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Mercado de trabalho enfrenta
crise global
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Em dois anos, diz estudo, faltarão
10 milhões de profissionais qualificados
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3/7/08 - Ana Paula Lacerda
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Um levantamento mundial da Accenture
apontou que, em 2010, as empresas precisarão de 3,5
bilhões de pessoas para preencher todas as vagas do
mercado de trabalho. Porém, só nos EUA e Reino Unido,
cerca de 10 milhões de vagas ficarão em aberto por falta
de pessoal qualificado. Até 2020, a Accenture calcula que
as principais economias do globo terão 39 milhões de vagas
em aberto. “A economia mundial, que vem acelerada, pode
parar por falta de gente”, diz o líder global de
consultoria de talentos da Accenture, Peter Cheese.
“Os setores com mais problemas são os de infra-estrutura,
tecnologia e finanças”, diz ele. “Mesmo a Índia, onde há
excelentes escolas de engenharia e tecnologia, tem
problemas para contratar pessoas”. Isso porque os
profissionais saem em busca de salários maiores no Oriente
Médio.
No Brasil, também há exemplos. A IBM fechou parcerias com
escolas técnicas de segundo grau para incentivar os alunos
a seguirem carreiras tecnológicas e estudarem inglês, para
depois contratá-los.
Segundo Denys Monteiro, sócio da Fesa Global Recruiters, a
escassez ocorre das posições de base ao presidente. “Os
dados da associação internacional de headhunting mostrou
que 84% das empresas de recrutamento percebe escassez de
talento no mercado.” A pior situação está no meio da
hierarquia.
“As empresas investiram na formação de seus CEOs e
diretores. Deram formação básica aos cargos operacionais.
Mas esqueceram que quem lida diretamente com pessoas é o
médio executivo, os líderes de equipe, gerentes e
supervisores”, diz o executivo da Accenture. “Não adianta
‘promover’ o melhor engenheiro a líder de equipe. Essa
pessoa tem de ter a habilidade de a liderar.”
As características procuradas nesses profissionais são
liderança, conhecimento tecnológico e experiência
internacional. “Na China, por exemplo, há abundância de
mão-de-obra. Mas a formação deles não os ensina a liderar,
apenas a trabalhar com afinco.”
Microsoft, Google, Tata e Marriot são citadas como
empresas que investem nos talentos de todos os níveis. “É
algo ainda incomum, porque por muitos anos o RH não era
estratégico para empresas.”
GERAÇÃO Y
Um ponto que pode tornar o desafio da mão-de-obra ainda
maior é a chegada da geração Y (nascidos após 1980) ao
mercado de trabalho. “Em 5 a 10 anos, eles estarão
ocupando cargos de liderança, e as relações de trabalho
terão de mudar”, diz Cheese. Pessoas dessa geração são
menos apegadas às empresas e sim ao estilo de vida. “Não
se atraem por áreas técnicas, e sim por informação. Se as
empresas não se tornarem mais flexíveis, não acharão quem
trabalhe para elas.”
O fenômeno é mais marcante nos mercados consolidados, como
EUA e Europa. “Na Ásia é diferente, eles vão atrás dos
setores com oportunidades. Enquanto a América admira
Britney Spears, a China admira o Bill Gates.”
O Brasil, para o executivo da Accenture, ainda tem um
cenário indefinido. “Há empresas atraentes de ponta, como
Vale e Petrobrás, mas apenas 10% dos trabalhadores têm
nível superior. Uma necessidade global é mais forte aqui:
se não houver uma parceria entre governo, escolas e
empresas, não haverá pessoas minimamente aptas a
trabalhar.” |
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