|
|
Prestamos Consultoria para todo o Brasil, Chile,
Argentina, México, Itália, Portugal e Espanha.
Entre em contato
011 4666-7845 e 99154-9354
contato@faccin.com.br
|
|
|
|
Custos de produção deixam
produto brasileiro 33,7% mais caro
|
De Renée Pereira e Luiz
Guilherme Gerbelli para o Jornal O Estado de S. Paulo
06 Setembro 2014
|
A via-crúcis da indústria, o Brasil
já perde na largada. Ainda na fase da construção, o
investidor que decide levantar uma fábrica em território
nacional gasta até 8,75% mais comparado a outra nação.
Quando chega a hora de produzir, os problemas se
avolumam, a burocracia aumenta e os custos na operação
se multiplicam. Se quiser exportar, terá de superar até
17 processos alfandegários diferentes e uma
infraestrutura precária para conseguir inserir o produto
no mercado internacional. No final, o resultado dessa
equação perversa é um produto 33,7% mais caro do que o
fabricado pelos principais parceiros do País.
Nesse ritmo, a indústria nacional vai ficando para trás.
Na semana passada, um novo indício de que algo está
errado no Brasil. O País perdeu mais uma posição no
ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.
Em 2012, o País ocupava o 48.º lugar; caiu para 56.º em
2013; e agora está no 57.º. O resultado deixou a
economia brasileira atrás de nações como Chile, Panamá,
Costa Rica e Barbados.
A lista de problemas que atrapalham a competitividade
nacional é extensa. Inclui a carência da infraestrutura,
falta de produtividade, elevada carga de impostos, mão
de obra deficiente e uma base tecnológica defasada.
Junta-se aí a alta taxa de juros e a moeda valorizada.
Está formado o chamado custo Brasil, que sufoca as
empresas.
O reflexo desses obstáculos fica evidente na escalada do
déficit comercial da indústria de transformação, que
fechou o ano passado em US$ 59,7 bilhões. Até 2007, o
saldo estava positivo em US$ 18,7 bilhões. “Nos últimos
25 anos, o Brasil foi perdendo intensidade na sua
indústria, foi se voltando cada vez mais para dentro,
para o seu mercado interno, sem aquela oxigenação que
uma projeção externa é capaz de dar”, afirma o
ex-secretário de Política Econômica do Ministério da
Fazenda, Julio Sérgio Gomes de Almeida.
A balança comercial da indústria piorou sobretudo depois
da crise internacional de 2008. Com a economia mundial
em recessão e pouco disposta a consumir, houve um
excedente de produtos no mercado. Economias emergentes
em expansão, como a brasileira, se tornaram, então, alvo
de uma enxurrada de produtos importados. “A indústria é
o elo mais exposto às assimetrias entre o mercado
nacional e os concorrentes. Disputamos aqui e lá fora”,
afirma o diretor-superintendente da Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),
Fernando Pimentel.
A situação se agravou porque o real também se valorizou
em relação a moedas dos principais parceiros comerciais.
Com produtos mais caros, a indústria brasileira perdeu
espaço no exterior e também no mercado interno. “Não é
função da taxa de câmbio compensar a defasagem de custos
em outros segmentos. Mas, cada vez que o real se
valorizava, o preço de exportação se tornava mais
elevado e o de importação mais barato”, afirma José
Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB).
Um exemplo clássico de como o País ficou caro é o
aumento das viagens dos brasileiros para fazer compras
no exterior. O destino preferido tem sido os outlets dos
Estados Unidos. Por ano, os turistas trazem do exterior
mais de 50 mil toneladas de roupas nas malas. Hoje, diz
Pimentel, uma mesma peça no Brasil custa 30% mais que no
exterior. A valorização da moeda brasileira também criou
um descompasso entre o preço do produto brasileiro e o
importado no setor de calçados.
“A grande maioria dos insumos é nacional e foi pago com
moeda forte. Tudo isso causou uma dificuldade de formar
preços competitivos para concorrer no mercado
internacional com outros países produtores, notadamente
os asiáticos”, afirma Heitor Klein, presidente da
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. A
dificuldade de competir fica evidente sobretudo com o
produto chinês. Em julho deste ano, o preço médio do
calçado brasileiro estava em US$ 8,47, enquanto o
calçado chinês variava de US$ 5 a US$ 6.
Essa grande diferença fez com que o Brasil perdesse
espaço nos Estados Unidos, a maior economia do mundo. Em
1993, no melhor ano nas exportações para os americanos,
a fatia da importação dos produtos brasileiros respondia
por 13%, e a China tinha 7%. Hoje, os asiáticos
respondem por 80% das compras dos EUA.
Entre os produtores de máquinas e equipamentos, o custo
adicional para fabricar no Brasil é ainda mais
devastador. Hoje, onera em 37% a produção nacional
comparada com a fabricação na Alemanha e nos Estados
Unidos. Além do custo do insumo, os três principais
vilões são a elevada taxa de juros, os impostos não
recuperáveis e a logística.
Com essa diferença nos preços, não só os empresários do
setor de bens de capital têm sido atingidos pelas
importações como também os produtores de matéria-prima.
No setor de aço, as importações indiretas (aço embutido
na compra de bens) aumentaram 73,6% entre 2008 e 2013.
No ano passado, a produção do setor caiu 1% e manteve o
mesmo ritmo até julho. “Não se pode ter uma economia
forte com uma indústria fraca. É preciso haver uma
correção das assimetrias de custos em relação aos
concorrentes”, afirma o presidente executivo do
Instituto Aço Brasil, Marco Polo Mello Lopes.
Na avaliação de Carlos Braga, professor de política
econômica internacional do International Institute for
Management Development (IMD), a indústria tem razão de
reclamar. Além do custo Brasil, a taxa de câmbio ainda
teria de se depreciar entre 10% e 15% para dar mais
fôlego para as empresas. Por outro lado, o professor
afirma que a baixa competitividade da indústria também é
reflexo do elevado grau de protecionismo da economia
brasileira. Mas ele alerta: promover a abertura
econômica requer redução dos custos internos e uma série
de ajustes.
|
|
|
Outros Artigos |
|
|