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Invente-o
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Nova educação deve tornar as pessoas mais habilidosas
para a inovação do que para absorver conhecimento
acadêmico
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03 de abril de 2013
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THOMAS L. FRIEDMAN do
The New York Times para o jornal O Estado de São Paulo
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Quando Tony Wagner, especialista em
educação de Harvard, descreve seu emprego hoje, ele diz
que é "um tradutor entre duas tribos hostis" - o mundo
da educação e o mundo empresarial.
O argumento de Wagner está em seu livro Creating
Innovators: The Making of Young People Who Will Change
the World (Criar inovadores: a preparação de jovens que
mudarão o mundo, em tradução livre) - nossos cursos
primários, secundários e superiores não estão
consistentemente "agregando valor e ensinando as
habilidades mais valorizadas no mercado".
Isso é perigoso numa época em que existe cada vez
menos o emprego de média competência com salário alto -
aquilo que sustentou a classe média na última geração.
Agora só há empregos altamente especializados com alta
remuneração. Cada emprego de classe média de hoje está
sendo elevado, rebaixado ou extirpado numa velocidade
nunca vista. Isto é: requer mais competência, pode ser
feito por mais pessoas mundo afora ou está sendo
enterrado - tornado obsoleto - numa velocidade nunca
vista. É por isso que hoje, argumenta Wagner, o objetivo
da educação não deve ser deixar cada criança "preparada
para a faculdade", mas "preparada para a inovação" -
preparada para agregar valor a qualquer coisa que venha
a fazer.
É uma tarefa enorme. Localizei Wagner e pedi a
ele mais detalhes.
"Hoje", disse ele via e-mail, "como o
conhecimento é acessível em todo aparelho conectado à
internet, o que a pessoa sabe é bem menos importante do
que o que ela pode fazer com esse conhecimento. A
capacidade de inovar - a habilidade para resolver
problemas de maneira criativa ou dar vida a novas
possibilidades. Habilidades como pensamento crítico,
comunicação e colaboração são muito mais importantes do
que o conhecimento acadêmico".
Como um executivo comentou: "Podemos ensinar aos
novos contratados o conteúdo e teremos de fazê-lo porque
ele muda continuamente, mas não podemos ensiná-los a
pensar - a fazer as perguntas certas - e tomar
iniciativas".
Minha geração foi privilegiada. Nós tínhamos de
"encontrar" um emprego. Mais do que nunca, porém, nossos
filhos terão de "inventar" um emprego. Felizmente, no
mundo de hoje, isso é mais fácil e mais barato do que
nunca.
Claro, os sortudos encontrarão seu emprego
primeiro, mas, dado o ritmo das mudanças atuais, mesmo
eles terão de reinventar, refazer a engenharia e
repensar esse emprego com muito mais frequência do que
seus pais se quiserem progredir nele. Se é assim,
perguntei a Wagner, o que os jovens precisam saber hoje?
"Todo jovem continua a necessitar de
conhecimentos básicos, é claro", disse ele. "Mas
precisará ainda mais de habilidades e motivação. Desses
três objetivos educacionais, a motivação é o mais
crucial. Os jovens que são intrinsecamente motivados -
curiosos, persistentes e dispostos a assumir riscos -
aprenderão continuamente novos conhecimentos e
habilidades. Eles serão capazes de encontrar novas
oportunidades ou criar as suas próprias - uma disposição
que será cada vez mais importante num momento em que
muitas carreiras tradicionais desaparecem."
Então, qual deve ser hoje o foco de uma reforma
da educação? "Nós ensinamos e testamos coisas nas quais
muitos dos estudantes não têm interesse e jamais
precisarão, além de fatos que eles podem pesquisar no
Google e esquecer assim que o teste acabar", disse
Wagner. "Assim, quanto mais tempo os garotos
permanecerem na escola, menos motivados ficarão. Uma
pesquisa recente do Gallup mostrou que o empenho dos
estudantes vai de 80% na quinta série a 40% no ensino
médio. Mais de um século atrás, nós 'reinventamos' a
escola de uma única sala e criamos escolas fabris para a
economia industrial. Repensar escolas para o século 21
deve ser a nossa prioridade. Precisamos nos concentrar
mais em ensinar a habilidade e disposição de aprender e
fazer a diferença e trazer os três ingredientes mais
poderosos da motivação intrínseca para a sala de aula:
jogo, paixão e propósito."
O que isso significa para professores e diretores
de escola? "Os professores", disse ele, "precisam
treinar alunos para a excelência no desempenho, e os
diretores precisam ser líderes instrucionais que criam a
cultura de colaboração necessária para inovar. Mas o que
é testado é o que é ensinado, por isso precisamos de
'Responsabilização 2.0'".
"Todos os alunos devem ter portfólios digitais
para mostrar evidências de domínio de habilidades como
pensamento crítico e comunicação que eles construíram no
curso secundário e pós-secundário. O uso seletivo de
testes de alta qualidade é importante. Por último, os
professores devem ser julgados com base em evidências de
melhora no trabalho dos alunos ao longo do ano - em vez
de uma nota num teste de múltipla escolha no fim do ano.
Precisamos de escolas de educação nas quais todos os
novos professores passem por uma fase de aprendizado com
professores mestres e os padrões de desempenho - e não
os padrões de conteúdo - precisam se tornar a nova
normalidade em todo o sistema."
Quem está fazendo isso da maneira
correta? "A Finlândia é uma das economias mais
inovadoras do mundo", disse Wagner, "e o único país onde
os alunos saem do ensino médio, preparados para a
inovação". "Eles apreendem conceitos. Eles aprendem mais
conceitos e criatividade do que fatos e têm a
alternativa de muitos cursos opcionais - tudo com um dia
letivo mais curto, pouca lição de casa e quase nenhum
teste. Nos EUA, 500 escolas filiadas à Deeper Learning
Initiative da Hewlett Foundation e um consórcio de 100
distritos escolares chamado EdLeader21 estão
desenvolvendo novas abordagens para ensinar habilidades
do século 21. Há uma número crescente de faculdades
'reinventadas' como o Ollin College of Engineering, o
Media Lab do MIT e a 'D-school' em Stanford onde alunos
aprendem a inovar."
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
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