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Indústria dos computadores enfrenta a nova realidade: um mercado maduro

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Depois de anos esperando reconquistar sua antiga exuberância à medida que o colapso das pontocom sumia no passado, a indústria de informática está sentindo o peso da idade.
Uma série de balanços financeiros recentes sugere o que alguns do meio já suspeitavam há muito tempo: que seus mercados estão amadurecidos e que a tendência de crescimento mais lento pode ser permanente, o que requer um novo modelo de negócios e tipo de gerenciamento.

Na semana passada, a fabricante de computadores Dell Inc. anunciou que registraria lucros e receitas menores do que se esperava, o segundo alerta deste tipo da empresa este ano. Enquanto isso, a gigante de software Microsoft Corp. anunciou uma recompra de ações de US$ 20 bilhões e um investimento de US$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de novos produtos, um esforço de impulsionar sua ação, que está em baixa.

Para muitas grandes empresas de computadores, o crescimento das receitas — antes geralmente em porcentuais de dois dígitos — tem se mantido em um só dígito.
A Hewlett-Packard Co. prevê que seu faturamento vá crescer só entre 4% e 6% neste ano fiscal. A Dell, maior fabricante de PCs do mundo, diz que suas vendas vão crescer apenas 4,3% no segundo trimestre fiscal que se encerra em 4 de agosto.
O setor como um todo também não recuperou o crescimento dos lucros. De acordo com o Morgan Stanley, o crescimento dos lucros da indústria de tecnologia em geral deve ficar em 14% este ano e 10% no ano que vem, ante 18% de 1999, auge do boom tecnológico dos anos 90.
As ações das fabricantes de computadores também continuam em baixa. O Índice de Tecnologia da Informação do Standard & Poor’s 500 ainda está mais de 70% abaixo do seu pico de março de 2000. Hoje, as ações tecnológicas respondem por apenas 14,1% do valor do Índice S&P 500, ante 34,5% em 2000. “O setor de tecnologia nem chegou perto de uma recuperação”, diz Howard Silverblatt, analista-sênior de índices do S&P. “É difícil continuar dizendo que este é um setor de crescimento acelerado.” O desaquecimento não é uma surpresa para todo mundo. “Há uma idéia esquisita na indústria da informática de que nunca seremos um setor maduro”, disse em 2003 o diretor-presidente da Oracle Corp., Larry Ellison, ao descartar a possibilidade de o boom do setor ser retomado. “A indústria não tem como ficar maior.” Cada vez mais, parece que Ellison pode ter razão.

A firma de pesquisas IDC prevê que os investimentos em informática nas maiores empresas do mundo deve aumentar só 5% por ano entre 2005 e 2009, ante taxas de crescimento de dois dígitos no boom do setor. 
Executivos da Intel Corp., Dell e de outras empresas enfrentam o desafio de se adaptar e passar a gerenciar suas empresas num ritmo de crescimento mais lento que é típico de setores mais maduros, e não mais o de crescimento acelerado. Eles estão seguindo os passos de companhias como a Microsoft, HP, Cisco Systems Inc. e Oracle, que já começaram a ajustar suas estratégias e prioridades.

Na era do crescimento acelerado, as empresas de computadores freqüentemente usavam todos os seus recursos para atender à demanda, contratar novos profissionais e montar suas redes de produção, vendas e distribuição rapidamente, com um cuidado secundário com custo e eficiência. Mas uma vez que as taxas de crescimento diminuíram, as empresas perceberam que tinham equipes com funções parecidas e que faltava uma estratégia clara para superar o fraco crescimento. 

Para ganhar dinheiro em mercados maduros, as empresas têm de competir mais agressivamente por participação de mercado. Isso significa ou comprar o acesso a novos consumidores por meio de aquisições ou oferecer serviços e produtos mais atraentes. E também exige manter a atenção nos custos.
“Se os níveis de inovação são menores do que no passado, o controle de custos passa a ser mais importante, a eficiência passa a ser mais importante e adaptar os produtos aos consumidores passa a ser mais importante”, diz Andrew McAfee, professor-associado na Harvard Business School. 
Nos últimos anos, a HP, a Oracle e a Cisco se prepararam, aproveitando as oportunidades para cortar custos e entrar em novos mercados. A HP comprou a fabricante de PCs rival Compaq Computer Corp. 
em 2002 por US$ 19 bilhões; na terça-feira, anunciou que vai adquirir a fabricante de software Mercury Interactive Corp. por US$ 4,5 bilhões. A Oracle comprou empresas de software como a Siebel Systems Inc. e a PeopleSoft Inc., numa onda de aquisições de US$ 20 bilhões. E, no início deste ano, a Cisco fechou sua compra de US$ 6,9 bilhões da fabricante de caixas de controle de TV a cabo Scientific-Atlanta Inc., no maior negócio de sua história

 

 

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