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Como ganhar dinheiro no meio
dessa Guerra de Preços
(4ª parte)
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Toda empresa precisa saber o quanto
custa conquistar um cliente para comparar esse valor com
o valor atual do cliente para ver se esse investimento
na conquista dele vai dar lucro ou prejuízo.
Para isso, é preciso somar todos os gastos
mensais com o marketing, conforme descrito acima (os
gastos eventuais devem ser somados e divididos por 12
para se apurar o valor médio mensal) e dividi-los pela
quantidade de clientes novos conquistados por mês, para
se chegar ao custo de marketing por cliente conquistado.
A seguir, um exemplo com números aleatórios de
uma empresa de alarmes monitorados:
Custo total
mensal com salários, comissões, encargos e
benefícios de todo tipo e de todo o pessoal
envolvido com vendas, seja de que
departamento for.
(considere
os encargos como sendo igual a 100% da
remuneração total) |
R$ 12.000,00 |
Custo total
mensal com materiais de propaganda de todos
os tipos, como folders (média mensal),
anúncios, etc.; material de vendas; cursos e
treinamentos de todos os tipos (média
mensal); etc. |
R$ 3.000,00 |
Custo dos
equipamentos comodatados (R$ 400,00 x 50
clientes novos conquistados por mês) |
R$ 20.000,00 |
Custo das
instalações grátis - mão-de-obra mais
materiais (R$ 150,00 x 50 clientes) –
valores subestimados. |
R$ 7.500,00 |
Diferença no
valor do aluguel de imóvel em local visível
(propaganda) |
R$ 1.500,00 |
Juros do
dinheiro aplicado em reformas para deixar o
imóvel mais atraente com o objetivo de
conquistar novos clientes |
R$ 1.000,00 |
Diversos |
R$ 1.000,00 |
TOTAL |
R$ 46.000,00 |
Clientes
conquistados por mês |
50 |
Custo de
marketing por cliente conquistado |
R$ 920,00 |
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Agora, é preciso confrontar esse custo de conquista do
cliente pelo valor atual dele para ver se valeu à pena
ou não o investimento na conquista.
Suponha, só para argumentar, que a empresa vendeu
um contrato de monitoramento por uma média de R$ 70,00
mensais.
É claro que isso não é lucro. É receita. Então,
será preciso deduzir-se desse valor o custo mensal de
atendimento de cada cliente, ou o custo de servir o
cliente.
Para se chegar ao custo de servir o cliente é
bastante simples: somam-se todos os custos do
departamento de monitoramento (mas todos mesmos,
inclusive os encargos trabalhistas diferidos – aqueles
que serão pagos no futuro); mais todos os custos do
departamento de pronto atendimento (mas todos mesmos,
inclusive a depreciação das viaturas); todos os custos
do departamento de manutenção, quando grátis); os custos
de faturamento e cobrança; etc. e divide-se pela
quantidade de clientes monitorados na Central de
Monitoramento.
Se o desejar, siga o link para ler o nosso artigo
‘Quanto
custa conquistar e manter clientes’
Supondo, só para argumentar que se chegue a um
valor de R$ 50,00 por mês o custo de servir um cliente
de monitoramento de alarmes. Então, esse novo cliente
vai deixar uma margem de contribuição de R$ 20,00 por
mês.
Mas, dos R$ 70,00 há que se retirar o ISS, a
COFINS, o PIS, a CPMF (toda cobrança é bancária), o
IRPJ, a CSLL, etc. Como essas taxas variam em função do
sistema tributário de cada cada empresa e da cidade onde
se situa, vamos tomar uma taxa total de 8% só para
argumentar.
Nesse caso, estamos falando que sobre os R$ 50,00
há que se acrescentar mais R$ 5,60 (8% de 70,00) e assim
ficamos com uma margem de contribuição líquida de R$
14,40 (70-55,60).
Mas isso, obviamente, não é lucro. É uma margem
que irá contribuir para, primeiro pagar os chamados
custos indiretos ou administrativos e só depois que o
faturamento global ultrapassar o ponto de equilíbrio ou
break even point, é que essa margem se transformará em
lucro.
Agora, os clientes não são para sempre. Eles
mudam de operadora de celular, mudam de agência de
propaganda, cancelam assinaturas de jornais e revistas,
mudam de empresa de segurança, de empresa de limpeza,
etc.
Mas, eles têm uma vida média esperada que é dada
pela taxa de perda de clientes.
Por exemplo: se a empresa tiver uma taxa de perda
de clientes de, digamos 1,5% ao mês, isso nos diz que a
vida média dos clientes será de pouco mais de cinco anos
ou 65 meses.
Então, a empresa espera arrecadar R$ 14,40 por
mês durante 65 meses, ou R$ 936,00 ao longo de toda a
vida média esperada de cada cliente.
À primeira vista, a empresa estaria recuperando
os R$ 920,00 gastos para conquistar o cliente e ainda
teria uma sobrinha de R$ 16,00 de margem de contribuição
de cada um dos 50 clientes para ajudar a cobrir as
despesas administrativas, etc.
Mas, infelizmente, isso é só à primeira vista,
porque o dinheiro tem custo no tempo.
A empresa está desembolsando hoje R$ 920,00 na
conquista de cada cliente e só irá receber R$ 936,00 em
65 meses.
Dessa forma, se ao invés da empresa aplicar os R$
920,00 na conquista de um cliente novo, ela os aplicasse
a juros de 1% a.m. para receber a amortização mais os
juros em 65 parcelas fixas, ela iria receber por mês o
equivalente a R$ 19,32 por mês ou R$ 1.255,60 em todo o
período.
E, R$ 19,32 é um valor maior que R$ 14,40 que ela
iria receber do novo cliente. Isso nos diz que se ela
aplicasse o dinheiro a juros de 1% ao mês faria um
melhor negócio já que teria um retorno R$ 319,60 maior
que o retorno obtido na conquista de um novo cliente
(1.255,60 – 936,00).
Vejamos a mesma coisa de outra maneira: trazendo
aquele fluxo de receita de R$ 14,40 por mês para o dia
de hoje, aplicando-se uma taxa de desconto também de 1%
ao mês, resultaria num valor atual de R$ 685,82,
portanto bem inferior aos R$ 920,00 gastos na conquista
de cada cliente.
Mas, a conta a ser feita é um pouco mais
desagradável.
Afinal, estamos supondo que os clientes irão
permanecer em média, exatos 65 meses; que irão pagar a
mensalidade direitinho no final de cada mês; que não
haverá inadimplência; que nenhum cliente vá entrar com
uma ação indenizatória contra a empresa por eventuais
furtos ao seu patrimônio por falha no sistema; etc.
Infelizmente, como esses riscos existem e, em
maior ou menor escala acontecem para todas as empresas,
então será preciso acrescentar-se àquela taxa de juros
de 1% ao mês, mais uma taxa de risco de no mínimo 1% ao
mês também. Do contrário seria melhor aplicar os R$
920,00 a juros de 1% ao mês.
Mas, isso ainda não é tudo. Aplicar o dinheiro a
juros não dá trabalho. Já, aplicar em clientes de
alarmes monitorados dá um trabalhão danado... |
Então, é preciso acrescentar-se à
taxa de juros e à taxa de risco, também, pelo menos mais
1% de taxa de trabalho.
Agora sim, podemos calcular o valor atual desse fluxo de
pagamentos de R$ 14,40 com uma taxa de desconto de 3%
(1% de juros + 1% de risco + 1% de trabalho) e aí,
chegamos a um valor atual de R$ 409,72. Ou um prejuízo
de R$ 510,28 por cliente conquistado (920,00-409,72)!
É claro que tudo seria diferente se a empresa vendesse a
taxa de monitoramento por R$ 100,00 e não por R$ 70,00.
Nesse caso, ela teria uma margem de contribuição de R$
42,00 [100-(50+8) de custo mensal] e um valor atual
desse fluxo de R$ 1.195,02 ou uma margem de contribuição
de R$ 275,02 por cliente conquistado (1.195,02 –
920,00).
Mas, como estamos falando de uma empresa que quer vencer
pelo preço baixo ela teria de vender pelos R$ 70,00 ou
menos (senão não vence pelo preço baixo).
Assim, para vender por R$ 70,00 a taxa de monitoramento
mensal com uma margem de contribuição de R$ 14,40
mensal, a empresa precisaria reduzir bastante todos os
custos de marketing para um valor inferior a R$ 409,72
por cliente conquistado ou a um valor inferior a R$
20.486,08 mensal para tentar ter alguma margem para
cobrir os gastos administrativos e depois, ter lucro.
Como, no exemplo acima ela está gastando R$ 46.000,00
por mês de custo de marketing, então ela precisaria
reduzir em R$ 25.513,92 esse custo mensal para, não
ganhar nada.
Ou seja, teria de abrir mão de fazer o comodato que lhe
está custando R$ 27.500,00 ou da equipe de vendas e
todos os demais custos para aplicar uns R$10.000,00 em
comodato para sobrar alguma coisa.
Agora vamos analisar outro fator muito importante de
custo (escondido) que uma empresa que quer vencer pelo
preço baixo precisa levar em consideração.
Uma empresa que quer vencer pelo custo baixo precisa
tomar cuidado com o valor da co-missão paga aos
vendedores.
É praxe no segmento a empresa dar a primeira parcela do
monitoramento para o vende-dor. Mas, supondo que ele
seja registrado, como corresponde, então ele vai custar
uma parcela mais entre encargos e benefícios. Isto é,
duas.
Retornando ao exemplo acima, se a empresa vende por R$
70,00 a taxa de monitoramento, então o vendedor vai
custar R$ 140,00 (R$ 70,00 x 2).
O raciocínio superficial que se costuma fazer é, eu pago
duas e recebo 65, ou seja, estou pagando 3% de comissão.
Mas, uma empresa que quer vencer pelo preço baixo
precisa elaborar um pouco mais o raciocínio. Senão
vejamos: R$ 70,00 é a receita da qual será preciso
retirar-se os R$ 55,60 de custos. Dessa maneira, como o
valor atual do fluxo de margem de contribuição de R$
14,40 do cliente é de R$ 409,72, a empresa está tendo um
custo com a comissão do vendedor de 34% sobre o valor
que ele está, de fato, agregando para a empresa.
Mais precisamente: nesse caso o custo do vendedor
representaria 1/3 da margem de contribuição e muito mais
ainda na margem de lucro, uma vez que essa margem de
contribuição só se transformará em lucro depois de pagos
todos os custos indiretos ou administrativos.
Em outras palavras, no exemplo acima o vendedor estaria
se transformando num sócio privilegiado da empresa, já
que ficaria com a maior parte do lucro sem correr
qualquer risco de prejuízo.
Agora, 65 meses é a média de vida de todos os clientes.
Todavia, quando se separa a taxa de perda de clientes
por vendedor, aí se tem uma visão bem mais nítida,
porque a longevidade do cliente na empresa não é igual
para todos os vendedores. |
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