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Como ganhar dinheiro no meio dessa ‘Guerra de Preços’ (Parte 6)

 

 

“As melhores oportunidades, geralmente estão embutidas nos problemas insolúveis”
Excerto Amorc
 

É por esse motivo que sempre que os preços de uma empresa que agregou alguns diferenciais irrelevantes forem ligeiramente superior ao da concorrência (10% a 15%), o cliente costuma dizer mais ou menos assim para o vendedor: ‘olha, eu quero fechar com você, mas o seu preço está mais alto que o do concorrente, me faz o mesmo preço do seu concorrente que eu fecho com você...’

Que enrascada a empresa se meteu! Aumentou os custos e agora não consegue repassá-los para os preços!

Se esse for o seu caso e se você quiser saber como sair desse apuro entre em contato conosco 11 4667-5882 ou pelo e-mail professor@faccin.com.br.

Agregar custos que não resolvam problemas complementares relevantes dos clientes pode levar (e tem levado) muitas empresas a terem uma redução significativa da lucratividade, já que ela acaba sempre tendo de vender algo que tem mais custos pelo mesmo preço de algo que tem menos custos.

Para que o cliente se disponha a pagar um valor adicional, é preciso que esse custo adicional agregado à oferta básica solucione, de fato, um problema complementar efetivamente relevante que ele tenha e ainda, a um preço compatível.
Agora, é preciso considerar que existem três áreas distintas de diferenciação e que isso afeta o preço que os clientes aceitam pagar de forma diferente.

          1.
A empresa pode se diferenciar como marca;
          2.
A empresa pode diferenciar o processo administrativo, produtivo ou operacional; e
          3.
A empresa pode diferenciar o produto ou serviço.

Quando a empresa diferencia a sua marca, muitos clientes até aceitam pagar algo a mais pela confiança depositada. Mas, não muito mais, porque, em essência, o produto ou serviço continua solucionando exatamente o mesmo problema básico seu.

Na prática, a maioria dos clientes preferem comprar de uma marca de maior prestígio, mas gostariam de pagar o mesmo preço das marcas de menor prestígio. É preciso muita habilidade da equipe comercial para não cair nessa armadilha.

Quando a empresa diferencia o processo, dificilmente algum cliente aceita pagar mais por isso. Afinal, esse custo agregado resolve um problema da empresa e não dele.

Por exemplo, o diferencial da ISO 9000.

A função precípua dessa norma é resolver um problema de padronização do processo da empresa. Assim, como não resolve nenhum problema complementar dos clientes (o produto/serviço continua resolvendo exatamente o mesmo problema básico do cliente), eles não aceitam pagar um preço adicional pelo fato de a empresa ser ‘isada’.

No início da onda, a ISO passava para o mercado uma imagem de qualidade da empresa. Então, naquela época os clientes preferiam comprar da empresa isada, mas apesar disso, dificilmente aceitavam pagar mais por isso. Apenas, em igualdade de condições, davam preferência para a empresa ‘isada’.

Ou seja, naquela época os gastos com a adoção e manutenção da ISO deveriam ser considerados como verba de propaganda institucional, que não é repassável para o preço.

Contudo, como ter a certificação da ISO 9000 hoje, já não é tão relevante para o mercado, adotar ou manter a ISO apenas como propaganda de qualidade não faz mais sentido, porque representa custos a fundo perdido.

Para comprovar a qualidade, melhor que a ISO é o testemunho dos clientes satisfeitos.

 

Hoje, adotar e/ou manter a certificação da ISO depende exclusivamente de a empresa achar que isso é ou não conveniente para o processo dela e não porque o mercado vá preferi-la por achar que ela tem mais qualidade.

Até porque, os clientes esperam que qualquer fornecedor ou prestador de serviços lhes entregue um produto ou serviço de qualidade. Agora, como a empresa vai fazer isso é problema dela.
 
Afinal, oferecer produtos e serviços de qualidade é o mínimo que uma empresa precisa propiciar aos seus clientes em troca do dinheiro, também de qualidade, que eles a remuneram.

Se ela não tiver qualidade, supõe-se que o cliente irá procurar a concorrência.

Em outras palavras, como a norma ISO diferencia apenas o processo operacional e como isso não resolve nenhum problema complementar ao problema básico do cliente, ele não aceita pagar nada a mais por isso.

Dessa forma, adotar a ISO 9000 achando que com isso a empresa irá se diferenciar da concorrência e dessa forma, poderá cobrar um preço maior pelo mesmo produto ou serviço é uma decisão equivocada.

Para diferenciar um produto ou serviço é preciso agregar algo nele que resolva um problema complementar ao problema básico do cliente. A maneira (processo) como a empresa vai fazer isso, para o cliente é irrelevante.

Ademais, quando a empresa volta sua atenção para ‘o como fazer’, na prática ela está buscando resolver um problema dela, o que não deixa de ser importante.

Mas, para ganhar dinheiro, é preciso resolver os problemas dos clientes. Se a empresa resolver os problemas deles, com certeza eles irão resolver os problemas dela. É uma relação natural de causa e efeito.

Por isso, muitíssimo mais importante do que gastar muito tempo e dinheiro tentando diferenciar a empresa ou o processo (como fazer) é sempre melhor investir muito tempo e dinheiro para diferenciar o produto/serviço (o que fazer).

Ou Seja, ao invés de olhar para dentro, olhar para fora.Focar no cliente.

Algumas empresas se focam tanto nelas próprias que chegam ao ponto de se tornarem verdadeiras narcisistas e de se esquecerem dos clientes.

Eu precisei pedir para um cliente de nossa consultoria para acabar com a história da ISO 9000 antes que ela acabasse com a empresa. Porque, dentro da empresa, ninguém mais pensava nos clientes, só na ISO. Era uma enormidade de tempo e dinheiro gasto em busca da perfeição da padronização do processo sem ninguém saber exatamente para quê ou para quem.

Parodiando o presidente Lula, ‘nunca antes’ houveram tantas novas técnicas gerenciais como hoje: ‘downsizing (redução de tamanho da empresa), terceirização, gerenciamento da qualidade total, análise de valor econômico, benchmarking, reengenharia, mapeamento e melhoria contínua dos processos, ISO 9000, etc.’

Todavia, todas essas ferramentas administrativas foram concebidas principalmente para a empresa fazer de forma diferente aquilo que já é feito. Ou seja, são ferramentas que orientam o “como fazer” e não o ‘quê fazer’.

Sem dúvida, elas são importantes, mas como não agregam nada adicionalmente ao produto ou serviço que resolva um problema complementar relevante do cliente, eles não aceitam pagar nada a mais pela maneira ‘como a empresa faz’.

Afinal a diferença na maneira de fazer resolve um problema da empresa e não um problema do cliente.
 
Como dissemos e voltamos a persistir, para pagar algo adicional ao preço da oferta básica, é preciso que a empresa adicione algo a mais no seu produto ou serviço que venha, de fato, resolver um problema complementar e relevante do cliente.

Apenas mudar a maneira de produzir um produto ou de prestar um serviço não altera, em essência, a função precípua desse produto ou serviço, já que ele continua solucionando exatamente o mesmo problema básico do cliente.

Portanto, é preciso tomar muito cuidado com o excesso de gastos no ‘como fazer’ (processo), já que esses gastos são dificílimos de serem repassados para o preço.
Assim, se a empresa decide implantar um programa de computador corporativo mais moderno, isso tem de ser encarado como um investimento que vai resolver um problema dela e portanto, esse gasto deve sair do lucro, já que a empresa não terá como repassar isso para os preços.

Se a empresa entende que deve alugar um imóvel maior, mais bonito numa rua principal para chamar mais a atenção dos clientes, isso também é problema dela. Na prática, isso deve ser considerado como verba de propaganda institucional, que não tem como ser repassada para o preço do produto ou serviço.

Nessa mesma linha, quando a empresa decide embarcar num programa de responsabilidade social ou ambiental, é preciso saber que isso pode ser bom para a marca, mas não irá resolver nenhum problema complementar relevante dos clientes.
Dessa forma, os gastos com essas atividades devem sair da verba de propaganda institucional, já que dificilmente a empresa irá conseguir entregar essa conta para os clientes pagarem.

Como dissemos, em igualdade de condições, os clientes até podem preferir comprar das empresas social ou ambientalmente responsáveis, mas não gostam de pagar nada a mais por isso.

Assim, é preciso tomar muito cuidado com os gastos para diferenciar-se da concorrência. É preciso sempre avaliar se esse diferencial vai resolver um problema complementar relevante do cliente ou não.

Diferenciar esses conceitos é muito importante, porque muitas empresas investem muito tempo e dinheiro modernizando o processo e se esquecem de que isso só resolve o problema delas e não dos clientes.

Por outro lado, de nada adianta fazer certo (processo) a coisa errada (produto/serviço), porque, o que os clientes efetivamente compram, são os produtos/serviços para solucionarem os seus problemas.

Por isso, “o que fazer” (estratégia) está, cada vez mais, se tornando o desafio central enfrentado pelos dirigentes de empresas, em especial das empresas que tiveram sucesso no passado e que hoje estão enfrentando dificuldades com a concorrência.

Michael Porter diz que uma empresa só tem uma estratégia quando ela:

          1. Tem uma ‘proposta de valor exclusiva’ (ou, um o ‘quê fazer’ exclusivo) em relação aos concorrentes (ou seja, faz algo efetivamente diferente da concorrência);
          2. Tem uma cadeia de valor diferente e bem moldada (uma infra-estrutura produtiva diferente da concorrência e adequada sob medida ao que a empresa pretende fazer);
          3. Tem ‘tradeoffs’ claros (o que vender) e a escolha do que não vender (abrir mão do que não pode ou não interessa vender, abrir mão do cliente que não interessa);
          4. Tem atividades que se encaixam e se reforçam umas às outras (atividades afins);
          5. Tem continuidade estratégica (não muda o rumo com o tempo); e
          6. Aperfeiçoa continuamente a maneira como a estratégia é aplicada (melhoria contínua dos processos mapeados para se tornar eficiente – aqui entra o ‘como fazer’).

 
 
 
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