|
|
Prestamos Consultoria para todo o Brasil, Chile,
Argentina, México, Itália, Portugal e Espanha.
Entre em contato
011 4666-7845 e 9154-9354
contato@faccin.com.br
|
|
|
|
Quem ganha o Grande Prêmio
Brasil de Insanidade?
|
Uma das áreas nas quais, a cada dia, se entende menos o
que querem fazer conosco é a fronteira entre as boas
intenções e os péssimos resultados. De um lado, fica o
desejo de praticar a bondade. Do outro, a estupidez
|
Convivência difícil: os funcionários
de uma empresa devem ser obrigados a trabalhar ao lado
de ex-condenados?
J.R. Guzzo, diretor da Revista EXAME
São Paulo - Como diria a heroína de Alice no País
das Maravilhas, numa das situações cada vez mais
incompreensíveis que ia encontrando em suas aventuras, o
Brasil em que nos cabe viver hoje se torna, a cada dia,
mais e mais curioso. Uma das áreas nas quais se entende
menos e menos o que, exatamente, querem fazer conosco é
a fronteira que divide as ótimas intenções dos péssimos
resultados.
De um lado dessa linha fica o desejo de praticar
a bondade — ou, mais precisamente, de ganhar cartaz com
propostas de fazer o bem utilizando bens alheios. Do
outro lado fica a estupidez. Os atos de confusão nessa
zona fronteiriça tornam-se tão frequentes, e são
praticados com tanta ligeireza, que começam a adquirir o
status de regra, em vez de exceção.
Iniciam, geralmente, com um amontoado de frases
num pedaço de papel. Vão indo, vão indo — e de repente
se transformam em lei, criando obrigações dementes para
empresas e novas oportunidades de renda para fiscais.
Um dos grandes momentos no gênero, para ficar num
episódio recente, é o projeto de lei pelo qual se
pretende obrigar empresas que prestam serviços ao
governo a contratar uma cota de ex-drogados — isso
mesmo, ex-drogados. E se não conseguirem encontrar um
número suficiente de indivíduos que sejam, ao mesmo
tempo, qualificados profissionalmente e ex-consumidores
de narcóticos? Problema delas.
Podem escolher entre pagar multa ou pagar propina
para a fiscalização. Ou, talvez, devam contratar alguma
ABC Advisors ou XYZ Executive Search, para localizar,
com sua experiência em head-hunting, antigos viciados
que tenham as qualificações exigidas para ocupar as
posições em oferta. Quem sabe? Tudo é possível nesta
vida.
Em nenhum momento dessa passagem do sanatório
geral pela avenida, é claro, será debatido um fato muito
simples: por que raios uma empresa prestadora de
serviços à administração pública teria de pagar para
tentativas de consertar erros que não cometeu? A
responsabilidade pelo vício é do viciado, e só dele; tem
de aguentar as consequências do que fez.
Decidiu abandonar a droga e precisa de apoio para
ter uma segunda chance? Perfeito. Mas o governo não tem
o direito de obrigar ninguém a fornecer essa segunda
chance. Ela só faz sentido se vier de uma decisão
voluntária de quem queira ajudar na recuperação de
ex-drogados — algo que já acontece e envolve não apenas
empresas privadas.
Disputando cabeça a cabeça o “Grande Prêmio
Brasil da Insanidade” com essa história, vem o projeto
de lei que propõe criar pena de prisão para o empregador
que consultar os antecedentes criminais ou a ficha de
crédito de qualquer candidato a emprego em sua firma. Já
é proibido fazer isso; agora, querem cadeia para quem
fizer.
Num mundo orientado pela razão, deveria ser um
direito básico de qualquer cidadão, como dirigente de
empresa grande, média, pequena ou mínima, bem como de
qualquer pessoa física, saber se o tipo a quem ele
oferece emprego foi ou não um criminoso.
Por que negar-lhe esse direito — sobretudo se
aquele que está fornecendo o emprego vai ter de
trabalhar, todos os dias úteis, fisicamente ao lado da
pessoa que contratou, no balcão da papelaria, da
farmácia ou do açougue? E nas grandes empresas — por que
os funcionários deveriam ser obrigados a trabalhar a 2
metros de distância de um ex-presidiário condenado por
homicídio?
De fato, nosso Brasil torna-se mais e mais
curioso, como ocorre no mundo absurdo desenhado pelo
gênio de Lewis Carroll (que, aliás, foi um consumidor de
drogas e alucinógenos) em Alice no País das Maravilhas.
De um lado, tenta-se “criminalizar” os mais variados
tipos de coisa, da consulta a antecedentes criminais até
atos que possam ser considerados manifestação de
homofobia.
De outro, tenta-se descriminalizar o crime, com
esforços a favor da redução ou da extinção de penas;
nesse ritmo, ainda veremos o lançamento do Bolsa-Cadeia.
Quando o bem se transforma em mal, o que se tem é algo
chamado degeneração. |
|
|
Outros Artigos |
|
|