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Trabalho, competitividade e
escolhas do País
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José Pastore para O Estado de S.Paulo
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Segundo dados publicados no Estadão
de 23/12/2011 e referentes a 2010, o custo do fator
trabalho na indústria brasileira é um dos mais baixos
entre os 34 países normalmente estudados pelo Ministério
do Trabalho dos Estados Unidos. No Brasil, o
salário/hora médio do setor manufatureiro ficou em torno
de US$ 10. Nos Estados Unidos, foi mais de US$ 34; na
Holanda, US$ 40; na Alemanha, US$ 44; e na Noruega, US$
57 (todos com encargos).
Nessa comparação, a indústria brasileira estaria
em condições de competir no campo do trabalho com larga
margem. Ocorre, porém, que os países que mais nos
incomodam (tirando do Brasil milhões de bons empregos)
não são esses, e, sim, os que têm custos trabalhistas
inferiores, em especial do Leste Europeu, da Ásia e da
América Central. O salário médio industrial da Estônia,
que tem alto nível de educação e de produtividade, é
menor que o brasileiro - US$ 9,47 por hora; na Hungria é
de US$ 8,40; em Taiwan, US$ 8,36; na Polônia, US$ 8,01;
no México, US$ 6,23; nas Filipinas, US$ 1,90; e na
China, US$ 1,36 (Bureau of Labor Statistics,
International comparisons of hourly compensation costs
in manufacturing, Washington, 2011).
O Brasil compete pouco com os países de alta
sofisticação tecnológica e elevada produtividade do
trabalho como é o caso da Alemanha, Suíça, Bélgica,
Dinamarca, Suécia, Japão, Inglaterra e outros. A
concorrência é acirrada com as nações emergentes.
O Brasil ocupou o segundo lugar entre os países
que tiveram maior aumento de salário entre 2009 e 2010,
superado apenas pela Argentina. O custo do trabalho foi
afetado também por um rápido aumento dos benefícios
negociados, dos pisos salariais e das despesas criadas
por intervenções do Estado, como é o caso do aumento do
seguro de acidentes, das cobranças de contribuições
sociais sobre verbas indenizatórias, das incertezas dos
nexos causais nas doenças profissionais, das licenças
ampliadas, do novo aviso prévio, da insegurança do
trabalho a distância e terceirizado e várias outras.
É verdade que persiste entre nós um forte
dualismo: uma parcela imensa da força de trabalho ganha
pouco e trabalha na informalidade. Mas, no campo
industrial, essa parcela é pequena e cadente. Ali, os
profissionais especializados usufruem salários e
benefícios que vão muito além da média de US$ 10.
Para o setor industrial o Brasil deixou de ser
competitivo no campo do trabalho. Em certa medida isso
vale também para o setor agrícola e o de serviços quando
se trata de profissionais qualificados e que dominam as
tecnologias modernas.
Os últimos dados sobre os Estados Unidos revelam
que o setor privado vem reduzindo salários de admissão
não só por força da crise, mas também para atrair de
volta uma parte dos empregos que foram para a Ásia. Ao
longo de 2010 foram muitas as novas contratações por US$
12 a US$ 19 por hora, ante US$ 21 a US$ 32 dos
empregados mais antigos. Isso ocorre até na indústria
automobilística, que sempre foi o paraíso dos altos
salários. Os americanos entenderam ser melhor perder
alguns dólares nos salários para reter vários milhões de
empregos. Esse foi o tema de uma série de artigos bem
documentados do The New York Times e que recebeu o
sugestivo título de Working for less.
A continuar no ritmo atual, o custo do trabalho
no Brasil vai se aproximar do dos Estados Unidos,
podendo até ultrapassar, quando se levar em conta o
diferencial de produtividade. Muitos já dizem que, em
vários setores, o custo unitário do trabalho está mais
alto no Brasil do que na América. Estamos diante de um
quadro em que a "generosidade" das leis, das ações
sindicais e das sentenças judiciais se transforma
rapidamente em prejudicial perversidade. Este é um tempo
de escolha. Não devemos desprezar as lições dos países
em crise.
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