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Como ganhar dinheiro no meio dessa ‘Guerra de Preços’ (Parte 5)

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Na 4ª parte deste ensaio que você poderá copiar diretamente do nosso site www.faccin.com.br  ou solicitá-la pelo e-mail  professor@faccin.com.br , mostramos que a empresa que deseja vender a oferta básica deve ser especialista em custos e não em marketing, já que as ofertas básicas são todas mais ou menos iguais e por isso quem tiver o melhor preço vende mais.
Mostramos também que o custo de marketing para a conquista de novos clientes ainda é pouco considerado pela maioria das empresas, mas que numa empresa que quer vencer pelo preço baixo ele precisa ser levado a sério porque eleva bastante os custos.

No final, ficamos de apresentar nesta 5ª parte um estudo de caso das concorrentes diretas GOL e TAM, que elucida bem a diferença de estrutura de uma empresa de oferta básica (GOL) e uma empresa que busca agregar atributos a oferta básica para tentar se diferenciar (TAM).

No ano passado, 2006, a GOL foi bem mais lucrativa que a TAM, conforme se pode ver no quadro a seguir cujos dados essenciais, como passageiros transportados, faturamento, lucro líquido, etc. foram extraídos do jornal O Estado de São Paulo. E os demais, como preço médio das passagens, etc. foram inferidos daqueles.
Como se pode observar, apesar de em 2006 a GOL ter transportado 69% menos passageiros; ter cobrado um preço médio da passagem 17% menor; e ter faturado 97% menos, como seus custos foram, proporcionalmente, ainda menores, ela teve um lucro líquido 18% maior que a TAM.

Comparativo GOL/TAM 2006

À primeira vista, isso poderia indicar que as empresas que vendem a oferta básica são mais lucrativas que as que vendem valores agregados.

Mas, isso não é bem assim. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

No caso dessas duas empresas, tudo leva a crer que a diferença de lucratividade foi muito mais devido à excelente gestão de custos por parte da GOL e pela escolha equivocada de diferenciais agregados por parte da TAM, conforme vamos analisar mais adiante.

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Vale ressaltar que os custos diretos da oferta básica são praticamente os mesmos para as duas empresas e, portanto não têm como serem eliminados ou significativamente reduzidos como é o caso do querosene de aviação que representa algo em torno de 35% do custo total; salário da tripulação que segue o piso da categoria; tarifas aeroportuárias; custo de leasing das aeronaves; custos de manutenção das aeronaves que é por hora de vôo; etc.

Na realidade, esses custos devem representar uns 90% do custo total de cada empresa.

Portanto, para conseguir essa diferença de lucratividade, a GOL só pode ter atuado com muita eficiência na gestão dos processos, eliminando etapas desnecessárias; tornando mais eficientes as etapas necessárias mas que não agregam valor para o passageiro; e na eliminação de valores agregados irrelevantes para os passageiros.

Por seu turno, a lucratividade menor da TAM parece ser muito mais devida aos custos que ela agregou à oferta básica para tentar se diferenciar, como o sanduichinho quente, o programa fidelidade, etc. e que muito provavelmente ela não está conseguindo repassar para os preços, como corresponderia.

Aliás, diga-se de passagem, isso é muito comum nas empresas. Muitos gerentes de marketing inventam diferenciais que representam valor irrelevante ou valor nenhum para os clientes e por isso não conseguem repassar os custos resultantes para os preços, porque os clientes não aceitam pagar adicionalmente por eles.

A questão é que as pessoas têm necessidades e sabem que para resolvê-las precisam pagar pela solução.

Agora, quanto maior for a necessidade, mais as pessoas estão dispostas a pagar para solucioná-las. E, o inverso também é verdadeiro. Quanto menor for a necessidade, menos as pessoas estão dispostas a pagar para solucioná-las.

E mais: se as necessidades forem irrelevantes, a menos que a solução seja sem custo, as pessoas não se interessam em resolvê-las porque, como os recursos são sempre escassos e as necessidades sempre ilimitadas, ninguém pode pensar em querer satisfazer a todas as necessidades que tem, simplesmente porque não teria recursos suficientes para tanto.

É por isso que as necessidades irrelevantes ou banais são costumeiramente deixadas de lado.
Portanto, cabe a empresa procurar descobrir o que é profundamente importante para o seu cliente e se fixar nisso. Ficar acrescentando ‘perfumarias’ só para ‘se diferenciar por se diferenciar’, não fará qualquer diferença no preço que o cliente estará disposto a pagar para resolver o seu problema essencial.

O sanduichinho quente da TAM é um bom exemplo de um diferencial irrelevante. Por isso, poucos seriam os passageiros que aceitariam pagar mais pela passagem aérea só por causa desse diferencial, principalmente numa viagem de curta distância.

Todavia, esse diferencial do sanduichinho além de agregar custos, ainda complica bastante o processo administrativo, logístico e operacional: é preciso que alguém elabore o cardápio que deve ser modificado de quando em quando; é preciso que alguém desenvolva a embalagem para o sanduichinho que também deve ser modificada de quando em quando; é preciso que alguém contrate a gráfica que vai imprimir a embalagem; é preciso armazenar as embalagens nos diversos locais onde são fabricados os sanduichinhos; é preciso contratar a empresa que vai fabricar os sanduichinhos; é preciso organizar a logística de distribuição dos sanduichinhos; etc.
 

Como se isso não bastasse, devido ao pequeno período de validade do sanduichinho, os que não forem usados precisam ser descartados (possivelmente devem ser incinerados para evitar possíveis problemas).

Ainda, apesar de os aviões terem um índice de ocupação médio de uns 70% dos assentos, pelas dúvidas, é preciso levar sanduichinho para a ocupação completa. Já pensou se o avião lota e falta sanduichinho para algum passageiro? Ou se alguns passageiros quiserem comer mais de um sanduichinho e a aeromoça disser: desculpe, mas é um só por passageiro...?

A questão é que depois de aquecidos, os sanduichinhos não consumidos também precisam ser descartados porque não seria adequado oferecer para os próximos passageiros sanduichinho requentado.

Agora imagine: como a TAM transportou 25 milhões de passageiros no ano passado e como isso representou algo em torno de 70% da capacidade plena de utilização de suas aeronaves, é de se supor que ela tenha produzido algo em torno de uns 30 a 35 milhões de sanduichinhos.

Sem dúvida uma trabalheira enorme e um custo bastante alto. E tudo indica que ela não conseguiu repassá-lo para o preço da passagem, porque se tivesse conseguido, seu lucro não seria inferior ao da GOL, já que transportou 10 milhões de passageiros a mais.

Por seu turno, como a GOL se posiciona como prestadora de serviços da oferta básica, ela pode solucionar bem melhor essa questão, oferecendo as barrinhas de cereais que são muito mais práticas, muito menos perecíveis, etc.

É claro que ao optar por oferecer um serviço básico com uma barrinha de cereal, a GOL teve de abrir mão de alguns passageiros que acham relevante o sanduichinho quentinho.
Isso é assim porque é impossível satisfazer a todos os clientes, devido a que as estruturas operacionais necessárias para oferecer o sanduichinho quentinho e as barrinhas de cereal são diferentes e incompatíveis entre si.

Agora, imagine o impacto nos lucros da TAM se ela conseguisse reduzir R$ 1,00 de custo desnecessário por passageiro? Como ela transportou 25 milhões de passageiros, simplesmente teria aumentado o lucro em 25 milhões de reais.
Outro diferencial que agrega custo adicional para a TAM é o Cartão Fidelidade.
Na realidade, ela cobra um pouco mais no preço da passagem e depois dá o desconto na forma de trajeto grátis para aqueles passageiros freqüentes.
Como a GOL se posicionou como empresa de oferta básica, dispensou esse diferencial e transformou a economia de custo resultante em redução de preço da passagem. Dessa forma ela deixa de assumir os custos administrativos e operacionais necessários com esses clientes preferenciais e torna o seu preço mais atrativo.
Como a GOL está crescendo muito rapidamente, isso deve ter sinalizado para a TAM que, obrigar o passageiro a fazer dez trechos para ganhar um trecho grátis perdeu sua atratividade.

Então como ela não podia acabar com esse diferencial do Cartão Fidelidade (para que os seus clientes ‘fiéis’ não se tornassem infiéis), precisou agregar novos diferenciais para eles continuarem fiéis... Ou seja, precisou incorporar mais custos para mantê-los ‘fiéis’, sem contudo conseguir repassá-los para os preços.
Assim, ela reservou um guichê especial para check in nos aeroportos para os clientes fidelidade vermelho e passou a adicionar na bagagem desses clientes uma fita-etiqueta de

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