Não se irrite. Mas assuma o
controle. Seja simpática. Mas não simpática demais. Fale
com franqueza. Mas não pareça falar demais. Nunca,
jamais vista roupas sexy. Faça o possível para inspirar
os colegas - a não ser que você trabalhe na Noruega,
onde o foco deve ser delegar tarefas.
Escrever sobre a vida e o trabalho significa
receber um fluxo contínuo de pesquisas sobre como as
mulheres são vistas de modo diferente dos homens no
local de trabalho. São estudos acadêmicos e
profissionais, e não frágeis enquetes online. E a cada
vez que leio um, sinto-me deprimida. O que as mulheres
devem fazer com essas informações? Transformar-se de um
dia para o outro? Em quê? Como, ao mesmo tempo, devemos
e não devemos ser assertivas?
“É o suficiente para nos deixar tontas”, disse
Ilene H. Lang, presidente da Catalyst, organização que
estuda as mulheres no local de trabalho. “As mulheres
estão confusas, os homens estão confusos e ainda não
temos uma explicação simples e direta para o fato de não
haver mulheres suficientes em posições de liderança.”
Os estudos da Catalyst muitas vezes são dedicados
a explicar por que, 30 anos depois de as mulheres terem
entrado em massa no mercado de trabalho, a imagem mental
padrão de um líder ainda é masculina. O mais recente é o
estudo intitulado “Condenada se fizer, condenada se não
fizer”, que entrevistou 1.231 executivos importantes nos
EUA e na Europa.
A pesquisa concluiu que as mulheres que agem de
maneiras coerentes com os estereótipos - como
concentrar-se “em relações de trabalho” e expressar
“preocupação com as perspectivas das outras pessoas” -
são consideradas menos competentes. Porém, se elas se
comportam de um jeito considerado mais “masculino” -
como “concentrar-se na tarefa, demonstrar ambição” -,
são vistas como “duras demais” e “antifemininas”.
Outros pesquisadores chegam a conclusões
similares. Joan Williams dirige o Centro de Direito de
Trabalho e Vida Privada, parte da Escola de Direito
Hastings, da Universidade da Califórnia, em San
Francisco.Williams, autora do livro Unbending Gender
(algo como “Sexo inflexível”), também constatou que as
mulheres são vistas segundo um padrão diferente no
trabalho.
Elas devem ser carinhosas, mas são consideradas
incompetentes quando são femininas demais, disse
Williams. Elas devem ser fortes, mas são rotuladas de
estridentes ou ásperas quando agem como líderes. “As
mulheres precisam escolher entre ser amadas, mas não
respeitadas, ou ser respeitadas, mas não amadas”, disse.
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