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“Um baterista tocando piano”

Se você fosse regente de uma orquestra, teria coragem de contratar um “baterista para tocar piano”?

 

Não teria? Não teria coragem de contratá-lo ainda que ele fosse um bom sujeito? Uma pessoa simpática? Um indivíduo de confiança? Um cara legal? Alguém que tivesse um Q.I. importante (quem indica)? Que falasse bonito? Que tivesse boa aparência? Que fosse uma mulher bonita, atraente e sexy? Que fosse amigo do seu filho? Parente da sua esposa? Ou mesmo que fosse seu filho, sua mulher, seu pai, sua mãe, etc.?

Ainda assim, você não contrataria? Tem certeza? Olha que o cara é amigo do dono da orquestra! Vai correr esse risco?

Se você não contrataria, seria porque como regente e responsável pelo sucesso da sua orquestra, você não estaria contratando “alguém”, mas “conhecimentos e habilidades”.

Assim, se esse alguém fosse alto ou baixo, magro ou gordo, homem ou mulher, conhecido ou desconhecido, parente ou não parente, filho, esposa, etc. tudo isso seria absolutamente irrelevante. O relevante seria que esse alguém tivesse os conhecimentos e as habilidades necessárias para tocar piano na sua orquestra.

Agora, atente para um detalhe interessante: “uma orquestra é uma organização igualzinha à outra qualquer”, como a sua empresa, por exemplo. Só mudam as ferramentas com as quais os empregados trabalham e que só por isso elas produzem produtos e prestam serviços diferentes (produzem sons diferentes).

E, da mesma maneira que os ouvintes não gostariam de pagar para ouvir uma orquestra onde um baterista estivesse tocando piano, os clientes também não gostam de pagar pelo produto ou pelo serviço prestado por uma empresa cujos empregados estejam “manejando instrumentos para os quais não têm os conhecimentos e as habilidades essenciais”.

E, se isso é assim, a pergunta que cabe aqui é:

           1. Porque as empresas em geral costumam inverter o processo e priorizar o que só em último caso poderia (eventualmente) vir a ser considerado?

           2. Porque as empresas não contratam profissionais da mesma forma que as orquestras contratam os seus profissionais?

Seria porque o trabalho dos empregados nas empresas não produz os mesmos ruídos desagradáveis que os que seriam produzidos por um baterista tocando piano numa orquestra? Seria isso?

E, por acaso é muito agradável para os ouvidos dos clientes e dos seus vizinhos a sinfonia noturna diária dos sons produzidos pelas sirenes dos alarmes falsos das empresas de monitoramento?

Outros ruídos não menos desagradáveis são ouvidos pelos Operadores da Central de Monitoramento. É inacreditável, mas muitos usuários chegam até mesmo a ofendê-los pelo telefone com palavras de baixo calão (confira).

Os técnicos de manutenção, os atendentes de alarmes, as recepcionistas e até os vendedores (quando não se escondem dos clientes irados) ouvem outros ruídos não menos desagradáveis.

Infelizmente, as pessoas que contratam os funcionários responsáveis por esses acordes fora de tons não escutam esses ruídos.

Mas, o pior de todos os ruídos (aquele que não é audível, mas é sentido pelos empresários) é o ruído do desperdício, da baixíssima produtividade, do retrabalho, da venda mal feita, do preço inexequível, da falta de lucratividade, do prejuízo, etc.

É bastante raro hoje em dia a gente comprar algum produto ou contratar algum serviço sem se irritar com alguma trapalhada do fornecedor ou do prestador de serviços. É vendedor de loja que não sabe o que está vendendo, é prazo descumprido nas transações pela internet, é entrega do produto danificado pela empresa de logística, é serviço mal feito, é o SAC que é um “pé no s...”, e vai por aí afora.

Muitas empresas alegam que contratam pessoas não qualificadas por causa da escassez de mão de obra qualificada. Esse atenuante até pode ser válido. O que não é válido é não ensinar o baterista a tocar piano antes de colocá-lo em ação no meio da orquestra.

Para exercer a atividade de engenharia o indivíduo precisa ter registro no CREA; para a de advocacia, registro na OAB; para a de medicina, no CRM; para a de contabilidade, no CRC, para a de economia, no CRE; etc.

Todavia, para as atividades que não se exige uma certificação do empregado, se não houver uma lei que obrigue o indivíduo a fazer um curso de capacitação, as empresas contratam qualquer pessoa, e sem ministrar-lhe um treinamento adequado, já a colocam para tocar um instrumento desconhecido no meio da orquestra.

Se a lei 7.102 não obrigasse as empresas de segurança a só contratar vigilantes que tivessem sido aprovados em curso de formação de vigilante e com o devido Certificado da Polícia Federal, muitas dessas empresas pegariam qualquer jagunço para trabalhar de vigilante. Aliás, muitas empresas clandestinas fazem isso.

Se a lei 4.594 não obrigasse o corretor de seguros à obtenção do título de habilitação concedido pelo Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização, as empresas de seguros contratariam qualquer um para angariar contratos de seguros.

Por que só contratar pessoas com certificado de qualificação ou qualificá-las se houver uma lei exigindo isso?

Para evitar colocar um baterista para tocar piano ou mesmo um pianista recém-formado no meio da orquestra, as empresas de maior porte sabem que precisam investir pesado na qualificação e capacitação dos seus funcionários para se manterem na liderança de mercado.

Marcos Baumgartner, presidente da Associação Brasileira de Educação Corporativa (ABEC Brasil) em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo informou que, embora não haja um levantamento oficial, estima-se que existam mais de 300 universidades corporativas no País.

E ressaltou que é importante considerar que muitas empresas no Brasil, embora não tenham universidades corporativas, já mantêm sistemas educacionais corporativos muito bem organizados.

Eu não disponho de dados recentes, mas a Gerdau por exemplo, até 2.005 investia em média 35 milhões de reais em 1,7 milhões de horas por ano de treinamento. Hoje, deve ser muito mais.

É certo que as empresas de menor porte não têm cacife para isso, mas existe uma infinidade de cursos disponíveis no mercado que podem ser contratados a qualquer momento e por um preço infinitamente menor que o custo do prejuízo que os funcionários não qualificados propiciam.

O problema é que nos dias de hoje, quase 70% do PIB brasileiro já é formado pelas empresas de prestação de serviços. E serviços se prestam prioritariamente com gente e não com máquinas.

Dessa forma, quanto maior for a qualificação dessa gente, melhor será a qualidade do serviço prestado; menores serão os custos de retrabalhos; menores serão os desperdícios de toda ordem; maior será a satisfação e fidelidade dos clientes; maiores serão as indicações de novos clientes; menores serão as perdas tolas de clientes; maior será a diferença entre a empresa e seus concorrentes; e maiores serão os seus lucros.

No mundo altamente competitivo da atualidade, a conquista de bons clientes é fruto de uma disputa muito acirrada. Por isso, a empresa que quiser se sobressair e crescer lucrativamente precisará substituir urgentemente o sistema de contratação aristocrático da mão de obra pelo meritocrático; precisará CAPACITAR E TREINAR A EXAUSTÃO OS SEUS EMPREGADOS; e impor metas a todos, desde o mais simples serviçal até o mais alto executivo.

Como bem dizia Sócrates: “a verdadeira justiça consiste em se tratar desigualmente os seres desiguais, na medida em que eles se desigualam”.

Todavia, para se identificar os que estão se desigualando é preciso dar muito treinamento, estabelecer metas factíveis, mas permanentemente crescentes.

Um alerta importante: “o excesso de segurança é tão ou mais prejudicial que a sua total escassez”.

Como as empresas vivem num mundo econômico, tecnológico e mercadológico absolutamente inseguro e incerto por natureza, como podem elas querer passar para os seus funcionários a ideia de que eles estão seguros nos seus postos de trabalho?

Além de falsa, essa ideia é muito perniciosa, porque quem se sente seguro não tem estímulo ao desenvolvimento. E tudo o que uma empresa precisa para sobreviver num ambiente altamente competitivo da atualidade é de funcionários com grande apetite de desenvolvimento profissional.

A empresa precisa criar um ambiente que incomode os seus funcionários o tempo todo. Eles precisam sentir que existe sempre um animal feroz correndo atrás deles tentando pegá-los, porque é exatamente essa a realidade que a empresa enfrenta hoje em dia no mercado. Os concorrentes estão o tempo todo querendo devorá-la e os empregados precisam ter plena consciência dessa realidade para se tornarem aptos a defendê-la. Afinal, quem faz a empresa existir e funcionar são os funcionários.

Na natureza, a cada dia, todos os seres vivos precisam travar uma nova batalha pela sobrevivência. E, sobrevivem os que conseguem se livrar dos perigos naturais, se alimentar e não servir de alimento. No mundo dos negócios não é diferente. Cada dia é uma nova batalha a ser vencida!

Essa é a realidade da vida. Querer vê-la de forma diferente é tão tolo quanto a utopia socialista e comunista. Isso não existe. As pessoas precisam entender que ninguém pode protegê-las a vida toda. E, que cada indivíduo tem de aprender a cuidar de si próprio.

Contratando as pessoas certas, capacitando-as e treinando-as à exaustão e botando um pouco de “pressão” neles, o sucesso da sua empresa será inevitável.

“Ala jacta est” era o refrão utilizado pelo imperador romano Júlio César ao iniciar uma nova batalha. Eu diria agora que a sorte está lançada. Prepare à exaustão os seus “esquadrões de talentos” e boa sorte para a sua empresa.

Prof. Faccin


Os quatro ingredientes básicos para ter êxito em qualquer profissão.

Aptidão (inata ou adquirida), conhecimento, prática e técnica.

A aptidão inata é aquela disposição ou habilidade natural para se executar determinado trabalho e a aptidão adquirida é a habilidade que se adquire através da pratica sistemática. Sem isso, esqueça. Não há como ter êxito.

Por outro lado, sem conhecimento profundo sobre a sua área de atuação, nem mesmo os indivíduos com aptidão inata terão êxito, porque a aptidão não passa de uma energia bruta em estado latente e amorfo.

Por exemplo, sem conhecer o significado de cada palavra de um novo idioma, a pessoa jamais vai ser capaz de falar esse idioma. Da mesma maneira, todo empregado precisa conhecer em detalhes o significado de tudo o que a empresa é e faz.

Mas, assim como apenas conhecer o significado de cada palavra de um novo idioma não garante ao indivíduo fluência na nova língua, apenas o conhecimento detalhado de tudo o que a empresa é e faz, não garante a fluência na nova profissão.

Esse conhecimento precisa ser complementado com a prática exaustiva para que o indivíduo adquira habilidade e fluidez, tanto na conversação como na nova atividade que estiver desempenhando.

As técnicas ou “dicas” estruturam o conhecimento prático. Elas são o resultado da formalização ou organização de todo o conhecimento prático acumulado pelos mais bem-sucedidos na área. Elas fornecem uma sequência lógica de passos que, se forem seguidos pelos aprendizes, os leva ao desempenho desejável.

A questão é que sempre existe um jeito certo e muitos errados de se fazer as mesmas coisas. O grande jogador de basquete, Michael Jordan, dizia que um jogador de basquete poderia praticar arremessos oito horas por dia, mas que se a técnica dele estivesse errada, tudo o que iria conseguir, seria se tornar muito bom em arremessar a bola do jeito errado.


 

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