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Como ganhar dinheiro no meio
dessa ‘Guerra de Preços’ (Parte 5)
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prioridade (comprida, sofisticada e bonitinha) para que
suas bagagens possam ser diferenciadas e desembarcadas
primeiro nos aeroportos.
Agora, imagine os custos de se manter um guichê especial
só para atender a um grupo pequeno de clientes, e os
problemas operacionais que uma bagagem diferenciada
acarreta ao receber tratamento diferenciado no
desembarque.
Não satisfazer o cliente é ruim para os negócios. Mas
superar suas expectativas e “encantá-lo” exige muito bom
senso.
É preciso ter em mente que cada mimo incorporado ao
produto ou serviço é para sempre. É direito adquirido do
cliente.
A questão é que cliente que recebe mimos sem solicitar,
se acostuma, e sempre quer mais. E cliente mimado se
sente frustrado quando deixa de sê-lo e, não raro, troca
de fornecedor ou de prestador de serviços só para
puni-lo.
É normal os clientes desejarem mais serviços, mais
conveniências, mais privilégios, customização, etc. tudo
pelo preço mais baixo.
Todavia, como à exceção do ar que respiramos, tudo o
mais tem custo, os mimos incorporados e não cobrados,
saem do lucro e podem levar ao prejuízo.
Por outro lado, não é segredo para ninguém que as
companhias aéreas têm preços diferenciados conforme a
lotação do avião.
Assim, quem compra a passagem com boa antecedência,
enquanto o vôo ainda está vazio, paga mais barato. Quem
deixa para a última hora, quando o vôo está mais lotado,
paga mais caro.
Por exemplo: uma passagem (somente de ida) de São Paulo
a Porto Alegre pela TAM pode variar de
conforme for se dando a lotação do
avião e do horário programado.
Agora, como os passageiros freqüentes são muito
experientes, costumam programar suas viagens com boa
antecedência e dessa forma conseguem sempre pagar mais
barato.
Dessa forma, a TAM acaba tendo custos elevados para
atender a passageiros que pagam pouco ou que,
literalmente, não dão lucro. Que contra-senso!
Infelizmente, devido ao desespero de conquistar clientes
a qualquer custo, muitos gerentes de marketing costumam
idealizar diferenciais que, ademais de complicar a vida
operacional e administrativa da empresa, ainda geram
custos extraordinários, difíceis de serem repassados
para o preço.
Um equívoco grave que muitos gerentes de marketing
cometem é confundirem clientes freqüentes com clientes
fiéis.
Conforme eu mencionei no artigo ‘olho por olho, dente
por dente’, essa história de fidelidade não está bem
explicada e é preciso tomar muito cuidado com esse
modismo.
Por exemplo: fidelidade pode significar apenas
consumidores no “piloto automático”, que continuam a
comprar da mesma empresa por conveniência ou porque não
querem se incomodar com outra escolha.
É o meu caso com a padaria em frente da minha casa. Eu
só compro pão lá devido à facilidade da distância. Mas,
o pão dela é uma droga. Se eu tivesse outra opção já
teria mudado há tempo. Todavia, o dono da padaria pensa
que eu sou um ‘cliente fiel’. Confunde cliente rotineiro
por falta de opção, com cliente fiel.
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O viajante que opta pela TAM por causa da milhagem ou por
causa da prioridade de atendimento no check in exclusivo
e da bagagem preferencial, não me parece estar fazendo
essa opção por ‘fidelidade’ à empresa, mas sim por
conveniência própria. Está optando por essa empresa
apenas pelas vantagens que está obtendo sem pagar nada a
mais por isso, e não por ser fiel a ela. O que é bem
diferente.
Fidelidade é outra coisa. Fiel é a torcida do
Corinthians que ficou incentivando o seu time durante um
quarto de século até conseguir finalmente vê-lo
campeão... Isso sim é fidelidade.
Também, é muito comum a muitos gerentes de marketing se
equivocarem ao confundirem clientes freqüentes com
clientes lucrativos.
São coisas diferentes, e o que é pior: a maioria dos
clientes freqüentes e antigos, por obterem muitos
privilégios, geralmente não são lucrativos. Quase sempre
eles acabam custando mais do que valem.
Com essa visão míope de marketing, as empresas passam a
tratar bem os clientes que dão pouco ou nenhum lucro
(apenas porque são rotineiros ou antigos) e a tratar
como ‘gado’ os clientes lucrativos...
Já que as companhias aéreas têm preços diferenciados, o
correto seria a TAM oferecer serviços adicionais e
diferenciados (check in especial, prioridade na bagagem,
etc.) para os clientes que optassem por pagar mais pelo
bilhete aéreo. Como era feito antigamente para os
passageiros da classe executiva.
De acordo com a minha teoria do ‘olho por olho, dente
por dente’, o cliente deve obter exatamente aquilo que
paga. Os que pagam mais precisam receber mais
benefícios. Os que pagam menos, menos benefícios.
Ademais, oferecer além do que o cliente paga é injusto
porque, quando não se cobra o que se deveria de
determinados clientes, ou mesmo quando se oferece
‘serviços grátis’ para ‘ganhá-los’, na realidade se está
entregando a conta para os outros clientes pagarem, já
que quem paga todos os custos de uma empresa são os
clientes, de uma forma ou de outra.
E isso, ademais de não ser certo, também não é bom,
porque se está onerando os bons clientes para agradar
aos maus clientes.
Uma pergunta que se deveria fazer é: porque as empresas
aéreas eliminaram as classes executivas nos vôos
domésticos?
Suponho que é porque poucos passageiros aceitavam pagar
mais por esse diferencial.
Então, se os passageiros não aceitam pagar mais por um
diferencial, é porque eles entendem que isso não tem
valor para eles.
E se um diferencial não tem valor para eles, porque
muitos gerentes de marketing insistem em gastar dinheiro
oferecendo algo que os clientes não valorizam?
Eu suspeito que por um lado isso é devido à falta de
conhecimentos mais aprofundados de gestão de custos e
por outro lado, é devido à falta de argumentos de
vendas. Então, usa-se o argumento infalível para tentar
atrair clientes a qualquer custo: dar, dar e dar.
É mais ou menos isso o que está acontecendo na área de
alarmes monitorados, por exemplo. Por falta de
argumentos para conquistar clientes, muitas empresas
passaram a dar os equipamentos e dispositivos de alarme
sob o pseudônimo pomposo de comodato...
Assim não vale. É prejuízo na certa. Não há como
recuperar o investimento feito na aquisição do cliente.
A menos que se fizesse um contrato de monitoramento de
dez anos e |
por um preço bastante compensador e que incorporasse a
amortização do capital investido com juros e tudo o
mais.
Ao optar pela estratégia de serviço básico e padronizado
para todos os passageiros, a GOL sabia que teria de
abrir mão desses passageiros freqüentes, que querem
privilégios (sem querer pagar por eles), para a TAM.
Como o seu foco é outro, ela não teria como
compatibilizar as estruturas necessárias para atender,
com custos baixos, passageiros com necessidades
diferentes.
Esses são apenas dois dos diferenciais, cujos custos a
TAM incorporou, mas que ela não está conseguindo
repassar para os preços.
Todavia, em minha opinião, a maior parte dos custos
maiores da TAM é devida ao fato de ela não saber atuar
nos custos nulos tão bem como a GOL.
Por exemplo: quando os passageiros descem do avião da
TAM, entram as faxineiras da Infraero para recolher os
jornais e revistas velhos, papéis de bala, copos,
guardanapos, etc. deixados pelos passageiros no porta
treco do banco da frente ou mesmo no chão. Esse serviço
é cobrado pela Infraero.
A GOL eliminou esse custo. Quando o avião está prestes a
aterrizar as aeromoças passam pelo corredor com um saco
de lixo e os passageiros vão jogando os descartáveis no
saco.
Outro exemplo: a GOL estimulou os passageiros a
comprarem pela Internet. Segundo se comenta, atualmente,
algo em torno de 80% das passagens da GOL são compradas
por esse meio.
Com isso ela elimina os custos de atendimento dos
passageiros; de impressão do ticket (o passageiro
imprime na sua própria impressora); os 10% de comissão
para as agências de viagens; e se o passageiro não tiver
bagagem já faz o seu próprio check in pela Internet
(imprime na sua impressora) e vai direto para o
terminal. Tudo muito prático e com uma economia
fantástica de custos de atendimento.
Um passageiro da TAM que deseje alterar seu vôo terá de
necessariamente ir a uma loja da TAM para fazer esse
trâmite. Imagine a burocracia e o custo disso. Sem falar
na aporrinhação para o passageiro e na irritação que
essa medida causa. Aliás, esse é um típico custo que eu
chamo de negativo, porque gasta-se para irritar o
cliente.
Na GOL o passageiro faz tudo sozinho pela Internet numa
rapidez e com uma praticidade incrível.
A lista de práticas inteligentes de administração de
custos da GOL é enorme. Eu não vou enumerá-las todas
aqui porque fugiria ao escopo deste ensaio.
A questão é que, economizando aqui e ali (nos tais
palitos de dente), eliminando custos agregados
desnecessários, custos nulos e custos negativos, a GOL
consegue ter um lucro maior, com menos trabalho e, de
quebra, consegue oferecer um serviço básico de qualidade
por um preço mais baixo, porque adequou sua estrutura
para essa finalidade.
Assim, se sua empresa deseja se posicionar no segmento
da oferta básica de preço baixo terá de atuar com rigor
e eficiência na administração dos custos e procurar
eliminar todos aqueles custos que (por opção
estratégica) foram agregados indevidamente, ademais de
eliminar sumariamente todos os custos nulos e negativos.
Agora, veja no quadro a seguir o desastre que
aconteceria se a TAM quisesse simplesmente acompanhar os
preços da concorrente GOL, sem alterar em nada a sua
estrutura de custos. |
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Veja
que se a TAM simplesmente tentasse acompanhar o mesmo
preço médio da passagem da GOL (R$ 263,51), sem reduzir
proporcionalmente os custos, ela passaria de 560 milhões
de lucro (quadro anterior) para 540 milhões de prejuízo!
Infelizmente, é isso o que estamos vendo acontecer no
setor de segurança e de serviços gerais. As empresas
baixaram os preços para poder acompanhar a concorrência,
mas sem cortarem proporcionalmente os custos.
É
claro que as conseqüências dessa política podem ser
dramáticas.
Mas,
isso eu vou deixar para a próxima parte deste ensaio
porque esta já ficou grande demais.
Até
lá, se você precisar de ajuda na área de custos, preços,
estratégias de marketing e vendas, etc. consulte-nos sem
compromisso. Consultoria é para isso mesmo. Ajudar a
resolver situações inusitadas.
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