|
|
Prestamos Consultoria para todo o Brasil, Chile,
Argentina, México, Itália, Portugal e Espanha.
Entre em contato
011 4666-7845 e 9154-9354
contato@faccin.com.br
|
|
|
|
E quem regula o Estado?
|
Celso Ming para o jornal
O Estado de São Paulo
|
Não era esta a crise dos mercados
permissivos demais, desregulados demais e abusados
demais? E, no entanto, esta é a mesma crise das dívidas
soberanas, dos Estados gastadores demais, endividados
demais e abusados demais.
Sim, os Estados precisam colocar um cabresto
firme nos bancos e nos mercados. Mas quem, afinal, vai
colocar cabresto nos Estados que perderam noção do que
podem gastar?
Depois que os governos salvaram os mercados do
naufrágio, diversos analistas fizeram uma releitura
equivocada da Teoria Geral de John Keynes. E disseram
que, finalmente, o sistema havia reconhecido que era
preciso devolver ao Estado a importância e a função que
lhe cabem no sistema econômico.
Hoje se sabe que a qualidade do resgate que os
Estados promoveram é questionável. Despejaram US$ 11
trilhões dos contribuintes na compra de ativos podres e
na salvação dos bancos e nem sequer conseguiram diminuir
o desemprego.
Os dirigentes políticos parecem mais preocupados
em acabar com os "bônus indecentes" dos banqueiros do
que em regular a atividade das instituições financeiras.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, por exemplo,
esbanjou energia defendendo o fim dos paraísos fiscais
(que nada têm a ver com a crise), mas pouco se importou
com a disciplina fiscal dos países do seu bloco.
Apenas alguns meses depois do estouro das
primeiras bolhas, os Estados estão tão quebrados quanto
estavam os bancos, com a diferença de que não há
organismos que os supervisionem e que sejam capazes de
prover resgates. Tivessem os dirigentes políticos levado
mais a sério o chamado Consenso de Washington ao menos
na proporção em que, paradoxalmente, os do Brasil e da
China estão levando, os Estados nacionais dos países de
alta renda não estariam na encalacrada em que estão
metidos.
Grécia e Portugal são animais miúdos da selva
europeia. Mas sua capacidade de provocar contágios
devastadores não é menor do que foi, entre os bancos, a
capacidade de arrasto do Northern Rocks ou do Lehman
Brothers. É a saúde de toda a área do euro e a do
próprio euro que está em jogo com o desastre da Grécia.
Ficha por ficha, a dos Estados Unidos está pior
do que a da maioria dos países europeus. Ostenta um
déficit fiscal de 10,7% do PIB e uma dívida de 65,2% do
PIB ante 6,7% e 57,9%, respectivamente, da área do euro.
No entanto, as nações do euro estão mais
vulneráveis. Não se entendem, não conseguem manter
políticas macroeconômicas convergentes, não cumprem
tratados, estão atoladas em contas de seguro social e
welfare state e, agora se vê, não detêm uma moeda
inteiramente confiável de reserva internacional.
A China consegue o que quer, consegue defender
suas políticas e, a despeito dos índices recordes de
desemprego nos países de alta renda do Ocidente,
incorpora 20 milhões de pessoas por ano ao mercado de
trabalho e de consumo. E por quê? Porque seu sistema
financeiro administra uma poupança de 51% do PIB.
Apesar da crise dos mercados de consumo, a saída
está em obter o crescimento da poupança. É o que, em
última análise, garante a capacidade de executar uma
política econômica consistente em tempo de crise. |
|
|
Outros Artigos |
|
|