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Investimento em qualificação é insuficiente

Pesquisa mostra que investir nos funcionários ao buscar produtividade é prioridade para só 10% das empresas

Ana Paula Lacerda

Os executivos brasileiros estão preocupados com suas equipes. Para 44% deles, ter melhores funcionários em gerências, diretorias e no chão de fábrica seria a melhor maneira de aumentar a produtividade, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Proudfoot Consulting no Brasil e em outros nove países. No entanto, ao apontarem os principais investimentos para aumentar a produtividade, apenas 10% colocam a formação e treinamento dos funcionários como prioridade. Na frente, ficaram a redução de custos (23%) e os investimentos em tecnologia (18%), por exemplo.

No exterior, o principal motivo apontado para a perda de produtividade foram problemas de comunicação com clientes e fornecedores (13%). A pesquisa foi realizada também na América do Norte, Europa e Austrália.

“Esse resultado mostra um distanciamento entre percepção e ação dos executivos brasileiros”, diz o presidente da Proudfoot no Brasil, o austríaco Manfred Stanek. “Acho que os altos executivos brasileiros devem se olhar no espelho antes de apontar a educação brasileira, o câmbio ou os impostos como problemas para a produtividade. A iniciativa de melhora nas equipes tem de partir de cima.”

Ele aponta o setor financeiro como destaque na busca pela produtividade. “Esse é um setor que já percebeu que colocar a pessoa mais preparada no lugar certo, apesar de caro, é essencial.”

‘ON THE JOB’

Um dos sócios da Korn&Ferry no Brasil, Flávio Kosminsky, afirma que essa qualificação de profissionais, no entanto, não significa levar os executivos de volta à sala de aula. “As maiores melhoras vêm com o treinamento ‘on the job’, ou seja no próprio local de trabalho, quando o executivo é acompanhado por alguém mais experiente. Cada vez mais, o bom executivo está mais associado à liderança e ao trato com subordinados do que ao conhecimento puro.”

Um bom investimento em qualificação, segundo ele, teria de envolver 70% de acompanhamento com mentores, 20% em treinamento de liderança e apenas 10% com treinamentos formais e palestras. “E isso deve ocorrer em todos os níveis. É o presidente que dita o que é importante na empresa.”

A construtora e incorporadora BKO, com sede em São Paulo, foi buscar um ex-executivo ao montar sua área de novos negócios. Luiz Olivé, de 58 anos, foi um dos fundadores da empresa, há 21 anos, e voltou após 10 anos afastado para orientar as equipes mais novas na prospecção de novos negócios. “Toda empresa precisa de mentes jovens, mas precisa também de pessoas que possam passar a elas conhecimento do que já foi feito. Aprendemos uns com os outros”, diz Olivé.

Ele não pensava em voltar ao setor de construção. “Mas eu conhecia bem a empresa e achei importante fazer esse trabalho. Há uma década, talvez fosse pouco provável uma pessoa da minha idade voltar ao mercado após tanto tempo. Hoje, nas empresas preocupadas com qualidade de pessoal, executivos que montaram uma bagagem sólida têm novas chances.”
 

 

 

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