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Custo alto leva empresas a optar pela globalização
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Investimento de empresas latino-americanas na Ásia já é o dobro do capital investido pelos asiáticos na AL
Fernando Nakagawa para o jornal O Estado de São Paulo
Para reduzir custos de produção e ganhar competitividade, empresários brasileiros têm procurado cada vez mais o exterior. A Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) pesquisou esse movimento e com o resultado do trabalho está lançando o livro Internacionalização das Empresas Brasileiras.
Essa tendência, entretanto, não é exclusividade das companhias brasileiras e deve ganhar força nos próximos anos. Os dados obtidos pela Sobeet mostram que as empresas latino-americanas investem na Ásia quase o dobro do volume alocado por companhias asiáticas na América Latina.
De 2002 a 2005, latino-americanos investiram US$ 754 milhões na Ásia. O valor é 87% maior que o alocado por empresas asiáticas na América Latina no mesmo período. Nos dois casos, os recursos foram usados para a construção de fábricas, ampliação de unidades existentes e compra de empresas, entre outras destinações.
"Os altos custos do Brasil fazem com que o empresário tenha de sair do País para competir com os outros produtores mundiais. Na Ásia, o empresário encontra custos menores em mão-de-obra, logística e tributos", diz o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang.
O professor de economia internacional da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Evaldo Alves, reforça a avaliação. "Após o início da concorrência com os produtos asiáticos, empresários latinos que sobreviveram tiveram de aumentar dramaticamente a competitividade para continuar no mercado. Quem não consegue maior eficiência pode morrer diante da concorrência devastadora dos estrangeiros."
Nos últimos anos, o número de empresas brasileiras no exterior aumentou drasticamente. Companhias de diversos ramos têm ido para o exterior, principalmente a Ásia. Um dos casos mais recentes foi anunciado no início de dezembro, quando a fabricante de motores elétricos WEG anunciou a compra da chinesa Nantong Eletric Motor. Outra que apostou na Ásia foi a Marcopolo, montadora de ônibus.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, avalia que iniciativas como essas são importantes para que as empresas brasileiras possam competir com estrangeiros fora do Brasil. Mas ele rejeita a avaliação de que brasileiros que investem no exterior fecham postos de trabalho no Brasil. "Se fôssemos criticar essa estratégia, nunca teríamos as montadoras no País. Elas vieram aqui atrás do nosso mercado e também para reduzir custos."
Enquanto brasileiros buscam custos menores, os asiáticos ainda resistem em fincar os pés na América Latina. Para Tang, a explicação é a mesma que leva os brasileiros para fora: os altos custos da região, principalmente no Brasil. "Os asiáticos têm medo dos altos impostos, da legislação trabalhista e dos juros elevados. Sem contar o custo elevado da logística, da burocracia e até da corrupção. Um exemplo: se um empresário chinês quiser vir para o Brasil, precisa esperar um mês para obter o visto. No sentido contrário, o visto chinês sai em dois dias, diz o presidente da Câmara Brasil - China.
A pesquisa, feita com base em dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, em inglês) revela outro aspecto: a despeito da resistência por parte dos asiáticos em investir aqui e nos vizinhos, a África recebeu US$ 2,105 bilhões entre 2002 e 2005, cifra quase três vezes maior que a América Latina (US$ 754 milhões).
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