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Como ganhar dinheiro no meio
dessa ‘Guerra de Preços’ (Parte 6)
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“As melhores oportunidades,
geralmente estão embutidas nos problemas insolúveis”
Excerto Amorc
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Na 5ª parte deste ensaio apresentamos
um estudo de caso das concorrentes diretas GOL e TAM.
Caso você não o tenha recebido poderá copiá-lo
diretamente do nosso site
www.faccin.com.br
ou solicitá-lo pelo e-mail
professor@faccin.com.br
Naquele estudo, fica patente que ‘vender mais’
não significa necessariamente ter mais lucro, já que em
2006 a TAM transportou 10 milhões de passageiros a mais
que a GOL e lucrou R$ 120 milhões a menos que a GOL.
Também ficou evidente que se a TAM quisesse
baixar seus preços para acompanhar os preços da GOL,
sem reduzir proporcionalmente os custos, ela
passaria de um lucro de 560 milhões para um prejuízo de
540 milhões.
Esse estudo também demonstra que quem quiser ter
lucro deve esquecer a velha preocupação de obter a
liderança de mercado a qualquer custo e se focar no
lucro por cliente.
Finalmente, mostrou que os clientes não pagam por
diferenciais que não fazem grande diferença.
Nesta 6ª parte vamos explorar exatamente esse
tema dos ‘diferenciais’ ou dos ‘valores agregados’.
Antes porém, vamos estabelecer a diferença entre
‘custo agregado’ e ‘valor agregado’.
Custo agregado é aquilo que a empresa ‘põe’
adicionalmente no produto/serviço (atributos adicionais)
para diferenciá-lo da concorrência.
Valor agregado é o que o cliente ‘tira’ do
produto/serviço para satisfazer a uma necessidade
complementar relevante ao problema básico dele.
Obviamente, nem todos os custos adicionados se
transformam em valores para os clientes, porque muitos
clientes não precisam de determinados atributos
incorporados adicionalmente no produto/serviço ou
entendem que esses atributos são irrelevantes para eles.
Por isso é comum ouvirmos a expressão: ‘isso não
tem valor para mim’.
É por esse motivo que muitos clientes não se
dispõem a pagar por determinados diferenciais que muitas
empresas incorporam nos produtos/serviços.
Uma fórmulinha prática e infalível para saber se
um diferencial tem valor para os clientes é tentar
cobrar por eles.
Se os clientes aceitarem pagar é porque
reconhecem o valor desse diferencial. Nesse caso a
empresa acertou no alvo e portanto deve incorporar esse
diferencial à oferta básica e cobrar um valor adicional
por ele.
Mas, se os clientes não aceitarem pagar, é porque
não reconhecem o valor desse diferencial.
Neste caso, a empresa precisa abandonar
imediatamente a idéia de agregar esse diferencial ao seu
produto/serviço, se não quiser ter prejuízo. Afinal, ela
estará agregando custos que não conseguirá repassar para
os preços. |
Muitas empresas, no afã de quererem
ganhar um cliente a qualquer custo, oferecem uma série
de ‘serviços adicionais grátis’ para ‘se diferenciar’ em
relação à concorrência.
Só que isso é a pior coisa que uma empresa pode
fazer.
Primeiro porque, como vimos, muitos clientes não
precisam daqueles adicionais. Dessa forma, ao
incorporá-los compulsoriamente no produto/serviço a
empresa estará, literalmente, jogando dinheiro fora.
E, segundo e mais importante, porque o que
determina o valor de um bem ou serviço é a expressão
numérica do seu preço.
Logo, algo que tenha um preço igual a zero,
também tem um valor equivalente a zero.
Ou seja, ao adotar essa prática do ‘grátis’ para
se ‘diferenciar’ da concorrência, a própria empresa está
passando para os clientes uma mensagem de que aqueles
‘diferenciais grátis’ não têm valor algum.
Dessa forma, além de perder dinheiro dando o que
os clientes não pediram, ainda a empresa desvaloriza os
próprios diferenciais que adicionou a oferta básica.
Veja como o preço determina o valor do bem.
Um estudo recém-publicado pelo California
Institute of Technology, dos Estados Unidos, mostra
que ‘um mesmo vinho pode ser muito mais
agradável ao paladar quando vendido a R$ 200,00 do que
quando vendido a R$ 10,00’.
Os pesquisadores deram a 20 pessoas duas doses
exatamente do mesmo vinho, dizendo a elas que um
vinho custava R$ 10,00 a garrafa e o outro custava R$
200,00 a garrafa.
A maioria considerou as doses dos vinhos "mais
caros" melhores.
Os pesquisadores usaram uma técnica de
ressonância magnética para observar o comportamento do
cérebro dos pesquisados ao saborear cada dose de vinho.
Eles observaram as mudanças ocorridas na parte do
cérebro conhecida como córtex órbito-frontal médio, que
tem um papel importante na sensação de prazer.
O estudo mostrou que essa região do cérebro
ficava mais ativa durante a degustação dos vinhos "mais
caros", do que quando da ingestão dos "mais baratos".
Segundo o coordenador do estudo, Antonio Rangel,
o resultado da ressonância magnética mostrou que a
diferença na percepção de cada dose de vinho era real e
não apenas imaginária.
As marcas de grife exploram exatamente essa
diferença de percepção ‘real’ que se dá no cérebro.
Assim, quando o indivíduo usa um produto de grife
famosa, tanto ele quanto os que o vêem têm a nítida
impressão de que o produto tem um valor intrínseco muito
maior do que ele realmente tem.
Por outro lado, é sempre preciso ter em mente que
o ‘diferencial’ é efeito e não causa. A causa tem de ser
uma necessidade complementar relevante à necessidade
básica do cliente.
Portanto, a primeira tarefa a ser desempenhada
quando se deseja agregar algum diferencial ao produto ou
serviço tem de ser: ‘descobrir’ necessidades
complementares relevantes à necessidade básica.
É certo que essa tarefa não é tão simples assim
de ser realizada (se fosse não existiriam tantas
commodities no mundo)
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Exige do estrategista muito
conhecimento, muita experiência, muita vivência, muita
pesquisa e muita perspicácia.
Contudo, se a empresa não tiver uma estrutura de
custos enxuta, que lhe permita competir em preço,
precisará se envolver com essa tarefa de ‘descobrir’
necessidades adjacentes relevantes dos clientes porque,
depois de um tempo de seu surgimento, qualquer produto
ou serviço é copiado fartamente e passa a ser disponível
em vários fornecedores ou prestadores de serviço com uma
qualidade tão boa ou tão ruim como qualquer outra e sem
diferenças significativas entre elas e entre os diversos
fornecedores.
Hoje em dia, praticamente não há diferenças
significativas entres produtos da mesma categoria, como
carros, computadores, transportes aéreos, transporte de
valores, de documentos, hotéis, alarmes monitorados,
vigilância orgânica, serviços de limpeza e conservação,
fornecimento de mão-de-obra terceirizada, etc. Por isso
eles se transformaram em autênticas commodities.
Além do design, que outra diferença significativa
poderia ter um carro 1.0 das diversas montadoras de
veículos?
Os componentes são praticamente os mesmos, porque
em geral são fornecidos pelas mesmas empresas de auto
peças. Os acessórios qualquer um pode ter igual. Quanto
aos motores, que são fabricados pelas montadoras, se
houver diferença não deve ser tão perceptível assim a um
motorista comum. Afinal, todas as montadoras são grandes
empresas e dificilmente uma faria um motor muito
diferente das demais.
Ou seja, as diferenças não são relevantes. A
preferência por um determinado modelo é mais uma questão
de confiança na marca, gosto pela cor, pelo design,
facilidades de compra, etc. Ou seja, as diferenças estão
mais nos atributos intangíveis do que nos tangíveis.
Um outro exemplo. Fornecer pura e simplesmente
mão-de-obra terceirizada de limpeza, portaria e
vigilância é uma atividade simples e pouco diferençável,
já que a matéria prima (homem) que representa 80% ou
mais do preço do serviço, é praticamente a mesma para
todos os concorrentes.
Como toda essa mão-de-obra ganha o mesmo piso da
categoria, fica difícil dizer que uma determinada
empresa consegue contratar pessoas com qualificação
muito diferente das demais concorrentes.
Por isso, hoje em dia existem centenas de
empresas, formais e informais, fazendo isso. O resultado
é que essa atividade virou commodity e, obviamente, o
preço passou a ser estabelecido pelo mercado.
Dessa forma, a empresa que quiser continuar
fornecendo apenas essa oferta básica simples, sem nenhum
diferencial significativo agregado, precisará ter uma
infra-estrutura administrativa muito enxuta para poder
competir em preço e ainda assim conseguir ter algum
lucro.
Para prestar esse serviço por um preço maior que
a concorrência, será preciso agregar algum diferencial a
essa oferta básica. Mas, esse diferencial precisa ser
reconhecido como valor pelos clientes, do contrário eles
não aceitam pagar um preço adicional por eles.
Como dissemos, para que um diferencial agregado
se transforme em valor para os clientes é preciso que
ele resolva um problema relevante complementar dos
clientes.
Na prática, os clientes até querem os
diferenciais irrelevantes, porém não querem pagar nada a
mais por eles. Querem o ‘um pouco melhor’, mas pelo
preço do ‘um pouco pior’... |
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Continuação do artigo > |
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