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Os milionários da bolsa
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| 30.11.2006
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Os programas de
distribuição de opções de ações estão transformando a
vida dos funcionários -- e das empresas que abrem o
capital
Por Tiago
Lethbridge para a revista Exame
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EXAME Tornar-se rico num
estalar de dedos é, habitualmente, um privilégio
reservado a ganhadores de loteria ou afortunados que se
descobrem herdeiros de magnatas. Para a maioria dos
mortais, portanto, sempre fez parte mais da esfera dos
sonhos do que do universo da realidade. A recente
exuberância da bolsa brasileira, no entanto, vem aos
poucos aproximando os dois mundos. Em maio do ano
passado, o executivo mineiro Paulo Henrique Pires passou
pela fascinante experiência de tornar-se milionário num
curtíssimo espaço de tempo. Pires ganhou uma bolada
superior a 1 milhão de reais com a abertura de capital
da rede de aluguéis de carro Localiza, empresa onde
trabalha como gerente. Na época, ele era o menos
endinheirado de uma família de seis irmãos. Seu padrão
de vida era confortável, mas modesto: morava num
apartamento de pouco mais de 100 metros quadrados na
zona sul de Belo Horizonte, dirigia um carro Zafira e
tinha sonhos de consumo típicos de um cidadão classe
média -- trocar de apartamento, pendurar uma televisão
de plasma na parede da sala e guardar seus vinhos numa
adega climatizada. Com o dinheiro contado e o salário de
gerente, eram sonhos distantes. No dia da abertura de
capital da Localiza, tornaram-se possíveis. Pires tinha
um bom punhado de opções de compra de ações da
companhia. Como a valorização dos papéis superou todas
as expectativas, ele passou a ser o mais endinheirado
dos seis irmãos. Nos meses seguintes, comprou uma
cobertura de 450 metros quadrados. Uma televisão com
tela de plasma. A adega. E, para completar, uma Toyota
Hilux SW, carro de 150 000 reais (à vista e sem vender a
Zafira). "Minha situação financeira mudou tanto que
decidi realizar todos os meus desejos ao mesmo tempo",
diz ele. "No início, nem minha família acreditava que eu
pudesse ter ganho tanto dinheiro na bolsa de valores."
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Quase 1 bilhão em ações |
Principais números do fenômeno da distribuição de
opções de ações no Brasil |
Número de empresas que ofereceram opções
23 |
Funcionários que já exerceram opções(1)
300 |
Valor de mercado dessas ações(2)
867 milhões de reais |
Conclusão
Em média, cada funcionário tem quase 3 milhões de
reais em ações na bolsa |
(1) Estimativa (2) Se os funcionários mantiveram as
ações na bolsa até novembro
Fonte: MZ Consultoria |
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A história de Paulo Henrique
Pires simboliza um fenômeno novo no capitalismo
brasileiro -- a multiplicação de milionários nas
fileiras das empresas. Trata-se de um movimento
impulsionado pelas aberturas de capital dos últimos três
anos. Como Pires, centenas de empregados receberam
opções de compra de ações das empresas que abriram seu
capital, muitas vezes anos antes da ida à bolsa. E as
novatas, que rapidamente se tornaram a coqueluche do
mercado brasileiro, tiveram seus papéis valorizados num
ritmo superior ao da média das companhias. Como as
empresas brasileiras divulgam poucas informações a
respeito de opções, é difícil mensurar o fenômeno. Um
estudo inédito, elaborado a pedido de EXAME pela
consultoria MZ, especializada em relações com
investidores, é um avanço nesse sentido. Segundo a
pesquisa, funcionários de 23 empresas receberam opções.
Como as companhias nacionais não revelam quantos
funcionários ganham opções, só é possível estimar o
número de beneficiados. De acordo com a MZ, o número de
funcionários que já exerceram as opções fica em torno de
300 pessoas -- que vão do presidente da empresa a
gerentes como Paulo Henrique Pires. E, a preços de hoje,
essas ações atingiriam um valor de mercado de 867
milhões de reais. Ou seja, numa conta simples, em média,
cada um deles tem pouco menos de 3 milhões de reais na
bolsa. "Essa é claramente uma tendência", diz Marcio
Veríssimo, sócio da MZ e responsável pelo estudo. "Há
diversas empresas abertas criando planos de compra de
ações para os funcionários."
Embora os executivos possam ter quase 1 bilhão de reais em
ações em suas mãos, parte desse dinheiro foi
necessariamente gasta no exercício das opções -- isso
porque, embora às vezes pareça assim, as opções não são
um pote de ouro dado a troco de nada pela companhia a
seus funcionários. Além disso, é impossível saber se
aqueles que exerceram as opções mantiveram o dinheiro na
bolsa ou optaram por gastar ou investir em outros
ativos. Se deixaram, não têm motivos para lamentos. No
final de novembro, a Bolsa de Valores de São Paulo
quebrou seu recorde histórico de valorização, superando
a marca dos 42 000 pontos. Em geral, os programas
funcionam da seguinte forma: o funcionário recebe o
direito de comprar uma quantidade de ações da empresa a
um preço preestabelecido. Depois de alguns anos, ele
poderá exercer a opção de compra desembolsando
exatamente esse valor. A diferença entre o preço
determinado pela companhia e a cotação no dia em que o
executivo exerce a opção vai toda para seu bolso. Ou
seja, se o preço da opção for 100 reais e a ação valer
500 no dia do exercício das opções, o funcionário paga
os 100 reais e leva os outros 400. Quanto mais a empresa
se valoriza, mais ele ganha. E, se uma conjunção de
fatores fizer com que os preços disparem, ele entrará
para o seleto -- mas crescente -- grupo de milionários
da bolsa.
Foi o que aconteceu na Localiza, empresa cujo programa de
stock options mais chamou a atenção dos especialistas em
remuneração. A partir de 1998, sete anos antes da ida à
bolsa, a companhia distribuiu 3,2% de seu capital aos
funcionários -- a um valor de exercício que variava de 7
a 10 reais por ação. Na época, o clima entre os 48
funcionários participantes era de pura desconfiança.
"Ninguém tinha ouvido falar em stock options, e era
impossível saber quanto as ações valiam, pois éramos uma
companhia fechada", diz Marco Antônio Guimarães, de 56
anos, diretor de seminovos da Localiza. "Muitos
preferiam receber em dinheiro mesmo." Nos anos
seguintes, 24 dos participantes (os mais descrentes da
turma) deixaram a empresa e, com isso, largaram as
opções pelo caminho. A angústia dos funcionários era
explicada pela falta de alternativas para a venda de
suas ações -- nesse período, a companhia chegou a ser
oferecida a investidores estratégicos, mas sem sucesso.
Quando os empregados já achavam que as opções virariam
pó, veio o anúncio de que a Localiza abriria seu
capital, ao preço de 11,50 reais por ação. "Nesse dia,
meu mundo coloriu", diz Guimarães, que ganhou 274 000
opções de ações, que hoje valeriam cerca de 15 milhões
de reais. "A aposentadoria, que era minha grande
preocupação, deixou de ser. Se eu quiser parar de
trabalhar, já posso." Desde o dia do IPO, as ações da
companhia se valorizaram outros 378%, o que multiplicou
ainda mais o patrimônio dos funcionários. O sucesso das
opções (e, dizem os mais maldosos, a inveja de quem não
participou da festança) foi tão grande que a empresa
decidiu aprofundar o programa. Recentemente, outros 480
funcionários foram selecionados para receber opções de
ações. "Todos os empregados têm a cotação de nossas
ações minimizada na tela do computador", diz Salim
Mattar, fundador da Localiza. "Com a ampliação do
programa, vamos turbinar a empresa."
Existem dois motivos que fundamentam a adoção de planos de
opções de ações. O primeiro deles é a capacidade de
atração e retenção de talentos (a chamada algema de
ouro), especialmente para empresas de capital fechado
com muita ambição e pouco caixa para caprichar nos
salários. A promessa dessas companhias é que os
funcionários abrirão mão do dinheiro agora para ter
gordos benefícios no futuro, quando a empresa for à
bolsa e as ações se valorizarem. "Para os grupos que vão
à bolsa, as opções de ações são a melhor saída para
atrair gente boa", diz Felipe Rebelli, diretor da
consultoria de remuneração Towers Perrin. Esse foi o
método usado pelas empresas de tecnologia americanas
para atrair jovens talentos nos anos 90. E foi também o
que aconteceu na Gol. Quando convidou Richard Lark para
ser seu diretor financeiro, a Gol era não mais que uma
pequena empresa, que acabara de ser avaliada em 200
milhões de dólares. Depois de um período na
Americanas.com, Lark aceitou o convite para ser o
diretor financeiro da companhia aérea com um salário
cerca de 50% abaixo do mercado -- mas um descomunal
pacote de opções. A empresa distribuiu aos executivos
937 000 opções a um preço de exercício de 3 reais. E a
arriscada aposta de Lark deu certo, incrivelmente certo.
No dia do IPO, a empresa já valia 35 reais por ação.
Hoje, vale 61. Os executivos que mantiveram as ações
viram seu patrimônio se multiplicar por 20 -- em apenas
três anos. O total nas mãos dos executivos pode chegar a
57 milhões de reais. "As pessoas podem ficar espantadas
com a fortuna que o Richard Lark ganhou", diz o diretor
de um banco de investimentos. "Mas a forma correta de
analisar a situação é perguntando que fatia dos bilhões
de dólares amealhados pela família Constantino, dona da
empresa, veio do trabalho bem-feito por ele."
O outro objetivo dos controladores que dão aos
funcionários participação em seu capital é o aumento da
motivação da tropa -- o que tornaria os executivos não
só obcecados por lucro, mas também pela valorização das
ações da companhia. Estudo recente da Universidade de
Washington aponta que cada dólar gasto em programas de
opções dá um retorno de 2,85 dólares no lucro da empresa
nos cinco anos seguintes ao início do programa. O
trabalho dos pesquisadores americanos apontou uma razão
principal para essa excelente performance. Ela se dá
justamente na esfera interna da companhia. Incentivados
pela expectativa de retorno financeiro, os funcionários
passam a perseguir as metas com afinco e ajudam a
empresa a atingir os objetivos estabelecidos. Com os
números em ordem, as ações acabam por se valorizar. Em
geral, o mercado (leia-se investidores) percebe esse
tipo de programa como um sinal positivo, uma prova de
que a empresa é guiada pela meritocracia e é bem
administrada.
No Brasil, o movimento de cessão de ações foi liderado
pelos fundos de private equity, que compraram nos
últimos anos participações em companhias locais. O maior
exemplo são as empresas da GP Investimentos (como
Gafisa, Submarino e ALL). Mas há também outros fundos.
Na Localiza, o americano DLJ. E, na Gol, a AIG Capital.
A lógica dos fundos é cristalina. "O objetivo é fazer
com que os funcionários valorizem a empresa ao limite
até o dia da abertura de capital, quan do o fundo vender
sua participação", diz Fernando Borges, diretor da AIG
Capital. Na Cosan, porém, a entrada de um fundo não foi
necessária. Depois de tentar negociar a venda de parte
da empresa a investidores, um grupo de executivos levou
ao dono da Cosan, o empresário paulista Rubens Ometto,
uma idéia: eles preparariam a empresa para a abertura de
capital e, em troca, ganhariam uma participação na
companhia -- 3,2% do capital. Como a Cosan foi uma das
maiores estrelas da bolsa desde sua estréia, em 2005, o
valor dessas ações disparou. Atualmente, ultrapassa os
6,8 bilhões de reais (ou seja, quase 25 milhões para
cada um dos oito participantes). "As opções de ações
acabam com os feudos dentro da companhia, pois todos os
executivos têm um enorme incentivo para remar na mesma
direção", diz Paulo Diniz, diretor financeiro da Cosan.
Exemplos como os de Cosan, Localiza e Gol seriam de
difícil execução até alguns anos atrás. O período de
estabilidade da bolsa e a evolução nos mecanismos de
controle do mercado de capitais abriram às empresas o
espaço para usar ações na remuneração. "O mercado era
muito volátil, as ações valiam muito num dia e nada no
outro", diz o consultor Vicente Falconi, diretor do
Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial e
conselheiro da Ambev e da Sadia. "Com um volume de
negócios maior, essa volatilidade é menor." Outras
mudanças na economia brasileira impulsionam a
necessidade da participação acionária dos executivos.
Uma delas é o surgimento de empresas com controle
pulverizado, como Perdigão e Renner. Não é raro que
acionistas e administradores trabalhem com objetivos
diferentes. No caso das empresas pulverizadas, a figura
do controlador deixa de existir, o que pode ser encarado
como um risco pelos investidores institucionais. Para
contornar esse risco, eles passaram a recomendar que
executivos também se transformassem em acionistas, por
meio de programas de opções. "Em processos de road
shows, uma das perguntas mais freqüentes feitas pelos
estrangeiros é se os executivos terão um estímulo a
pensar também como acionistas", diz Rodolfo Riechert,
diretor do banco Pactual, que liderou diversas aberturas
de capital. Na Renner, os executivos receberam opções ao
preço de exercício de 31 reais. No total, os
funcionários têm ações que valem mais de 20 milhões de
reais em bolsa.
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O
clube do bilhão |
Lista dos executivos americanos com mais
dinheiro em ações de suas companhias (em
dólares) |
James Cayne (Bear Stearns) |
1 bilhão |
Sanford Weill (Citigroup) |
990 milhões |
Richard Fuld, Jr. (Lehman Brothers) |
600 milhões |
Stanley O’neal (Merrill Lynch) |
230 milhões |
John Mack (Morgan Stanley) |
121 milhões |
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Fontes: SEC e WSJ |
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Programas de participação
dos funcionários no capital das empresas estão
entranhados na cultura econômica americana. São adotados
por todas as empresas na lista das 1 000 maiores dos
Estados Unidos. Desde meados do século 20, as empresas
do país começaram a oferecer opções de compra de ações a
seus principais executivos. Nos casos mais extremos,
criou-se uma elite de bilionários. O presidente do
conselho de administração do banco Bear Stearns, James
Cayne, tem mais de 1 bilhão de dólares em ações da
companhia. Em algumas empresas, os programas existem há
tanto tempo que até mesmo funcionários de níveis
hierárquicos mais baixos se tornaram milionários. A
aeromoça Sandra Force, da Southwest Airlines, tornou-se
um caso clássico. Ela começou a receber ações da
companhia nos anos 70 e hoje já tem mais de 1,5 milhão
de dólares na bolsa.
Embora existam há décadas, foi nos anos 90, durante a
bolha da internet, que as opções chegaram ao estrelato.
Nos Estados Unidos, o número de empregados com
participação no capital de suas empresas aumentou de 1
milhão em 1992 para 10 milhões em 1999. O exemplo mais
impressionante de enriquecimento em massa de
funcionários de uma companhia americana, porém, veio
anos após o estouro da bolha, quando o Google, empresa
fundada por Larry Page e Sergey Brin, abriu o capital.
Seus 5 000 funcionários, que haviam recebido opções de
compra de ações antes da abertura de capital, tiveram o
patrimônio multiplicado. As ações, que valiam 85 dólares
no dia da ida à bolsa, em agosto de 2004, ultrapassaram
a barreira dos 500 dólares em novembro. Com isso,
estima-se que pelo menos 1 000 empregados tenham se
tornado milionários, fenômeno que transformou o
estacionamento da sede da empresa, na Califórnia, numa
espécie de showroom da Ferrari.
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Os maiores riscos |
Programas de opções de ações podem criar problemas,
em vez de solucioná-los |
Perda de foco
O executivo pensa mais no preço das ações do que
na administração correta da companhia |
Ganância exagerada
Um pacote grande de opções é um incentivo à
manipulação de informações para elevar a cotação |
Frustração
Em momentos de baixo crescimento e bolsas em
queda, as opções podem virar pó |
Fontes: Towers Perrin, Rutgers |
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Embora ainda seja um modelo
largamente usado por empresas de alto crescimento que
planejam abrir capital, como o Google, as opções de
ações vêm passando por severas críticas nos Estados
Unidos. Primeiro, por causa da série de escândalos
contábeis protagonizados por empresas como Enron e
WorldCom, en tão presidida pelo executivo Bernard
Ebbers. Um estudo da Universidade Rutgers, de Nova
Jersey, apontou que a parcela de opções de ações no
total da remuneração era muito maior nessas companhias
do que naquelas que não usaram os mecanismos criativos
de contabilidade -- e outros tipos de fraude, como a
venda de papéis da empresa antes da divulgação de maus
resultados. "O enorme peso das opções deu aos executivos
dessas empresas um claro incentivo à manipulação de
informações para elevar o preço das ações", diz a
professora Simi Kedia, da Universidade Rutgers e autora
do estudo. Um segundo motivo foram os enormes salários
pagos aos executivos americanos, mesmo em companhias em
situação financeira precária. Em 2000, um ano antes do
escândalo, os funcionários da Enron, incluindo o então
presidente, Kenneth Lay, tinham 2,5 bilhões de dólares
em opções. A solução encontrada pelo governo americano
foi forçar as empresas a contabilizar as opções, que,
segundo o ex-presidente do banco central americano Alan
Greenspan, foram uma das causas da crise de confiança do
capitalismo americano, como despesa nos balanços. Com
isso, o número de funcionários que recebem opções caiu
30%.
Além de terem se transformado subitamente em vilãs, as
opções de ações saíram de moda nos Estados Unidos em
razão do marasmo das bolsas americanas, que só agora
voltam ao mesmo patamar de 2000. Como muitas ações valem
hoje menos do que valiam quando as opções eram
concedidas, criou-se uma profunda decepção entre os
funcionários -- que, depois de verem seus colegas
ganharem milhões durante a euforia da bolha, não
lucraram nada com as opções. A Microsoft, que gerou mais
de 10 000 empregados milionários com sua abertura de
capital, em 1986, tomou uma decisão simbólica. Como seu
valor de mercado jamais voltou aos patamares anteriores,
a empresa de Bill Gates acabou com o programa de opções
e passou a simplesmente dar ações aos funcionários. Para
os especialistas, ficou provado que as opções de ações
são um mecanismo de remuneração inadequado em tempos de
estagnação econômica. Estima-se que apenas 30% do valor
de mercado de uma empresa seja reflexo das decisões dos
executivos. O resto é explicado por fatores externos,
como taxa de juro, ataques terroristas e discursos
presidenciais obtusos.
Na bolsa brasileira, quem detém opções passou por momentos
difíceis em maio, quando o Índice Bovespa caiu 10% em
poucos dias. As ações da Cosan, por exemplo, caíram 10%.
As da Localiza, 13%. "Na bolsa você pode, de uma hora
para a outra, perder tudo", diz Jorge Steffens,
presidente da empresa de sistemas Datasul e dono de 40
milhões de reais em ações da empresa. Um estudo do
Massachusetts Institute of Technology mostrou que
funcionários são excessivamente otimistas quanto às
chances de valorização das ações de sua empresa na
bolsa, o que, claro, torna seu investimento extremamente
perigoso. "Não vendi minhas ações porque confio no
desempenho da empresa", diz Roberto Mendes, diretor
financeiro da Localiza, que recebeu 268 000 opções da
companhia (que a preços de hoje valem mais de 14 milhões
de reais). O risco dessa atitude é aquele vivido por
qualquer investidor que depende da bolsa -- que uma
hecatombe no mercado transforme milhões em milhares.
Ainda assim, como mostram as histórias dos personagens
aqui retratados, esse é o tipo de risco que vale a pena
correr.
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