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Um país que não aprende
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A tragédia com o Airbus da TAM é uma mostra do que o
Brasil tem de pior - a incapacidade de extrair lições
para evitar que os erros se repitam
Por Ângela Pimenta, Fabiane Stefano e Roberta Paduan
para a revista Exame.
Inépcia, irresponsabilidade, covardia, descaso, falta de
liderança, preguiça, incompetência -- ainda atordoados
pelo maior acidente da história da aviação civil
nacional, os brasileiros estão à cata de palavras
capazes de explicar as causas do segundo desastre aéreo
em solo local em menos de dez meses.
Uma espécie de filme macabro parece ter entrado em
cartaz desde que o Airbus da TAM chocou-se com um prédio
da mesma empresa no dia 17, em São Paulo, matando cerca
de duas centenas de pessoas -- um filme que desfila, uma
a uma, algumas das piores mazelas do país.
Desde o acidente, autoridades, executivos envolvidos e
especialistas buscam explicações e culpados para a
tragédia. Não se sabe hoje quanto tempo levará para que
apareçam as conclusões técnicas do que ocorreu naquela
terça-feira, 17 de julho.
Mas algumas coisas ficaram claras a partir do momento em
que o Airbus explodiu. Vivemos num país que não se
importa e não aprende com os próprios erros.
Ao contrário, insiste em repeti-los como se a conta por
isso jamais fosse cobrada. É isso o que explica o
festival de barbáries assistido após a tragédia -- da
omissão do Planalto aos gestos obscenos do assessor
presidencial Marco Aurélio Garcia ao pressupor que o
governo havia escapado da responsabilidade; da falta de
transparência nas informações ao caos progressivo nos
aeroportos de todo o país.
Há quase dez meses, quando um Boeing da Gol se chocou no
ar com um jato Legacy e provocou a morte de 154 pessoas,
os brasileiros enfrentam um calvário para embarcar em um
avião, um ato corriqueiro em qualquer país minimamente
civilizado.
Uma crise aberta envolvendo controladores de vôo, classe
que tem se especializado em emparedar o governo,
desnudou a baderna que tomou conta do setor.
Publicamente, o presidente Lula exigiu de seus
subordinados "data e hora" para o fim do caos. Chegou a
dar 24 horas para que soluções fossem encontradas. As 24
horas transformaram-se em meses de apagão, administrados
pelas mesmas pessoas de sempre.
Mesmo sem oferecer soluções, as autoridades encarregadas
do sistema de tráfego aéreo mantiveram emprego e status.
A crise que expõe o Brasil ao ridículo perante o mundo
foi empurrada com a barriga e virou piada de mau gosto
de ministros, diante do crescimento da economia e das
pesquisas de opinião pública que insistiam em afirmar
que a inoperância dos aeroportos só afetava parte da
classe média.
Foi necessária a morte de 200 pessoas frente às câmeras
de TV para que Brasília percebesse (e aqui cabe uma
interrogação) a gravidade da situação da infra-estrutura
brasileira e saísse atabalhoadamente em busca de
soluções de emergência.
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Continuação do
artigo >
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