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Palestra: ‘Crescimento e Sustentabilidade das Empresas’

Palestrante: Prof. Faccin

Introdução

Muitas são as condições necessárias para que uma empresa tenha uma sobrevida indefinida.
Nesta palestra vamos abordar 3 delas que considero essenciais.
  1. Mudar o foco da ‘Liderança a qualquer custo’ para a ‘Rentabilidade por Cliente’;
  2. Especializar-se e aprender a fazer o igual, diferente; e
  3. Adaptar constantemente a atividade da empresa às transformações socioeconômicas e tecnológicas que estão ocorrendo numa velocidade sem precedentes.

‘Liderança a qualquer custo’ versus ‘Rentabilidade por Cliente’

Um importante estudo feito pelos bancos dos Estados Unidos mostrou que no início dos anos 1990 apenas 30%dos clientes eram rentáveis em longo prazo.

Algumas seguradoras achavam-se na mesma situação há poucos anos quando concluíram que, após muitos desastres naturais na Flórida, a ânsia por crescer e conquistar mais clientes, as havia levado à captação de um grande número de clientes em áreas de risco.

Esse estudo promoveu uma mudança radical no marketing dos bancos e das empresas seguradoras e de muitas empresas de outras atividades que deixaram de lado o foco na ‘liderança de mercado a qualquer custo’ para a ‘rentabilidade por cliente’.
Foi devido a essa mudança de foco que os bancos brasileiros passaram a ter lucros fantásticos nesta década.
 

Gráfico Lucros Bancos
 

Apesar de esses estudos terem evoluído muito na última década, só do segundo semestre de 2007 para cá algumas operadoras de celulares começaram a aprender a ter lucro com seus clientes.
No jornal ‘O Estado de São Paulo’ foi publicada uma reportagem sobre os prejuízos das operadoras de celulares.
Apenas no primeiro trimestre’06 o prejuízo em Reais foi de:

Prejuizo operadoras celular primeiro trimestre de 2006
 

Palestra Prof. Faccin Crescimento e Sustentabilidade das Empresas

Prejuizo operadoras celular primeiro trimestre de 2006
 

No segundo trimestre’06 o prejuízo líquido da VIVO foi às alturas: 493,1 milhões de reais e de janeiro a setembro’06, ela já acumulava (sozinha) prejuízo líquido de R$ 869,3 milhões. Haja fôlego!
A pergunta elementar que se faz é: como é possível perder tanto dinheiro num mercado que cresce tão explosivamente?
A resposta, também elementar é: ‘essas empresas privilegiaram o crescimento rápido e a qualquer custo, ao invés de privilegiarem a rentabilidade’.
 
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a competição forte entre as empresas fez com que elas gastassem demais para conquistar e para manter os clientes, o que se refletiu nos balanços.
Por exemplo: nos últimos meses do primeiro semestre’06 a CLARO passou a oferecer celular a R$ 1,00 para ampliar sua base de clientes.
A questão é que, por um lado, esses clientes gastam uma média de R$ 23,00 por mês, e por outro lado, permanecem pouco tempo na empresa.
 
A taxa de corrosão da carteira de clientes das operadoras de celulares gira em torno de 30% ao ano.
Por essa taxa, a probabilidade de um cliente permanecer na empresa um ano é de 70%; de permanecer 2 anos já é de 49% (70%x 70%); e de permanecer 3, apenas 34%.
Ou seja, apenas 1 em cada 3 clientes permanece 3 anos com uma operadora de celular.
 
Pagando pouco por mês, esses clientes deixam uma margem de contribuição mínima mensal (se é que deixam) que multiplicada pelos poucos anos que permanecem na empresa, se torna insuficiente para ela recuperar o investimento feito na sua aquisição.
 
Afora o mercado de celular, o outro mercado que mais cresce no Brasil (motivado pelo brutal aumento da criminalidade) e que não conhece a palavra ‘recessão’, é o da segurança privada, seja ela orgânica ou eletrônica, e o problema é o mesmo: ‘a maioria das empresas de segurança não consegue fazer lucro’.
 
Muitas até acham que estão tendo lucro, mas se quisessem encerrar suas atividades hoje não teriam ativos suficientes para encarar essa empreitada. E isso significa prejuízo!
Novamente, a pergunta elementar que se faz é: ‘Como é possível não ganhar dinheiro num mercado tão extraordinário como esse’?
A resposta, também óbvia é: ’muitas empresas de segurança estão privilegiando o crescimento rápido e a qualquer custo ao invés de privilegiarem a rentabilidade’.
 
Moral da história desta primeira parte:
 
O prejuízo não promove o crescimento e nem sustenta empresa alguma em longo prazo.
Por isso, cliente que dá prejuízo a gente dá para a concorrência. Afinal, se é para dar prejuízo, que dê para a concorrência.
Palestra Prof. Faccin SP

Fórum Empresarial Fenavist 2008 na Exposec - São Paulo, SP
Página. 02

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