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Visão das mulheres na liderança varia entre 'dura demais' e 'incompetente'
 

Lisa Belkin, THE NEW YORK TIMES - 08-11-07
 

Não se irrite. Mas assuma o controle. Seja simpática. Mas não simpática demais. Fale com franqueza. Mas não pareça falar demais. Nunca, jamais vista roupas sexy. Faça o possível para inspirar os colegas - a não ser que você trabalhe na Noruega, onde o foco deve ser delegar tarefas.

Escrever sobre a vida e o trabalho significa receber um fluxo contínuo de pesquisas sobre como as mulheres são vistas de modo diferente dos homens no local de trabalho. São estudos acadêmicos e profissionais, e não frágeis enquetes online. E a cada vez que leio um, sinto-me deprimida. O que as mulheres devem fazer com essas informações? Transformar-se de um dia para o outro? Em quê? Como, ao mesmo tempo, devemos e não devemos ser assertivas?

“É o suficiente para nos deixar tontas”, disse Ilene H. Lang, presidente da Catalyst, organização que estuda as mulheres no local de trabalho. “As mulheres estão confusas, os homens estão confusos e ainda não temos uma explicação simples e direta para o fato de não haver mulheres suficientes em posições de liderança.”

Os estudos da Catalyst muitas vezes são dedicados a explicar por que, 30 anos depois de as mulheres terem entrado em massa no mercado de trabalho, a imagem mental padrão de um líder ainda é masculina. O mais recente é o estudo intitulado “Condenada se fizer, condenada se não fizer”, que entrevistou 1.231 executivos importantes nos EUA e na Europa.

A pesquisa concluiu que as mulheres que agem de maneiras coerentes com os estereótipos - como concentrar-se “em relações de trabalho” e expressar “preocupação com as perspectivas das outras pessoas” - são consideradas menos competentes. Porém, se elas se comportam de um jeito considerado mais “masculino” - como “concentrar-se na tarefa, demonstrar ambição” -, são vistas como “duras demais” e “antifemininas”.

Outros pesquisadores chegam a conclusões similares. Joan Williams dirige o Centro de Direito de Trabalho e Vida Privada, parte da Escola de Direito Hastings, da Universidade da Califórnia, em San Francisco.Williams, autora do livro Unbending Gender (algo como “Sexo inflexível”), também constatou que as mulheres são vistas segundo um padrão diferente no trabalho.

Elas devem ser carinhosas, mas são consideradas incompetentes quando são femininas demais, disse Williams. Elas devem ser fortes, mas são rotuladas de estridentes ou ásperas quando agem como líderes. “As mulheres precisam escolher entre ser amadas, mas não respeitadas, ou ser respeitadas, mas não amadas”, disse.

 

 

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