|
|
Prestamos Consultoria para todo o Brasil, Chile,
Argentina, México, Itália, Portugal e Espanha.
Entre em contato
011 4666-7845 e 9154-9354
contato@faccin.com.br
|
|
|
|
O caro capital de giro
|
Jornal O Estado de São Paulo de 31 de
agosto de 2010
|
As empresas brasileiras pagam caro
não só para investir em máquinas e crescer, mas também
para produzir e sobreviver no dia a dia. O gasto
rotineiro - salários, matérias-primas, água,
eletricidade e outros itens indispensáveis - é coberto
com um capital de giro muito mais custoso que o
encontrado na maior parte dos outros países. Essas
despesas compõem o custo de vida das companhias, assim
como alimentação, roupa, saúde, moradia e transporte
constituem o consumo essencial das famílias. Tem-se
falado muito, no Brasil, sobre a escassez de
financiamentos de longo prazo e sobre o alto custo do
investimento. Paga-se muito imposto para comprar um
equipamento e, além disso, a maior parte das firmas
pequenas e médias não tem acesso aos juros do BNDES, os
mais baratos. Dá-se muito menos atenção ao preço do
crédito de curto prazo, destinado à finalidade mais
elementar - a operação cotidiana da empresa.
O poder de competição do produtor brasileiro é
afetado não só pelo custo do investimento, mas também
pelos juros do capital de giro. Essa desvantagem é
mostrada com clareza num estudo da Fiesp, segundo
reportagem publicada segunda-feira no Estado.
No Brasil, o custo do capital de giro corresponde
a 6,7% do preço dos produtos industria-lizados, de
acordo com a pesquisa ainda inédita do Departamento de
Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp. Nos
países tomados como referência - Chile, Itália, Japão,
Malásia e Noruega - aquele custo equivale em média a
1,97% do preço do produto, menos de um terço da
proporção observada no Brasil.
O crédito muito caro afeta duplamente o poder de
competição da indústria. O efeito imediato é o
encarecimento do produto já exposto à concorrência
internacional. Além de outros componentes do custo
Brasil, como o alto custo da logística, o excesso de
tributos e a insegurança jurídica, o produtor tem de
pagar caro para manter a empresa em operação de um dia
para outro. O outro efeito é de longo prazo. O alto
preço do capital de giro dificulta a geração de caixa
para a compra de máquinas, para a construção de novas
instalações e para a absorção de nova tecnologia.
A desvantagem, no curto e no longo prazo,
reflete-se tanto no preço do produto nacional, com
desvantagem para o consumidor, como na perda de mercado,
dentro e fora do País, para competidores estrangeiros.
Uma das consequências é a menor criação de empregos.
Também um estudo realizado pela Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e E-quipamentos (Abimaq)
é citado na reportagem. Esse levantamento confirma de
modo geral o trabalho da Fiesp. Indústrias do setor
pagam entre 15% e 17% ao ano pelo desconto de uma
duplicata, quando são de primeira linha, segundo o
presidente da associação, Luiz Aubert Neto. Para as
demais o custo do crédito fica na faixa de 30% a 40%.
Uma companhia japonesa paga de 3% a 4% pela mesma
operação.
Uma grande parcela dos juros, em todos os tipos
de financiamento, é formada pelo spread, a diferença
entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada
dos tomadores do empréstimo. Essa diferença inclui o
lucro bancário. Quando se discute o assunto,
repre-sentantes do setor financeiro apontam os impostos,
os depósitos compulsórios muito elevados, a
inadimplência e outros itens como principais
determinantes do spread.
A carga tributária e os compulsórios são de fato
importantes, mas a lucratividade dos bancos brasileiros
é de dar inveja aos banqueiros da maior parte dos
países. É preciso, portanto, levar em conta algo mais do
que a cunha fiscal, os depósitos compulsórios e as
linhas de crédito dirigido para explicar o grande spread
brasileiro.
A alta concentração do setor, com baixa
competição na oferta de créditos, deve ser parte da
resposta. A presença do governo como grande tomador de
recursos, por causa de sua dívida girada em prazos
curtos, também é parte do quadro. A redução de impostos
pode produzir algum bom efeito, mas o benefício será
limitado, enquanto a competição for pouco intensa e as
contas públicas deficitárias fizerem do governo um
freguês muito conveniente para os bancos.
|
|
|
Outros Artigos |
|
|