistema de segurança instalado. Mas, obviamente seu exército de vendedores também deverá bater nas portas dos imóveis desse tipo que já têm um sistema instalado em busca dos que estejam insatisfeitos com os seus fornecedores atuais.

No caso das residências de classe média que ainda não dispõem de um sistema de segurança, o impacto da entrada da Vigzul na receita das empresas de monitoramento que já atuam no mercado deverá ser muito pequeno, porque em geral elas não têm se dedicado a esse nicho de mercado, já que para abarcá-lo é necessário fazer um porta a porta, inclusive aos sábados, domingos e feriados e até onde eu saiba, não é hábito dos vendedores de alarmes atualmente trabalharem em dias não úteis e tampouco fazer esse porta a porta em residências.

Então, se as empresas que já atuam com o monitoramento de alarmes não se interessam por esse nicho de mercado, não há mal nenhum que uma empresa nova o atenda.

Por outro lado, nas residências e nas micro e pequenas empresas e profissionais liberais que já possuem um sistema instalado, se o cliente estiver satisfeito com o seu prestador de serviços atual o impacto também não deverá ser muito grande, porque não é normal cliente satisfeito trocar de fornecedor.

Mas, obviamente, nos clientes insatisfeitos os fornecedores atuais poderão ter problemas. Mas, isso é assim mesmo em qualquer segmento de mercado. A empresa que conquista um cliente e não cuida dele, fica sujeita a perdê-lo para a concorrência. E se perder, a culpa é dela e não do concorrente. Afinal, numa economia de mercado baseada na livre iniciativa privada isso é assim mesmo: os mais interessados e aptos ganham e os menos interessados e inaptos perdem.

Eu diria que provavelmente esse será o “momento da verdade”, ou seja, momento onde cada empresa irá saber se de fato ela está cuidando adequadamente dos seus clientes ou não.

As empresas que tiverem um bom departamento de pós-venda que mantenha contatos constantes com os seus clientes; que treina adequadamente os novos usuários do sistema e recicla o treinamento dos usuários mais antigos; que atualiza a ficha cadastral deles; que acompanha a experiência interativa e diária dos usuários com os sistemas instalados; que cuida do perfeito funcionamento dos sistemas instalados; que busca atualizar esses sistemas oferecendo regularmente novos produtos e serviços para proteger cada vez mais e melhor a vida e o patrimônio dos seus clientes; etc. não precisarão se preocupar muito porque seus clientes não estarão propensos a trocar de fornecedor.

Todavia, as empresas que única e tão somente apenas enviam o “boleto bancário” a cada mês aos seus clientes e cujos únicos contatos pessoais que têm com eles são para atender aos alarmes falsos; para resolver problemas nas instalações; problemas nos equipamentos e dispositivos de alarme; etc. então seria conveniente rever de imediato sua estratégia de retenção de clientes. Do contrário, poderão sofrer uma corrosão séria da carteira.

Infelizmente, o que está escrito no parágrafo acima é o que mais eu tenho visto nas inúmeras visitas de treinamento de campo que tenho feito para os vendedores dos meus clientes.

Tenho observado que existe um grande número de sistemas instalados há até mais de uma década por várias empresas de monitoramento de alarme sem qualquer manutenção, sendo que alguns já estão sucateados e outros nem mesmo funcionando mais, deixando os usuários totalmente desprotegidos. Então, é claro que estes clientes desatendidos estarão propensos a ouvir um speech novo de vendas de uma empresa que tenha um bom pedigree e a mudar de fornecedor.

Igual, independentemente da maior ou menor perda de clientes que as empresas já existentes do setor vierem a sofrer; e da maior ou menor dificuldade que vierem a ter para enfrentar o novo concorrente, a entrada no mercado de uma empresa do porte da Vigzul, com uma proposta de qualidade e de venda agressiva a preços populares irá obrigar as empresas de menor porte já existentes no mercado e que também praticam preços populares, mas sem a economia de escala e a qualidade que a Vigzul poderá ter, a reverem suas estratégias operacionais e de marketing, porque qualidade a preço popular só é viável economicamente com vendas massivas e com um sistema operacional enxuto.

Essa é a leitura que eu faço preliminarmente do impacto que a Vigzul possivelmente irá causar no mercado. Dessa forma, se essa minha leitura do processo puder ser útil de alguma maneira para a sua empresa, o meu tempo terá sido recompensado.

Igual, se precisar de ajuda para rever e eventualmente adequar o modelo de negócio da sua empresa à realidade atual do ambiente conjuntural do mercado, entre em contato conosco.

Consultoria é para isso mesmo: “ajudar as empresas a resolverem problemas incomuns”.

E, por estarmos a 15 anos assessorando exclusivamente o marketing e as vendas de centenas de empresas de segurança de todos os tipos em todo o Brasil, mas principalmente do segmento eletrônico, fazemos tudo o que precisa ser feito com muita competência, rapidez, praticidade e simplicidade, como convêm ao mundo de hoje!

Prof. Faccin

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